Ifood oferece seguro saúde a entregadores e acirra mercado

As polêmicas sobre as jornadas e a qualidade do trabalho ofertado por aplicativos da economia compartilhada, como Ifood, Uber Eats e Rappi, fazem com que as empresas do setor se movimentem em busca de soluções para seus prestadores de serviço.

Mais do que apenas uma melhora na qualidade do trabalho, há também um componente competitivo na oferta de novos benefícios. Na quinta-feira (10), o Ifood anunciou que passará a oferecer seguro de vida e a possibilidade de um plano de saúde aos entregadores do aplicativo.

Ao todo, serão cerca de 70 mil entregadores, enquanto logados no aplicativo, que poderão ser beneficiados com as novas iniciativas, que correspondem a:

  • R$ 15 mil em despesas médicas
  • R$ 100 mil morte acidental
  • R$ 100 mil para invalidez permanente total ou parcial

A empresa afirma que nem entregadores nem consumidores do aplicativo terão despesas a mais por esse suporte.

No início, apenas os prestadores de serviço da Grande São Paulo estão cobertos. O plano, porém, é expandir os benefícios a todos os entregadores do país, mas a empresa não divulgou uma previsão.

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Além da proteção em relação a saúde dos trabalhadores, o Ifood também anunciou uma parceria com o Sebrae-SP para dar treinamento aos entregadores.

Serão aulas de segurança no trânsito, finanças pessoais e de cuidado com os equipamentos.

A polêmica do trabalho na economia compartilhada

Desde o surgimento da chamada “economia compartilhada”, fatores relacionados ao trabalho de entregadores ou motoristas tornaram-se alvos de discussão.

A crise econômica no país – e os mais de 12 milhões de desempregados – forneceram a mão de obra necessária para que os aplicativos crescessem rapidamente.

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No entanto, se por um lado esses trabalhadores encontraram um “bico” para se manter, por outro, muitos afirmam trabalhar jornadas de até 16 horas sem nenhum tipo de benefício além do valor a ser recebido pelas entregas feitas. Muitas vezes, as próprias empresas incentivam esse tipo de comportamento ao fornecer bônus por entregas acumuladas.

No Brasil, as críticas acerca da relação de trabalho entre entregadores e aplicativos se intensificaram após um entregador da Rappi sofrer um problema cardíaco durante uma entrega, em julho.

O jovem não teve auxílio da empresa e acabou morrendo, o que gerou uma série de questionamentos às empresas do setor.

Desde o episódio, tanto Rappi quanto o Ifood iniciaram a implantação de um botão de auxílio para os entregadores dentro do próprio aplicativo.

Neste ano, o próprio Ifood já havia decidido acabar com a política de bônus por entrega. A empresa entendeu que isso incentivava longas jornadas, de acordo com informações passadas por uma fonte para o SUNO Notícias.

Benefício do Ifood não configura vínculo empregatício

A fragilidade das relações de trabalho entre entregadores e aplicativos fez com que surgissem ações judiciais em todo o mundo na tentativa de classificar os prestadores como funcionários das empresas.

O movimento acabaria com o modelo de negócio dessas intermediadoras, que mudaram a forma como as pessoas se relacionam com suas compras. Problemas da chamada nova economia.

A oferta de benefícios, como seguros, a esses prestadores, era um dos possíveis imbróglios jurídicos que as empresas não queriam ter que encarar.

No entanto, de acordo com especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias, ofertar esse tipo de benefício não gera vínculo trabalhista com os entregadores -uma das vantagens competitivas dessas empresas.

“O fato de a empresa disponibilizar esse tipo de vantagem não configura vínculo empregatício. Isso é apenas uma vantagem em relação as demais empresas, na tentativa de proteger e atrair mais prestadores de serviços”, disse Daniel Domingues Chiode, sócio do Chiode Minicucci Advogados.

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Para ele, o anúncio do Ifood vai gerar novas reviravoltas no mercado.

“Com essa vantagem, as concorrentes como Uber e Rappi, por exemplo, devem passar a ofertar [esse tipo de benefício] logo logo, pois o entregador vai optar por trabalhar com quem dá mais benefícios”, completou.

Em setembro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já havia decidido que motoristas que trabalham com o aplicativo Uber Technologies não possuem vínculo trabalhista com a empresa de serviços de carona.

A questão, porém, sempre é levantada com suspeitas por investidores, que temem um aumento considerável nos custos caso as empresas necessitem pagar qualquer direito ao trabalhador.

Uber já oferecia seguro, mas não possui plano de saúde

A Uber já oferece parte dos benefícios que agora chegam ao Ifood desde 2016. Pelo Eats, serviço de entrega de refeições, a companhia norte-americana oferece, sem custos, seguro de vida com cobertura de até R$ 100 mil em caso de acidentes pessoais com morte ou invalidez permanente ou parcial.

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Além disso, também há cobertura de despesas médias e odontológicas, de até R$ 15 mil em forma de reembolso, em apólice assinada pela seguradora Chubb.

Os planos cobrem o condutor desde a ida até o restaurante até a entrega ao consumidor e também não alteram os custos do consumidor final.

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Não há, contudo, plano de saúde ofertado. O que a Uber oferece é um cartão pré-pago, chamado de Vale Saúde Sempre, que oferece descontos em atendimentos médicos e exames laboratoriais aos prestadores de serviço.

A Uber não informou se há algum plano para oferecer plano de saúde aos prestadores de serviço.

Procurada, a rival do iFood, Rappi, não informou se fornece algum tipo de benefício aos seus entregadores.

Vinicius Pereira

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