Ibovespa recua 1,14% com tensões no Oriente Médio e piora no humor externo; Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) caem. Dólar volta a subir
Em dia de intensa volatilidade, o Ibovespa fechou a sessão desta sexta-feira (12) em queda 1,14%, aos 125.946 pontos, após oscilar entre 125.635,13 e 127.639,90. Na semana, o Ibovespa caiu 0,67%. O volume financeiro somou R$ 23,2 bilhões. No mês, o Ibovespa recua 1,69% e, no ano, cai 6,14%.
Com o aumento das tensões entre Israel e Irã, o Ibovespa acompanhou a piora do humor externo ao longo da tarde.
Na China, o minério subiu pelo quinto dia em Dalian, a US$ 116,55 por tonelada, em alta de 3,12% – desde a retomada dos negócios nesta semana, após o feriado chinês, o minério se recuperou sem interrupção.
Apesar da quinta alta consecutiva do minério de ferro, as preocupações com a possível entrada do Irã no conflito entre Israel e Hamas afetaram o mercado.
O petróleo, por sua vez, sentiu efeito direto da possibilidade de ataque iminente que se espera a Israel por iniciativa do Irã ou de seus aliados, do sul do Líbano (Hezbollah) ou do Iêmen (Houthis). O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que prometeu apoio incondicional a Israel em caso de represália iraniana ao ataque do início do mês a um consulado do país persa na Síria, disse hoje que uma ação inimiga contra o aliado no Oriente Médio deve ocorrer mais cedo do que tarde.
Jornais e agências de notícias europeias destacaram nesta tarde a escalada do conflito entre Israel e o Hamas, com a possibilidade agora de uma ofensiva vinda do Irã, após o ataque israelense contra o consulado iraniano em Damasco, na Síria. Segundo os portais dos jornais The Guardian, Deutsche Welle, El País, Corriere della Sera, Le Figaro, o Ocidente está em alerta para a retaliação da república islâmica, reporta a jornalista Letícia Naome, do Broadcast.
Terceira queda consecutiva do Ibov
Para além das tensões geopolíticas no Oriente Médio, “o Ibov teve três dias consecutivos de quedas expressivas, e o dólar três dias consecutivos de alta, muito atrelada à preocupação com os juros americanos e com a inflação mundial”, diz Dierson Richetti, sócio da GT Capital. “O retrato da semana é de muita cautela, principalmente na Bolsa, com falta de atratividade para trazer recursos ao Brasil no momento, o que se reflete na cotação alta do dólar”, acrescenta.
Além disso, as incertezas com a trajetória das taxas de juros nos Estados Unidos continuaram a influenciar os principais índices de ações, como o IBOV hoje, com alguns investidores começando a precificar o início dos cortes de juros apenas em dezembro deste ano.
No exterior, os investidores também ficaram atentos ao início da temporada de balanços do primeiro trimestre de 2024, com a divulgação de resultados de grandes bancos como JP Morgan, Citigroup e Wells Fargo.
Hoje, Petrobras (PETR4) fechou sessão com as ações preferenciais em queda de 0,92%, cotadas a R$ 38,94. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3) caíram 0,81%, a R$ 40,30.
A petroleira não acompanhou a alta do petróleo. Os contratos futuros do petróleo Brent, usados como referência global, para junho registraram alta de 0,79%, alcançando US$ 90,45 na Intercontinental Exchange (ICE).
Já a Vale (VALE3) amargou uma baixa de 0,37%, cotada a R$ 61,63, apesar da alta no preço do minério de ferro.
O maior ganho do índice Bovespa é da Cielo (CIEL3), +1,67% a R$ 5,48. Usiminas (USIM5), +1,56% a R$ 10,43 e as ações da RD (RDLA3) completam o top3.
Na ponta negativa, Azul (AZUL4) liderou as perdas com -9,70% a R$ 11,17, seguida por Carrefour (CRFB3), -5,87% a R$ 11,87 e CVC (CVCB3), -5,51% a R$ 2,23.
Ibovespa segue sinal negativo das Bolsas de NY
As Bolsas de Valores dos Estados Unidos fecharam em queda
- S&P 500: -1,46%, aos 5.123,41 pontos;
- Dow Jones: -1,24%, aos 37.983,24 pontos;
- Nasdaq: -1,62%, aos 16.175,09 pontos.
As bolsas asiáticas encerraram os negócios desta sexta-feira (12) majoritariamente em baixa, com a de Hong Kong derrubada por dados fracos de exportação da China.
Na Oceania, a bolsa australiana ficou no vermelho, pressionada por ações de bancos e ligadas ao consumo. O S&P/ASX 200 caiu 0,33% em Sydney, a 7.788,10 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 0,60%, a R$ 5,1212, após oscilar entre R$ 5,1082 e R$ 5,1482. Na semana, moeda subiu 1,10%.
A correlação de dólar em alta e de Bolsa em queda no intervalo refletiu, em especial, a leitura preocupante, ainda no meio da semana, sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em março, que retardou, de junho ou julho para setembro, a expectativa de mercado quanto ao momento em que o Federal Reserve começará a cortar os juros.
Maiores altas e quedas do Ibovespa hoje
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Nesta sexta-feira (12), o índice Bovespa registrou queda, assim como os principais índices americanos. Na opinião de Dierson Richetti, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, isso está atrelado à questão das tensões geopolíticas, principalmente na Ásia, e também à preocupação com juros americanos após os dados de inflação nos Estados Unidos acima do esperado.
“Os dados divulgados nesta semana vieram de certa forma ruins se for olhar para o aquecimento, para o controle da inflação, então o Ibovespa reflete esses movimentos no dia de hoje. Na verdade, desde os dados divulgados na quarta-feira, temos três dias consecutivos de aversão ao risco, de medo com a questão de manutenção da taxa de juros alta nos Estados Unidos”, aponta Richetti.
Em relação às altas, Prio (PRIO3) subiu, após anunciar um aumento de produção, o que foi visto com bons olhos pelo mercado. A CSN (CSNA3) fechou com ganhos ao pegar carona na valorização do minério de ferro.
A Azul (AZUL4) figurou como a principal baixa. Para Richetti, o impacto nas ações da aérea acontece com aumento da expectativa de adiamento da queda de juros nos EUA e principalmente com o aumento da cotação do petróleo, que eleva o preço do querosene de aviação.
“As curvas de juros acompanharam na quarta e na quinta de forma mais agressiva. Hoje até nem tanto, apesar do dólar ter subido. Os juros estão positivos, mas até de uma forma um pouco menor, se for olhar a variação do dólar. Isso significa realmente uma aversão a risco e saída de capital daqui do Brasil”, diz o analista.
O mercado ficou um pouco mais cauteloso sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, mostra o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, a expectativa majoritária (50%) continua sendo de ganho para o Ibovespa na próxima semana, enquanto 33,33% esperam estabilidade e 16,67%, queda. No Termômetro anterior, as previsões se dividiam entre alta e variação neutra, com 60% e 40%, respectivamente, sem respostas indicando baixa.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa encerrou a sessão de ontem (11) em queda de 0,51%, aos 127.396,35 pontos.