Os riscos políticos do Brasil em 2021 vem aumentando rapidamente. A quase demissão do CEO do Banco do Brasil (BBAS3), André Brandão, o anúncio da troca abrupta do presidente da Petrobras (PETR4) e agora a decisão favorável ao ex-presidente Lula aumentam a percepção de risco do País e devem pressionar ainda mais o Ibovespa, segundo relatório da XP Investimentos.
Após a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, na segunda-feira (8), de anular todos os processos contra o ex-presidente Lula no âmbito da operação Lava Jato, o Ibovespa despencou 3,9%, fechando a 110,611 pontos. A decisão devolve ao petista os direitos políticos, tirando-o do escopo da Lei de Ficha Limpa.
Com possível eleição de Lula em 2022, os investidores temem uma guinada ainda maior do governo atual ao populismo e consequentemente o abandono da agenda liberal e do compromisso com a saúde fiscal do país para angariar votos.
“O mercado passou, dessa maneira, a precificar um cenário de maior polarização nas eleições de 2022. Assim sendo, o risco de medidas e de discursos populistas pelos candidatos pode aumentar daqui até a chegada das eleições no segundo semestre de 2022”, apontou a XP.
Na análise do mercado, esses acontecimentos devem continuar a elevar o prêmio de risco do Brasil.
Ibovespa tende a cair, mas pode oportunidades surgir, diz XP
No ano, o Ibovespa segue entre os índices de Bolsa com a pior performance no mundo, junto com a Argentina, em queda de 16% em dólares. O Real também está com a pior performance no ano de 2021 entre as moedas emergentes, com queda de 10,6%.
Desde o início do ano, haviam entrado R$ 28 bilhões de investimentos líquidos na B3 pelos investidores estrangeiros até o dia 19 de fevereiro — dia do anúncio de troca de comando da Petrobras. Em novembro, os investimentos estrangeiros líquidos somavam R$ 81 bilhões. Porém, desde então, a corretora contabilizou cerca de R$ 15 bilhões de saída de estrangeiros, baixando o saldo positivo para o ano para apenas R$ 12 bilhões, por enquanto.
Com essa movimentações o Ibovespa se assemelha ao ano de 2016, quando Dilma Rousseff era presidente.
Na análise da corretora, caso o mercado brasileiro siga precificando um aumento de prêmio risco, há espaço para novas quedas de preço. Mas, a bolsa brasileira, segundo análise da XP, já está bastante descontada tanto em relação ao mercados desenvolvidos quanto aos emergentes, “o que pode ajudar a segurar essa correção”.
Além disso, empresas de qualidade tendem a sofrer nessas correções, que pouco tem a ver com o fundamento das companhias. “Por enquanto, mantemos nosso target para o Ibovespa em 135.000 pontos para o final do ano, mas seguiremos atentamente os próximo acontecimentos”, concluiu a XP.
Hoje, por volta das 11h, o Ibovespa apresenta queda de 0,23%, a 110.357,61 pontos.