Ibovespa: XP revisa pontuação alvo para perto de 150 mil pontos; veja os motivos
A XP Investimentos ajustou a pontuação alvo do Ibovespa para 149 mil pontos, de 142 mil anteriormente, em linha com a expectativa por lucros mais altos das empresas. Em fevereiro, o Ibovespa subiu 1,0% em reais e ficou praticamente de lado em dólares. 12 dos 17 setores terminaram o mês positivos, com Bens de Capital, Papel & Celulose e Tecnologia, Mídia & Entretenimento e Telecomunicações liderando os ganhos.
Em novo relatório, os analistas Fernando Ferreira, Jennie Li, Thales Carmo e Julia Aquino, da XP, explicam que atualização acerca da projeção para o Ibovespa em 2024 leva em conta os lucros das empresas, fluxo estrangeiro, o valuation da Bolsa descontado e o fato do Brasil estar à frente de outros países no seu ciclo de flexibilização de juros.
“No acumulado do ano, vimos quase R$18 bilhões em saídas de investidores estrangeiros à medida que as taxas subiram globalmente e investidores realizaram lucros após a forte recuperação da Bolsa no 4º tri. Estruturalmente, no entanto, continuamos a ver o Brasil como bem posicionado entre os mercados emergentes, o que deverá continuar a atrair fluxo estrangeiro“, explicam os analistas.
O mercado estima crescimento de lucros em 16% em 2024 (+31% excluindo as commodities). Além disso, as taxas de juros devem continuar a cair com o processo de desinflação. Com isso, as Small Caps continuam atrativas, e seguem com uma performance inferior ao Ibovespa no ano.
Neste cenário, segundo a XP, o índice P/L (Preço/Lucro) do Ibovespa está atualmente descontado em 8,1 vezes, em comparação com a média histórica de 11 vezes. Sem levar em consideração as commodities, o índice está em 10 vezes, em comparação com a média histórica de 12 vezes.
Ibovespa: mercado global continua pesando sobre ações brasileiras, diz XP
Para a XP, o cenário macro global continuou incerto em fevereiro, sendo o principal catalisador para a saída de capital estrangeiro ao longo desses primeiros dois meses de 2024.
Nos EUA, expectativas do início de um ciclo de corte de juros foram adiadas novamente devido à surpresa positiva nos dados de inflação, um mercado de trabalho apertado e uma atividade econômica ainda sólida.
Estes dados econômicos recentes levaram o banco central americano a sinalizar que não está com pressa para cortar a taxa de juros. Como consequência, a curva de juros americana retornou a níveis acima de 4,0%.
A XP explica que a saída de estrangeiro não altera sua perspectiva para fluxos estrangeiro no Brasil, e enxerga ela como temporária por conta dos seguintes fatores:
- Taxas de juros das Treasuries americanas mais altas;
- Realização de lucros após uma subida forte no Brasil em ao final de 2023
- Um dólar mais forte/moedas de mercados emergentes mais fracas
“O desempenho do Ibovespa nos últimos meses têm sido mais correlacionado com as taxas de juros americanas, enquanto a Bolsa dos EUA não tem mostrado a mesma relação. Na nossa visão, isso é explicado pelos fluxos mais fracos de capital estrangeiro para o Brasil”, afirma a XP.
As ações americanas têm mostrado uma tendência de lucros fortes, o que não é o caso para o Brasil. Quase 80% das empresas do S&P 500 superaram estimativas de lucros no 4T23, comparado com apenas 33% do Ibovespa.
BTG vê ações baratas e Brasil como player-chave em novo cenário global
Em relatório sobre o Brasil e o mercado acionário, o BTG Pactual afirma que o país está posicionado como um beneficiário de longo prazo do novo cenário global, sendo um player-chave na agenda de sustentabilidade, um dos temas internacionais mais importantes do momento. O banco também traçou um perfil das ações do Ibovespa, as quais menciona que estão baratas.
Atualmente, as ações brasileiras estão sendo negociadas a 10,0x o múltiplo preço por lucro (P/L), excluindo Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4). Quando se inclui as blue-chips o múltiplo fica apenas 8x.
Portanto, um preço relativamente baixo em comparação com os lucros que se espera que as empresas gerem nos próximos 12 meses.
De acordo com analistas, o prêmio para manter ações no Brasil está maior do que o normal. “O prêmio para manter ações (medido como inverso do P/L menos as taxas reais de 10 anos) está em 4,3%, um desvio padrão acima de sua média histórica”, cita o BTG.
Além disso, quando comparado às avaliações e retornos das ações locais com outros mercados internacionais, o Brasil se destaca.
“O retorno consolidado das ações brasileiras no Ibovespa de 18,8% é bom e comparável a outros mercados emergentes e globais. O ROE (Retorno Sobre o Patrimônio) é menor do que na Índia (19,3%) e nos EUA (24,8%), mas as avaliações são muito mais baixas. As ações brasileiras estão sendo negociadas a 8x P/L estimado para os próximos 12 meses, em comparação com 21,4x para a Índia e 19,6x para os EUA”, explicam os analistas.