Na última sexta-feira (22), o Ibovespa encerrou em queda de 0,88%, aos 127.027,10 pontos, não conseguindo manter o impulso de alta visto na Super Quarta. Na semana, o ganho acumulado do índice ficou em 0,23%.
Contudo, a Bolsa de Valores não manteve o movimento de alta do meio da semana, segundo Anderson Silva, da GT Capital.
A redução da taxa de juros no Brasil não foi suficiente para atrair investimentos para o mercado de ações, já que o país ainda possui uma das maiores taxas de juros reais. “Além disso, a discussão sobre a taxação dos dividendos pelo Ministério da Fazenda aumentou a incerteza entre os investidores, resultando em uma semana de poucas mudanças”, aponta Silva.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) decidiu manter sua taxa básica inalterada, e projeções mostram que parte dos membros do Fed ainda prevê três reduções na taxa até o final do ano. No entanto, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que o momento dessas reduções depende da confiança de que a inflação continuará a cair para a meta de 2% em uma economia em crescimento.
O mercado encarou esse discurso como mais dovish, mesmo não indicando quando o Fed deve cortar os juros. Durante o discurso, Powell disse mais uma vez que a política monetária se encontra em seu pico. A partir disso, as apostas para a realização do primeiro corte dos juros dos EUA apontam para junho.
Por aqui, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou a sexta redução consecutiva da taxa Selic. Com o corte de 0,5 p.p divulgado hoje, a taxa básica de juros caiu para 10,75% na segunda reunião do ano do comitê do BC.
O BC prevê apenas mais uma queda de 0,5 pp – não outras quedas da mesma magnitude, justamente a maior dúvida do mercado sobre o comunicado do BC. Ainda há uma preocupação com a inflação entre os membros do comitê de política monetária.
O mercado esperava que esse trecho “na próxima reunião em maio” viesse no plural – mas veio no singular. Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, explica: “Acredito que o fato de citarem que esperam mais um corte de juros na ‘próxima reunião’ no singular e não no plural deixa um clima de incerteza do que pode acontecer nas próximas reuniões. Mas também penso que pode ser apenas uma forma de comunicar para que o governo mantenha os objetivos fiscais. Penso que há sim espaço para cortes de mesma magnitude.
Maiores altas do Ibovespa da semana
- Braskem (BRKM5): +25,75%
- Embraer (EMBR3): +14,6%
- Petz (PETZ3): +14,35%
A expectativa em torno da venda da participação da Novonor (ex-Odebrecht) na Braskem impulsionou positivamente os papéis da empresa na semana. As ações encerraram a semana com um aumento significativo de 25,75%, alcançando R$ 27,30.
Sobre a Embraer, os papéis da companhia tiveram um salto após a divulgação de um balanço e projeções fortes, acumulando alta de 14,6% na semana, chegando a R$ 33,55.
Em relação a Petz, o CEO, Sergio Zimerman, aumentou sua participação na empresa para 29,1%, o que é visto como um sinal positivo pelos investidores. Além disso, os rumores sobre uma possível aquisição no setor também impulsionaram os ativos ao longo da semana.
Maiores quedas do Ibovespa da semana
- Casas Bahia (BHIA3): -8,11%
- MRV (MRVE3): -6,55%
- Marfrig (MRFG3): -4,09
Na semana, as ações da Casas Bahia registraram uma desvalorização de 8,11%, chegando a R$ 6,80 antes da divulgação do balanço do quarto trimestre do ano passado, em um movimento que reflete uma aversão ao risco por parte dos investidores.
Já os papéis da MRV despencaram 6,55% na semana, atingindo R$ 7,70 após a divulgação de um guidance fraco.
Por fim, as ações da Marfrig recuaram 4,09% na semana, para R$ 9,62, devido a um movimento de realização de lucros e à suspensão das operações em um dos seus processadores de carne bovina nos EUA, o National Beef Packing Company.
Embraer lidera altas no Ibovespa e alcança R$ 24,7 bi
As ações da Embraer no Ibovespa encerraram o pregão em valorização de 7,93%, negociadas a R$ 33,35, na sexta-feira (22). A alta significativa da fabricante de aeronaves na Bolsa de Valores acontece após o JP Morgan elevar o preço-alvo do papel para R$ 51, impulsionado pelos bons resultados do quarto semestre do ano passado (4T23).
A instituição financeira quase duplicou o preço-alvo, saindo de R$ 28, projetando um potencial de alta de mais de 50% em relação à cotação atual. Os analistas dizem que a revisão de preço-alvo da Embraer é motivada pelo desconto em torno de 25% frente aos pares, assim como pela revisão para cima nos lucros devido a anúncios recentes e perspectivas para os próximos anos.
A valorização das ações da Embraer ocorreu em meio ao otimismo crescente do mercado: a empresa alcançou R$ 24,7 bilhões em valor de mercado, um recorde desde sua entrada no Novo Mercado da Bolsa, em 2006. O destaque foi a encomenda de até 133 jatos pela American Airlines, no início de março, seguido pelos resultados e guidance (projeção) considerados fortes.
O JP Morgan destaca que, apesar do primeiro semestre ser sazonalmente mais fraco, este ano deve ser diferente para a Embraer, com diversos eventos que podem impulsionar os negócios da companhia.
Em alta de 36,51% no mês, a ação EMBR3 acumula uma valorização de 48,95% no ano. O relatório positivo do JP Morgan e do Goldman Sachs, que também elevou o preço-alvo para US$ 35, indicam potenciais de valorização de 65% e 41,5% ante o fechamento de quinta-feira, 21, segundo informações divulgadas pelo Estadão.
Para os dois bancos, o valuation da Embraer continua atraente, com o valor da empresa em 7,2 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) esperado para este ano, apesar de estar abaixo do nível histórico, de cinco anos, de 8,3 vezes. O banco aumentou suas estimativas de Ebitda para 2025, refletindo perspectivas positivas para a Defesa e a encomenda da American Airlines (AALL34).
Selic: a cada 1% de queda, são mais 1.700 pontos no Ibovespa diz XP
Os especialistas levantaram dados de ciclos de cortes de juros anteriores e apontam que, na média, a cada 1% de queda na Taxa Selic o Ibovespa se valoriza 1.700 pontos. Em relatório, eles destacam que nos 6 ciclos de corte da taxa Selic durante o período analisado, o Ibovespa teve valorização em todos eles, uma média de 38%.
“É claro que a taxa Selic não é a única — ou a mais importante — determinante dos rumos para o índice Ibovespa. Recentemente, o macro global tem ganhado bastante relevância, afetando ações brasileiras principalmente pela saída do capital estrangeiro no ano de 2024″, diz a XP.
A XP ainda cita três pontos para seguir otimista com a bolsa:
- O retorno dos fluxos de capital
- O valuation do Ibovespa continua muito descontado comparando com a média histórica e seus pares globais
- O ciclo de corte de juros ainda tem espaço para continuar, podendo impulsionar o Ibovespa