Ibovespa vai subir mais: banco projeta 140 mil pontos para o índice em um ano; entenda
Em relatório divulgado nesta terça-feira (27), o Santander projeta que o Ibovespa pode chegar entre 140 mil a 153 mil pontos em doze meses após o primeiro corte de juros. Neste cenário, o banco acredita que a bolsa brasileira pode estar em estágios iniciais de um Bull Market cíclico com duração de 18 meses.
Hoje, no entanto, o Ibovespa teve sua segunda queda seguida, aos 117,5 mil pontos. Mas o índice da B3 vem de uma sequência de 7 altas semanais consecutivas, chegando aos 120 mil pontos.
“A recente melhora nos dados macroeconômicos e de sentimento de otimismo com um possível corte de juros no segundo semestre deste ano sinalizam que as partes complexas do cenário de investimentos estão começando a se alinhar, criando um quadro mais coerente e promissor para as ações brasileiras no Ibovespa”, afirma a equipe do Santander.
Entre os pontos favoráveis para consolidação desse cenário no Ibovespa, o banco cita que os valuations da bolsa brasileira estão com um desvio padrão abaixo da média histórica de 15 anos, o que resultaria em uma reclassificação diante de um ciclo de corte de juros. “De acordo com nosso estudo, no qual analisamos os 9 ciclos anteriores de flexibilização monetária, o Ibovespa subiu, em média, 21% e 43%,12 meses e 24 meses após o 1º corte de juros, respectivamente.”
Marco fiscal e Ibovespa
Outro ponto é a expectativa de aprovação do novo marco fiscal e a discussão no segundo semestre da reforma tributária que, caso aprovada, pode impulsionar o PIB futuramente.
O banco também aponta que o posicionamento dos investidores locais no Ibovespa ainda é leve, com 62% deles ainda tendo posição de caixa em linha ou acima da média histórica. Além disso, os hedge funds não construíram exposição significativa em ações.
“Os resgates de fundos de ações começaram a diminuir. Acreditamos que, assim que a taxa Selic cair abaixo de 10%, devemos começar a ver entradas significativas de investidores pessoa física em fundos de ações; e as previsões de crescimento do LPA para 2024 começaram a ser revisadas para cima e as revisões devem acelerar assim que o BCB iniciar o ciclo de flexibilização monetária”, afirma analistas do Santander.
Entre os fatores de riscos para a tese, o Santander cita uma desaceleração do crescimento global e queda dos preços das commodities, podendo impactar as contas fiscais e o real. Segundo o banco, outro ponto de atenção risco é a proposta de implantação de impostos sobre dividendos e eliminação do benefício de JCP e os empréstimos subsidiados de bancos estatais. “Se o crescimento do PIB desacelerar significativamente, poderemos ver o Governo Federal usando bancos estatais, como BNDES e a Caixa Econômica Federal (CEF), para reativar o crescimento por meio de empréstimos subsidiados, o que poderia prejudicar bancos privados e empresas.”
Cenário macroeconômico
Para o Santander, o Brasil está mais avançado no processo de desinflação do que os países desenvolvidos. Portanto, deve iniciar o ciclo de flexibilização antes: “Nossa equipe macro acredita que o ciclo de afrouxamento monetário deve começar em setembro, com a taxa Selic encerrando 2023 em 12,50%.”
Em relação à atividade econômica, o banco projeta uma queda nos próximos trimestres como resultado de uma política monetária mais restritiva. Apesar de o bom resultado da produção agrícola [no primeiro trimestre] ter impactado favoravelmente os demais setores, houve tendência de desaceleração nos setores mais cíclicos, no caso dos serviços e da indústria, com destaque para a queda do setor de construção no período”, afirma a equipe macro do Santander.
A recuperação gradual da atividade econômica só deve ser vista em 2024, avalia o banco, devido ao tempo que os cortes de juros farão efeito.
Reforma Tributária: crescimento de 20% no PIB e aumento de produtividade
Segundo o Santander, caso aprovada, a reforma tributária poderá gerar um PIB potencial 20% maior após 15 anos, com 70% desse impacto refletindo no aumento de produtividade e na taxa de investimento.
“A reforma tributária deve levar 3 pontos em consideração, a nosso ver: tributação de bens e serviços (efeito positivo sobre a produtividade); tributação da folha de pagamento (impacto positivo no emprego e formalização); tributação da renda (impacto positivo na atração de investimentos).
Ibovespa cai aos 117,5 mil pontos, após ata do Copom
O Ibovespa fechou a sessão de hoje (27) em queda de 0,61%, aos 117.522,87 pontos, depois de registrar a mínima de 116.561,04 pontos, enquanto a máxima foi de 119.211,58 pontos, com dia mais volátil em meio a divulgação da prévia da inflação (IPCA-15) e da ata do Copom. O volume financeiro diário somou R$ 25,2 bilhões.
A suave ata do Copom e o desempenho positivo dos índices em Nova York não foram o suficiente para impedir o segundo dia de recuo do Ibovespa, em sessão na qual Vale (VALE3) fechou com alta de 1,20% foi a principal exceção entre as ações de maior peso na referência da B3. Contudo, o índice conseguiu moderar perdas em relação ao início da tarde
Na semana, o Ibovespa acumula perda de 1,22% nessas duas primeiras sessões, colocando os ganhos do mês a 8,48%. No ano, o índice sobe 7,10%.