O Ibovespa abriu em alta nesta segunda-feira (16) e atingiu o maior patamar desde 29 de julho. Após o início das negociações, o maior índice acionário da Bolsa de Valores de São Paulo (B3) chegou a 106.626 pontos, com uma alta de pouco mais de 1%, impulsionado por informações sobre vacinas que possam combater o novo coronavírus (Covid-19).
O mercado brasileiro tem sido influenciado por fatores externos, como o resultado nas eleições presidenciais nos Estados Unidos, vencidas pelo democrata Joe Biden. Logo após a vitória do opositor de Donald Trump, o S&P 500 atingiu sua máxima histórica, fazendo com que o Ibovespa fechasse em alta de 2,57% na última segunda-feira (9).
O pregão daquele dia também foi estimulado por informações sobre a vacina da Pfizer e da BioNTech, que é capaz de prevenir a doença em mais de 90% dos pacientes sem evidência de infecção prévia. A notícia foi divulgada pelas farmacêuticas como um “grande dia para a ciência e para a humanidade”.
Já nesta segunda-feira, segundo informações divulgadas pela Moderna, a eficácia de sua vacina contra o coronavírus é de 94,5%. A análise foi baseada em 95 pacientes, sendo que 90 dos voluntários receberam placebo e cinco restantes a vacina.
“A análise preliminar sugere um perfil de segurança e eficácia amplamente consistente em todos os subgrupos avaliados”, diz um trecho da nota da farmacêutica. A companhia agora deverá solicitar ao Food and Drug Administration, órgão regulador de saúde nos Estados Unidos, a autorização para o uso emergencial nas próximas semanas.
Os investidores continuam digerindo o avanço da doença no Hemisfério Norte. Foram registrados mais de 1 milhão de casos do coronavírus nos Estados Unidos na semana passada, incluindo mais de 133 mil no último domingo (15), com o total nacional ultrapassando 11 milhões. O país estabeleceu um recorde de hospitalizações, com 69.987 relatadas ontem, segundo o Covid Tracking Project.
Entretanto, os mercados, mesmo de olho no avanço da pandemia, continuam com a tendência de alta após a definição das eleições nos Estados Unidos. A expectativa por uma vacina sustenta o otimismo dos investidores, que aguardam por uma normalização da atividade econômica em todo o mundo.
Riscos para o Ibovespa
No front interno, o risco fiscal no Brasil ainda chama atenção. No fim do mês passado, o Tesouro Nacional disse que dívida pública brasileira atingirá, neste ano, 96% do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o órgão do Ministério da Economia, a a dívida bruta do governo geral (DBGG) deverá ficar por volta de 99,1% entre 2021 e 2029, ao passo que é discutida a renovação do coronavoucher, auxílio emergencial criado para sustentar famílias e desempregados em meio à pandemia.
Nesse sentido, também preocupa o avanço da inflação no País. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,86% em outubro, o maior resultado para o mês desde 2002, quando o indicador foi de 1,31%. Nesta segunda-feira, o Boletim Focus voltou a elevar a previsão para a inflação de 2020 — a 14ª semana consecutiva.
No ano, a inflação acumulou alta de 2,22% e em 12 meses atingiu 3,92%, acima dos 3,14%. Vale lembrar que a meta para este ano é de 4%. Com a taxa básica de juros da economia (Selic) a 2%, o governo tem encontrado dificuldades em se financiar.
O Ibovespa ainda opera com uma queda de de 11% neste ano, embora esteja no mesmo patamar de 12 meses atrás. A máxima histórica da Bolsa brasileira foi registrada em 23 de janeiro deste ano, a 119.527 pontos.