Ibovespa: Santander vê potencial de valorização em 18% do índice em 2024

Em uma live com investidores nesta quinta-feira (06), o Santander (SANB11) apresentou suas perspectivas para o Ibovespa em 2024. O banco revisou o preço-alvo do índice para 145 mil pontos, anteriormente fixado em 160 mil, devido a uma expectativa de juros reais de longo prazo mais elevados. Além disso, os analistas discutiram as novas projeções para o cenário macroeconômico e destacaram os melhores ativos para investimento.

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O Santander ainda vê um potencial de valorização de 18% para o índice Ibovespa. “Atualmente, um título público indexado à inflação oferece um rendimento de aproximadamente inflação mais 6,2%. Nossa expectativa é de que até o final do ano esse rendimento seja em 5,5%. Esse movimento de fechamento da curva de juros reais poderia levar o Ibovespa a fechar em torno de 145 mil pontos”, explica Ricardo Peretti, analista de Renda Variável do Santander.

De acordo com o analista, o banco manteve inalterada a estimativa de lucro das empresas do Ibovespa, prevendo um crescimento médio de 15% em relação a 2023.

“Ainda acreditamos em um cenário de soft landing global (desaceleração gradual) da economia americana e brasileira, baseado na normalização do mercado de trabalho dos EUA e sinais de moderação de algumas atividades. Trabalhamos de um cenário de 65% para que isso ocorra nos EUA e 55% no Brasil, indicando um conforto maior para os BCs cortarem juros”, afirma Peretti.

No entanto, os analistas alertam como risco as eleições americanas que podem “tumultuar” esse processo de aceleração.

Vale ressaltar que o Santander vê o Ibovespa sendo negociado a um valuation descontado de 7,4x P/L ante o histórico de 10,8x. Em termos de fluxo, o investidor estrangeiro acumula vendas líquidas de R$ 35,8 bilhões em 2024, estando próximo ao “neutro” acumulado nos últimos doze meses.

“Qualquer notícia positiva vindo para América Latina ou Brasil pode ser um catalisador para gente ter uma nova entrada de recursos no Brasil”, comenta Peretti.

Ibovespa: temporada do 1T24 foi neutra, diz Santander

No geral, os balanços do 1T24 apresentaram aumento consolidado de 2,7% em receita líquida, o que reflete uma melhora na condição financeira brasileira. Por outro lado o Ebitda contraiu 0,6% e o lucro líquido caiu 1,4% na base anual.

O resultado negativo foi impulsionado por setores ligados a commodities. Os setores mais associados à economia doméstica tiveram melhor desempenho no Ebitda (+12,8%) e lucro líquido (+21,5%)

Para o Santander, o ciclo de lucro das empresas não está piorando, com um cenário altistas em 2025. O banco espera uma recuperação gradual à frente, com atividade econômica aquecida e endividamento da população convergindo para patamares mais baixos.

Revisões macroeconômicas do Santander

Em maio, o Santander publicou um novo relatório projetando o início do corte de juros pelo Federal Reserve para novembro, devido à deterioração da inflação corrente e à demanda doméstica acima do esperado nos EUA. Além disso, o banco atualizou suas projeções para o PIB, a inflação e a Selic no Brasil.

  • Selic para o fim de 2024: 9,75
  • Projeção de IPCA para 2024: 3,4%
  • Estimativa de PIB para 2024: 2% (anteriormente 1,8%)

A redução da Selic foi motivada pelo juros mais altos no cenário global e um mercado de trabalho ainda apertado, com a deterioração das expectativas de inflação no Brasil. Em 2025, a Selic terminal é de 9,75%.

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“É uma estimativa bastante otimista. Se considerarmos a média das previsões dos economistas, o consenso de mercado aponta para mais um corte de 25 pontos-base na Selic, reduzindo-a de 10,5% para 10,25%, e o Banco Central não faria mais cortes até o final do ano. No entanto, aqui no Santander, estamos um pouco mais otimistas. Acreditamos que o Federal Reserve começará a cortar os juros até o final do ano, o que abrirá um pouco mais de espaço para o Banco Central reduzir a Selic para 9,75%”, comenta Peretti.

FIIs: banco estima até R$ 45 bi em captação neste ano

Durante o encontro com investidores, o banco apresentou dados sobre o mercado de Fundos Imobiliários (FIIs). Os analistas estimam que os FIIs possam captar entre R$ 35 bilhões e R$ 45 bilhões em 2024.

Segundo Flavio Pires, responsável pela cobertura de FIIs na área Equity Research do Banco Santander, os melhores porfólios de fundos seguirão entregando bons rendimentos mensais, sem surpresas. Outro ponto é que as cotas dos FIIs seguirão sensíveis, tendo como base o ritmo de queda de juros.

“Os FIIs mais líquidos e que negociam com ágio estão com apetite para Follow-ons e com possibilidade de captações de novos recursos com atuais investidores”, diz Pires.

O banco destacou três FIIs como preferenciais para 2024: TRXF11, VISC11 e BTLG11. O TRXF11 se destaca pela gestão ativa e um yield anualizado atrativo de 10,5%. Já o VISC11 oferece um preço de entrada descontado em 4%. Por fim, o BTLG11 apresenta uma taxa de ocupação de 98% em seu portfólio, além de um bom yield de 9,4%.

Por segmento os Hedge Funds e Híbridos apresentam as melhores rentabilidades em 2024, cerca de 3,89% e 3,78%, respectivamente.

S&P 500 vem surfando na onda da IA

Segundo o Santander, para o S&P 500, os fenômenos microeconômicos estão sendo mais importantes do que a narrativa macroeconômica, com as ações de empresas ligadas a eletrificação e inteligência artificial puxando o crescimento.

Pegando apenas quatro empresas – Microsoft (MSFT34), Google (GOGL34), AWS da Amazon (AMZO34) e Meta (M1TA34) – totalizando planos de investir cerca de US$ 180 bilhões em data centers em 2024.

“Esse investimento adicional, em comparação com o ano passado, adicionará 25 pontos-base ao PIB americano em 2024. Isso representa uma entrada significativa de capital”, diz Guilherme Motta, analista do Santander.

Ações estão descontadas: Vale (VALE3) e mais ações para investir

Para refletir o novo cenário com taxas mais altas, os analistas do Santander detalham algumas mudanças feitas na alocação setorial das ações para investir.

Um dos pontos foi o aumento à exposição de ativos com o foco no potencial de crescimento do valor da empresa. Com isso, aumentou-se o peso das ações da Vale (VALE3) na carteira, “que gostamos devido à perspectiva melhorada para a China.”

Além da Vale, a Totvs (TOTS3) tem uma perspectiva otimista, assim como a Raia Drogasil (RADL3), impulsionadas pela receita e lucros.

As ações da Prio (PRIO3) foram substituídas pela 3R (RRRP3), em razão do processo de fusão com Enauta (ENAT3) e oferece um fluxo de caixa livre (FCF) sólido de 35% para a NewCo.

A preferência do Santander em ações do Ibovespa recai por empresas com crescimento sólido dos lucros e uma potencial reavaliação das valorizações.

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Vinícius Alves

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