O Ibovespa encerrou a sessão desta quinta-feira (25) com uma valorização de 0,28%, aos 128.168,73 pontos. A pontuação do índice de ações registrou a mínima de 127.803,05 pontos e uma máxima de 128.696,68 pontos. Já o volume financeiro diário somou R$ 19,8 bilhões.
O resultado do Ibovespa coloca os ganhos da semana até aqui em 0,42% que, preservados amanhã, podem constituir a primeira progressão do ano. No agregado das três semanas inaugurais de 2024, o índice da B3 apenas caiu, colocando as perdas do intervalo, até a última sexta-feira, em 4,88%. Agora, cede 4,48%, contido ainda pela fraca perspectiva de demanda chinesa por commodities e, também, pela postergação das expectativas de corte de juros nos Estados Unidos, de março para maio.
A combinação de PIB bem acima do esperado no quarto trimestre nos Estados Unidos – em alta de 3,3%, ante mediana de projeções a 2% para o período – e de núcleo da inflação ao consumidor pelo PCE (métrica preferida do Fed) em desaceleração a 2% ao ano no mesmo intervalo deu suporte a que os investidores voltassem a comprar ações moderadamente, no Brasil e no exterior, nesta quinta-feira.
O cenário de que a economia americana continua resiliente ao prolongado período de juros altos, e de que a inflação enfim parece convergir para a meta do BC dos Estados Unidos, dá suporte adicional ao apetite por risco desde o exterior, no momento em que ações de tecnologia já surfavam o entusiasmo da IA, em Nova York.
O Ibovespa hoje terminou em linha com as Bolsas de Valores de Nova York, que também fecharam o dia em alta.
- Dow Jones: +0,64%, aos 38.049,13 pontos;
- S&P500: +0,53%, aos 4.894,16 pontos;
- Nasdaq: +0,18%, aos 15.510,50 pontos.
Bolsa perde fôlego com a Vale, mas resiste com a Petrobras
Do meio para o fim da tarde, contudo, como ontem o Ibovespa perdeu fôlego, e mais uma vez por causa de Vale (VALE3), a ação de maior peso no índice e entre as que mais recuaram no fechamento desta quinta-feira. Até o meio da tarde, Vale ON cedia em torno de 1,5%, e aprofundou a correção com a notícia de que a Justiça Federal condenou a mineradora, a BHP e a Samarco a pagar multa de R$ 47,6 bilhões como indenização por danos morais coletivos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Hoje, faz cinco anos da ruptura de outra barragem ligada à Vale, a do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).
A mineradora brasileira é sócia da BHP na Samarco, que explorava a mina de Mariana – cabe recurso da decisão. O juiz federal substituto Vinicius Cobucci determinou que os recursos da multa sejam destinados a um fundo administrado pelo governo federal para ser aplicado nas áreas impactadas pelo rompimento.
A Vale, por sua vez, emitiu um comunicado dizendo que não foi notificada sobre a decisão judicial noticiada na imprensa referente a essa condenação.
Além das dúvidas sobre o nível de preços da commodity e da demanda chinesa pela matéria-prima – somadas agora a uma multa bilionária recomendada pela Justiça -, a gestão da empresa segue sob os holofotes do mercado, com a expectativa para a definição, na próxima semana, da permanência ou não de Eduardo Bartolomeo no comando da companhia.
Outro assunto que repercutiu entre os investidores das ações da Vale foi a indicação de Guido Mantega ao comando da companhia.
Hoje, em post na rede social X, a presidente do PT, Glesi Hoffmann, entrou na discussão. Ela argumentou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega – que estaria sendo defendido para o comando da Vale pelo presidente Lula por intermédio do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em contatos com acionistas de referência – é um bom nome para o conselho de administração. O cenário de Mantega com assento inicial no conselho da mineradora, e de que Bartolomeo continue por um tempo na presidência executiva, é o que prevalece até agora, no mercado.
Apesar do minério de ferro ter fechado em alta na Bolsa de Dalian, as ações da Vale (VALE3) perderam 2,20% hoje (25).
Nesta quinta-feira de feriado municipal em São Paulo, o Ibovespa andou pouco, e sem tropeços até que o noticiário sobre a Vale voltasse a assustar os investidores. Quase no fim da sessão, o índice chegou a mostrar perda de 0,01%, na mínima do dia aos 127.803,05, tendo chegado no melhor momento, mais cedo, aos 128.696,68 pontos – de toda forma, uma variação estreita, de menos de 900 pontos, entre o piso e o teto do dia.
As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras (PETR4/PETR3) ajudaram o Ibovespa a resistir à queda, fechando o pregão com fortes ganhos de 3,70% e 4,64%, respectivamente.
As ações da Petrobras dispararam nacompanhando a alta do petróleo no exterior. O petróleo WTI registrou um ganho de 3,12%, cotado a US$ 77,43, enquanto o petróleo Brent teve uma valorização de 3,09%, com o preço de US$ 82,52.
A principal alta de alta hoje (25) foram as ações do Magazine Luiza (MGLU3), que dispararam 7,81%.
Diante da notícia de que a Gol (GOLL4) entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, suas ações tiveram perdas de 3,16%. A Azul (AZUL4), por outro lado, foi a 2º maior alta, com +6,03%.
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Maiores altas do Ibovespa
- Magazine Luiza (MGLU3): +7,81%
- Azul (AZUL4): +6,03%
- Assaí (ASAI3): +4,87%
- Petrobras ON (PETR3): +4,64%
- Petrobras PN (PETR4): +3,70%
Maiores quedas do Ibovespa
- Yduqs (YDUQ3): -4,41%
- Gol (GOLL4): -3,16%
- GPA (PCAR3): -2,61%
- Vale (VALE3): -2,20%
- Hypera (HYPE3): -1,93%
O que movimentou o Ibovespa hoje?
No quadro mais amplo, o desempenho das bolsas mundo afora foi favorecido, hoje, pela boa leitura do PIB americano, acompanhada por inflação em arrefecimento, no momento em que os agentes de mercado já tinham colocado na conta de que os juros americanos vão demorar um pouco mais para cair – provavelmente, não antes de maio. “O Fed tem mantido a perspectiva de que sua ação sobre juros dependerá do comportamento dos dados econômicos, mas a leitura de hoje sobre o PIB, com a atividade ainda aquecida nos Estados Unidos enquanto a inflação mostra arrefecimento gradual, ajudou as bolsas”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.
Com a agenda macro doméstica relativamente esvaziada nesta quinta-feira, os negócios acabaram sendo direcionados pelos sinais sobre os juros no exterior: na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu, pela manhã, manter a orientação da política monetária e o nível atual das taxas de referência no bloco.
Em nota, Robert Schramm-Fuchs, gestor de portfólio de ações europeias na Janus Henderson Investors, avalia que o resultado da reunião deste mês do BCE é positivo para o mercado de ações – e vê possibilidade de cortes nas taxas de juros pelo Banco Central Europeu em abril; antes, portanto, do que o mercado tem precificado recentemente para os juros do Federal Reserve, nos Estados Unidos. Ele menciona a desaceleração da inflação anualizada na zona do euro, e antecipa que a inflação deve atingir a meta de 2%, do BCE, no segundo semestre.
O dia foi também de anúncio de novos dados de seguro-desemprego nos Estados Unidos e do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O PIB dos EUA teve um crescimento de 3,3% no quarto trimestre de 2023 (4T23), superando o teto das projeções de especialistas consultados pelo Broadcast, que era de 1% a 2,8%.
Já os pedidos de auxílio-desemprego aumentaram 25 mil na semana encerrada em 20 de janeiro, totalizando 214 mil. Os especialistas que foram ouvidos pela FactSet estimavam 200 mil pedidos.
Diante disso, a sessão foi de alta para as principais Bolsas de Valores dos Estados Unidos, assim como para o Ibovespa.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou o pregão desta quarta-feira (24) em queda de 0,35%, aos 127.815,70 pontos.
Com Estadão Conteúdo