IDAT: Itaú (ITUB4) cria indicador de atividade econômica diária
O Itaú Unibanco (ITUB4) anunciou, nesta quinta-feira (2), a criação do Daily Activity Tracker (IDAT), indicador que acompanha a atividade econômica do Brasil diariamente.
Segundo a equipe econômica do Itaú, o IDAT vem “suprir às dificuldades geradas pelo distanciamento social” em razão da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), quanto à mensuração dos dados da economia.
Em entrevista coletiva com jornalistas, o economista-chefe do Itaú, Mário Mesquita, e os economistas Guilherme Martins e Júlia Gottlieb, informaram que o indicador tem frequência de mensuração diária, com defasagem de dois a três dias.
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O IDAT irá utilizar informações públicas (como o consumo de energia elétrica), além de dados internos, como informações sobre 330 milhões de transações por mês via cartão de crédito, tanto no setor de bens como de serviços.
Dessa forma, o IDAT possui três componentes: consumo de bens, consumo de serviços e consumo de energia elétrica industrial, averiguados pela Pesquisa Mensal do Comércio, Pesquisa Mensal de Serviços e Produção Industrial Mensal, respectivamente, do banco. Isso traz uma correlação com o Produto Interno Bruto (PIB) Mensal elaborado pela instituição.
Formulação do IDAT e correlação com o PIB
Gottlieb, que apresentou as especificações do indicador, no entanto, ressaltou que a relação diária entre o IDAT e o levantamento do PIB Mensal do banco não é de 1 para 1, mas sim com uma elasticidade de 1 para 0,4 em termos de assertividade.
Segundo os economistas, o indicador está sendo formulado desde 2019 — e ainda será aprimorado, como a inclusão de indicadores setoriais mais detalhados e indicadores regionais –, mas trouxe uma perspectiva sobre a economia brasileira a partir de março, quando os efeitos das medidas de isolamento social em função da pandemia se tornaram mais intensos.
Segundo o levantamento do IDAT, desde a sua criação, a atividade econômica brasileira atingiu o patamar mais baixo em 28 de março, quando caiu para 55 pontos (o ponto de partida, no início de março, era de 100 pontos). Ao passo que as determinações de quarentena passaram a serem flexibilizadas no País, a economia volta a se movimentar, chegando ao patamar de cerca de 80 pontos até a última segunda-feira (29), em uma média móvel de sete dias.
Segundo Mesquita, o IDAT demonstrou que o pior mês para a atividade econômica no ano, provavelmente, será abril, enquanto o pior trimestre será o segundo, entre abril e junho — o Itaú estima que o PIB do período possa cair entre 10% e 11%.
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O economista-chefe do banco salientou, entretanto, que tanto a recuperação dos setores da economia, assim como da atividade nas regiões do Brasil, se mostra heterogênea, e o aperfeiçoamento do indicador trará uma maior dimensão nesse sentido.
Itaú vê política monetária flexível como positiva
Quando perguntado pelo SUNO Notícias se a política monetária mais flexível, praticada pelo Banco Central (BC) nos últimos meses, trazendo a taxa básica de juros da economia (Selic) para o patamar mais baixo na série histórica, tem colaborado para a aparente recuperação econômica desde abril, Mesquita disse sim, mas que “a política monetária opera com uma defasagem grande”.
“As condições atuais da economia refletem as decisões tomadas há seis ou nove meses atrás, mas ajuda, sim. As decisões atuais irão colaborar com a retomada lá na frente”, disse Mesquita.
O economista-chefe lembrou que em março, no início da pandemia, as empresas buscaram empréstimos para reforçar seu caixa em meio à incerteza econômica, e a queda da taxa de juros ajudará as companhias com um menor custo de capital – uma dívida maior, a longo prazo, seria mais prejudicial.
“Essa política monetária também ajuda em certos aspectos do consumo. Algumas empresas do setor de material de construção, até as que trabalham com a produção de ações longos, por exemplo, demonstram uma atividade econômica com maior dinamismo, isso provavelmente ocorre em função de um ambiente de taxa de juros baixa”, ressaltou.
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Na conferência virtual com a impresa, os economistas também disseram que a projeção do Itaú para o PIB brasileiro em 2020 manteve-se inalterada, com uma estimativa de queda de 4,5%.
Mesquita salientou que, de acordo com os últimos dados divulgados pelo BC, o segundo trimestre tem apontado para uma queda de cerca de 8%, “isso, em si, poderia dar um viés positivo”, dada a projeção de baixa de 11%. No entanto, “a gente ainda não superou de forma conclusiva a pandemia”.
“Não dá pra descartar que a gente possa a ter que adotar medidas mais duras de distanciamento social nos grandes centros urbanos, o que coloca um viés negativo”, disse o economista-chefe. Dessa forma, a projeção para a economia brasileira é mantida, e será acompanhada pelo IDAT.