Após atingir máximas históricas acima dos 130 mil pontos no final do ano passado, o Ibovespa hoje opera por volta dos 120 mil pontos e parece ter entrado de vez no modo cautela, muito por conta do efeito negativo do risco fiscal brasileiro. Mas o que é isso e como ele impacta a Bolsa brasileira? Entenda a seguir, com o Decodificador de Investimentos da Status Invest Assessoria.
Até o final do mês de maio, a temporada de balanços vinha sendo um dos principais catalisadores do índice Bovespa, que estava sendo, em partes, impulsionado pelos números das principais empresas da Bolsa brasileira.
Com o fim das divulgações de resultados do 1T24, contudo, o Ibov parece ter entrado de vez no modo cautela. Não à toa, o índice já acumula queda de cerca de 9% neste ano, e um dos principais motivos para o mau-humor do Ibovespa, de acordo com os analistas, é o risco fiscal.
Decodificador de Investimentos
Você deve estar se perguntando por que isso é importante. Confira a explicação de André Kalim, assessor na Status Invest Assessoria de Investimentos.
Para este ano, o Governo tinha como meta zerar o déficit. Ou seja, o objetivo era o de que as despesas e a arrecadação do País se igualassem. Já para 2025, a meta era apresentar um superávit de 0,50% do PIB.
Recentemente, contudo, a projeção para 2025 foi alterada para um déficit zero – o que deveria acontecer já em 2024. Para este ano, então, a expectativa do mercado é de que o governo fique longe de equiparar os gastos com as despesas.
Essa mudança fez com que as dúvidas em relação ao cenário fiscal brasileiro voltassem com força. Isso significa que boa parte dos investidores deixou de acreditar nas projeções do governo e, portanto, passou a desconfiar da saúde das contas públicas.
E se o investidor brasileiro desconfia das contas públicas, o investidor estrangeiro, então, mais ainda. Logo, esse cenário afasta a entrada de recursos internacionais no nosso país. Um investidor individual norte-americano ou um grande fundo global vai preferir deixar seu dinheiro na renda fixa dos Estados Unidos, por exemplo, em vez de aplicar no Ibovespa.
É importante lembrar que o Ibov funciona como uma engrenagem. E essa engrenagem precisa de dinheiro – sobretudo do dinheiro estrangeiro – para poder girar. Quando esse fluxo de recursos estrangeiros seca, o Ibovespa perde força.
Outro indicativo do risco fiscal, ou “risco Brasil“, são os contratos de juros futuros, os DIs. Como o próprio nome diz, eles indicam a expectativa do mercado em relação às taxas de juros futuras.
Com a deterioração das expectativas fiscais, é natural que os juros futuros subam. Isso porque o investidor passa a pedir um prêmio cada vez maior para aplicar seus recursos no Brasil, uma vez que entende que o risco dessa aplicação está crescendo.
A Selic, que é a taxa de juros real brasileira, vem em trajetória de queda. Mas, com os DIs disparando, essa redução na taxa já começou a arrefecer, e pode ser que haja uma estagnação. E com os juros altos, menos atrativa tende a ser a relação risco-retorno da renda variável. Ou seja: mais um motivo para o Ibovespa cair.
Entenda como investir nesse cenário
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