O Ibovespa fechou em leve alta de 0,06% nesta terça-feira (29), aos 135.092,99 pontos, com giro financeiro de R$ 22,9 bilhões. O resultado acabou distante da máxima intradia de 136.149,74 pontos (+0,84%), quando o índice esteve no maior nível em 7 meses.
Analistas acreditam que o mercado tem se movido pela busca por ativos de maior risco e uma rotação nas carteiras de gestores globais, na esteira do arrefecimento nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China e da possibilidade de que a maior economia do mundo corte juros ainda neste ano.
Inácio Alves, analista da Melver, considera que o índice reduziu os ganhos em relação à manhã porque, naturalmente, passou por um nível de resistência ao se aproximar do pico histórico, acima de 137 mil pontos. Ainda assim, Alves destaca que há uma rotação nas carteiras de gestores globais, com saída de fluxo de mercados mais robustos – principalmente dos EUA – para mercados emergentes, como o Brasil.
Esse movimento se dá principalmente por conta da volatilidade causada por discursos do presidente Donald Trump e por dados fracos da economia americana. O índice de confiança do consumidor nos Estados Unidos caiu a 86 em abril (ante 92,9 em março), ficando abaixo da previsão de queda a 88. Já o relatório Jolts apontou que a abertura de postos de trabalho no país cedeu para 7,192 milhões em março, também abaixo da previsão de 7,48 milhões de vagas no período.
Este apetite já é visto desde o dia 17 de abril entre os investidores estrangeiros. Segundo dados da B3, houve ingresso de R$ 7,6 bilhões na Bolsa em cinco pregões, até o dia 25 de abril (última informação disponível). Para o estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, “a confusão” gerada por Trump em relação à política tarifária acabou introduzindo uma mudança de fluxo global.
Entre as novidades sobre tarifas nesta terça, destaque para Pequim suspendendo a tarifa de 125% sobre as importações de etano dos EUA, segundo reportagem da Dow Jones. Já a Casa Branca anunciou pouco antes do fechamento dos mercados que Trump assinou ordem executiva de tarifas sobre o setor automotivo, que evita efeito cumulativo de tarifas sobrepostas a automóveis e peças.
A Monte Bravo considera ainda que o Ibovespa, na tendência atual, deve estabelecer um novo recorde, à medida que está próximo do pico estabelecido em 28 de agosto de 2024, de 137.469,26 pontos no intradia.
Ibovespa: altas e baixas do dia
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Bolsas de NY fecham em alta de olho em corte de juros
As bolsas de Nova York fecharam em alta, apesar das incertezas sobre as políticas econômicas do presidente Donald Trump, que completou seus cem primeiros dias de governo. As ações repercutiram ainda o rumo dos Treasuries, depois que dados econômicos e sinais corporativos pessimistas reforçaram as apostas em cortes iminentes nas taxas de juros dos Estados Unidos.
O Dow Jones subiu 0,75%, aos 40.527,62 pontos; o S&P 500 avançou 0,58%, aos 5.560,93 pontos; e o Nasdaq teve queda de 0,55%, aos 17.461,32 pontos. “As Treasuries recuaram, diante da expectativa de que o Fed possa considerar um corte de juros na próxima semana, embora ainda haja muitos fatores em jogo”, avalia Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank.
Para Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, o mercado tem tudo para se manter positivo enquanto o cenário de guerra comercial se mantiver incerto. “Os investidores buscam oportunidades com boa simetria de risco e retorno — e o Brasil aparece nessa lista considerando que o IBOV negocia a um P/L de 10,12x e possui alguns ativos bastante descontados em função do impacto das recentes altas da nossa taxa básica de juros“, conclui o analista.
Com Estadão Conteúdo
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