Durante esta semana, o Ibovespa apresentou um aumento de 1,12%, fechando aos 126.526,27 pontos. O período foi marcado pela divulgação de importantes indicadores econômicos, como o PCE nos Estados Unidos e o IPCA-15 no Brasil.
Com o índice fechando a semana no campo positivo, foi superado a sequência negativa das três semanas anteriores, limitando a perda do mês a 1,23%. No ano, o índice da B3 ainda acumula perda de 5,71%. Em porcentual, o avanço desta sexta-feira foi o maior desde 8 de abril (1,63%).
Nesta semana, o Ibovespa apresentou oscilações. Segundo Felipe Bazzo, CEO do transferbank Brasil, na segunda-feira (22), o índice subiu e seguiu a recuperação das bolsas dos Estados Unidos, impulsionado pela alta da Petrobras (PETR4).
Já na terça-feira (23), houve um susto, com o Ibov começando o dia em forte queda, melhorando no início da tarde, mas fechando com uma baixa de 0,34%, interrompendo uma sequência de três altas.
Na quarta-feira (24), o Ibovespa continuou em baixa, fechando com uma queda de 0,33%, mantendo a tendência dos dias anteriores. “Na quinta-feira (25), o Ibovespa também operou em queda, refletindo o desempenho negativo de Wall Street e a alta da curva de juros futura”, informa Bazzo.
Já no último dia útil da semana, o otimismo do mercado local foi impulsionado pela divulgação de dados econômicos favoráveis: no Brasil, o IPCA-15 ficou abaixo das estimativas, enquanto nos Estados Unidos, o PCE veio em linha com as expectativas.
“Alimentado pelo IPCA-15 abaixo do esperado para abril, a Bolsa teve uma alta como há algum tempo não se via. A inflação segue bem comportada no Brasil, mas há sinais um pouco mistos, com o Roberto Campos Neto presidente do BC tendo enfatizado, recentemente, que o movimento de ajuste na política monetária vai depender muito, daqui pra frente, dos dados de fora, especialmente nos Estados Unidos”, diz Felipe Moura, analista da Finacap.
Maiores altas do Ibovespa da semana
- Pão de Açúcar (PCAR3): +11,74%
- Yduqs (YDUQ3): +10,98%
- Cogna (COGN3): +10,15%
Na semana, as ações do GPA lideraram as altas do Ibovespa, com um ganho de 11,74%, impulsionadas por um pregão especialmente positivo na terça-feira (23), com alta de 12%. Os investidores montaram posições em antecipação à possível saída do Casino.
As ações da Yduqs também tiveram um desempenho forte, subindo 10,98%, a R$ 15,57, seguindo um movimento positivo no setor de educação da B3. Um relatório do JPMorgan sugeriu que “o pior parece já ter passado” para as empresas do setor.
Além disso, as ações da Cogna subiram 10,15% na semana, a R$ 2,17, impulsionadas pela decisão do JP Morgan de elevar a recomendação do papel de neutra para compra, devido a uma melhora significativa no fluxo de caixa da empresa. O JP Morgan estima uma geração de caixa para Cogna 3,5x maior em 2024, de R$ 240 milhões.
Maiores baixas do Ibovespa da semana
- Usiminas (USIM5): -20,62%
- Casas Bahia (BHIA3): -12,54%
- Magazine Luiza (MGLU3): -7,14%
As ações da Usiminas também foram pressionadas pela decepção dos investidores com o balanço trimestral do primeiro trimestre de 2024, que teve um lucro líquido 34% abaixo das estimativas.
Por sua vez, os papéis das Casas Bahia cederam 12,54% na semana, encerrando a sexta-feira a R$ 5,44. Esse desempenho negativo foi influenciado pelo avanço dos juros futuros nos primeiros pregões da semana, o que tende a penalizar papéis de varejistas, setor mais sensível aos ciclos econômicos.
Outra varejista que caiu foi o Magazine Luiza, 7,14%, a R$ 1,43, seguindo a tendência do setor.
Segundo Pedro Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital, o movimento de queda do Magalu – assim como de outras empresas do setor – é explicado por alguns fatores. Um deles é a realização de alguns ativos cíclicos, que ainda sofrem com o cenário de juros menos previsíveis.
Além disso, diz o especialista, no caso do Magazine Luiza em específico, o mercado especula que as ações da varejista podem sair do MSCI, índice internacional que reúne ações de todo o mundo, no próximo rebalanceamento que será divulgado em meados de maio.
O que o investidor precisa estar atento nas próximas semanas?
Segundo Coutinho, existe uma perspectiva de recuperação para a Bolsa brasileira. “O que vale observar daqui para frente é a questão do juro americano e o reflexo disso ao redor do mundo”, afirma o especialista.
“Eu acho que um ponto muito importante é saber se esse corte de 0,50% nessa próxima reunião do Copom vai realmente se efetivar, ou se a gente vai ter um cenário um pouco mais conservador de 0,25%. E precisamos também ficar de olho no que vai ser falado nessa decisão”, acrescenta Coutinho.
Além disso, os investidores devem ficar atentos aos principais eventos que influenciarão os mercados. Inclusive, no Dia do Trabalho, uma série de indicadores importantes nos EUA será divulgada.
“Eventos como a Taxa de Desemprego e Inflação ao Produtor no Brasil, o PMI chinês e a Decisão de Política Monetária, juntamente com dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos (ADP, Jolts e Payroll), serão os mais aguardados e estarão no radar”, aponta Costa sobre fatores que podem mexer com o dólar.
Por que o Ibovespa cai na contramão do exterior em 2024?
Em março, o Ibovespa acumulou queda de 0,71%, na contramão das bolsas dos Estados Unidos, que renovaram recordes de fechamento ao longo do mês e tiveram a maior alta trimestral desde 2019. Já o dólar teve alta de 0,86% no mês, a R$ 5,02. Entenda a seguir o explica o recuo da Bolsa brasileira frente ao exterior, assim como os riscos e oportunidades que esse cenário gera.
Conforme a RB Capital Asset afirma em seu relatório ao investidor referente a março, o mês foi marcado pela “continuidade do momentum positivo para ativos de renda variável no exterior, diante de especulações de que o Federal Reserve será capaz de entregar o soft landing esperado pelo mercado”.
Ou seja, a expectativa de que os Estados Unidos serão capazes de fazer uma transição suave em sua economia, passando de um ciclo de aperto monetário para um relaxamento, traz uma tendência positiva para as bolsas.
Por outro lado, o início do corte nos juros americanos era esperado para março, o que acabou por não se concretizar. Esse adiamento, então, contribuiu para uma alta na curva de juros futuros no Brasil.
“A demora para o início dos cortes nos Estados Unidos, em função da força da economia americana, tem contribuído para uma abertura nas taxas de juros tanto aqui no Brasil, quanto lá fora”, explica João Mamede, co-gestor de renda variável da AZ Quest. “A insegurança em relação ao início da queda dos juros nos Estados Unidos vem afastando os investidores estrangeiros do Brasil”, completa Isabel Lemos, gestora de renda variável da Fator.
Com o fluxo secando, é natural que o Ibovespa perca a força observada no final do ano passado. Essa saída do investidor estrangeiro é explicada tanto pela incerteza quanto aos juros nos Estados Unidos, quanto pelo risco fiscal no Brasil.