O Ibovespa fechou o primeiro trimestre de 2024 (1T24) com uma queda de 4,53%, o que levou a um aumento no sentimento de cautela em relação à Bolsa por parte dos investidores, aponta a XP Investimentos.
Segundo uma pesquisa feita pela casa, o sentimento em relação à Bolsa de valores tornou-se mais cauteloso, com 64% dos participantes dando nota 7 ou mais (em uma escala de 0 a 10) sobre o atual cenário. O número representa uma queda de 12% em relação ao mês anterior.
A média das respostas foi de 6,9, abaixo dos 7,3 da pesquisa anterior. Em relação às projeções do Ibov, a média apontou para uma estimativa de 134 mil pontos do índice Ibovespa até o final do ano, abaixo das estimativas de 138 mil pontos em março e 136 mil pontos em fevereiro.
“A porcentagem dos que apontaram o Ibovespa abaixo dos 120 mil pontos ao fim de 2024 aumentou em 4 p.p., atingindo 11%. E os que indicaram estar bastante otimistas (acima de 140 mil pontos), caiu de 41% para 27% nessa última pesquisa”, afirma a research.
Além disso, com a queda do índice brasileiro em março, a XP viu uma nova queda (-12 p.p. M/M) na intenção dos clientes de aumentar a exposição à renda variável, que agora se encontra em 46%.
No atual cenário, os clientes da XP passaram a preferir os setores Financeiro e de Petróleo & Gás. Ademais, o interesse pelo setor de Mineração & Siderurgia teve grande alta. Por outro lado, setores mais voláteis e sensíveis aos juros como Saúde, Educação e Transportes, são os menos preferidos.
Ibovespa: risco fiscal brasileiro continua sendo o foco dos assessores, diz XP
De acordo com dados da XP, as preocupações com uma política monetária mais apertada nas economias desenvolvidas subiu significativamente em 6 p.p. na base mensal, alcançando o segundo lugar da pesquisa dentre os maiores riscos para a Bolsa brasileira.
Em relação aos fatores que aumentariam o apetite de risco, o início do ciclo de corte de juros nos EUA foi o mais apontado pelos respondentes.
Já a política fiscal no Brasil continuou apontada como a principal preocupação pelos assessores, mas caindo de 47% para 39%.
Interesse por Fundos Imobiliários volta a aumentar, mostra XP.
Em abril, o interesse pelos Fundos Imobiliários aumentou em 7 pontos percentuais em relação ao mês anterior, ampliando sua liderança em comparação com outras classes de ativos.
Por outro lado, o interesse em ações diminuiu 9 pontos percentuais, intensificando a queda observada no mês anterior.
O interesse em renda fixa permaneceu estável, não apresentando variação em relação ao mês anterior, e assim, voltou a ocupar o segundo lugar no ranking de ativos mais procurados.
Vale ressaltar a queda no interesse por investimentos internacionais (-5 pontos percentuais em relação ao mês anterior) e a estabilidade no interesse por criptoativos, que não apresentou variação.
Por que o Ibovespa cai na contramão do exterior em 2024?
Em março, o Ibovespa acumulou queda de 0,71%, na contramão das bolsas dos Estados Unidos, que renovaram recordes de fechamento ao longo do mês e tiveram a maior alta trimestral desde 2019. Já o dólar teve alta de 0,86% no mês, a R$ 5,02. Entenda a seguir o explica o recuo da Bolsa brasileira frente ao exterior, assim como os riscos e oportunidades que esse cenário gera.
Conforme a RB Capital Asset afirma em seu relatório ao investidor referente a março, o mês foi marcado pela “continuidade do momentum positivo para ativos de renda variável no exterior, diante de especulações de que o Federal Reserve será capaz de entregar o soft landing esperado pelo mercado”.
Ou seja, a expectativa de que os Estados Unidos serão capazes de fazer uma transição suave em sua economia, passando de um ciclo de aperto monetário para um relaxamento, traz uma tendência positiva para as bolsas.
Por outro lado, o início do corte nos juros americanos era esperado para março, o que acabou por não se concretizar. Esse adiamento, então, contribuiu para uma alta na curva de juros futuros no Brasil.
“A demora para o início dos cortes nos Estados Unidos, em função da força da economia americana, tem contribuído para uma abertura nas taxas de juros tanto aqui no Brasil, quanto lá fora”, explica João Mamede, co-gestor de renda variável da AZ Quest. “A insegurança em relação ao início da queda dos juros nos Estados Unidos vem afastando os investidores estrangeiros do Brasil”, completa Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator.
Com o fluxo secando, é natural que o Ibovespa perca a força observada no final do ano passado. Essa saída do investidor estrangeiro é explicada tanto pela incerteza quanto aos juros nos Estados Unidos, quanto pelo risco fiscal no Brasil.
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