Ibovespa tem leve alta, mas recua na semana com tombo da Petrobras (PETR4); B3 (B3SA3) cai e Casas Bahia (BHIA3) dispara no dia
O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (1º) com avanço de 0,12%, aos 129.180,37 pontos, variando entre a cotação mínima de 128.717,01 e a cotação máxima de 129.715,51 pontos. Na semana, o índice de ações recuou 0,18%, não conseguindo estender a série positiva pela quarta semana – um avanço muito contido no intervalo anterior, que resultou em alta de 0,99% para o Ibovespa em fevereiro, após tombo de 4,79% em janeiro. Já o volume financeiro diário somou R$ 21,1 bilhões.
O Ibovespa hoje se alinhou ao desempenho das Bolsas de Valores de Nova York, que fecharam levemente em alta:
- Dow Jones: +0,23%, aos 39.087,39 pontos;
- S&P500: +0,80%, aos 5.137,09 pontos;
- Nasdaq: +1,14%, aos 16.274,94 pontos.
Conforme aponta Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, apesar das festas, fevereiro foi um mês atípico e de bastante dificuldade no Ibovespa, enquanto o dólar ficou em grande parte do tempo lateralizado. Além disso, destaca-se a saída relevante de recursos estrangeiros, embora o Ibovespa tenha conseguido encerrar no campo positivo.
Em relação ao mês de março, o Ibovespa hoje iniciou praticamente no zero a zero, embora tenha iniciado a sessão no campo positivo e depois acabou virando para baixo. Essa lateralização em torno do “zero a zero” se dá em dia de divulgação do PIB brasileiro.
Richetti destaca que o PIB veio em linha com as expectativas, o que pode ser um fator positivo, por outro lado, o noticiário corporativo das empresas acabou fazendo o mercado perder fôlego, e até se descolou um pouco do mercado lá fora, visto que Nasdaq e o S&P 500 subiram, assim como o petróleo.
Hoje, a agenda se concentrou em outro dado de peso, o PIB do quarto trimestre e do ano de 2023. “No quarto trimestre, o PIB veio em linha com a nossa projeção, de variação zero na margem, ou seja, estabilidade, que resulta em crescimento de 2,9% no ano de 2023”, diz Natalie Victal, economista-chefe da SulAmérica Investimentos.
“O headline veio em linha, mas quando a gente olha as aberturas, houve surpresa baixista na área de agropecuária, e o que compensou essa surpresa foi o setor de serviços e, principalmente, indústria. Tivemos então um PIB ex-agro mais forte do que nossa projeção. A mensagem que fica é de um PIB mais forte do ponto de vista da inflação, em termos de implicação para a política monetária – uma mensagem um pouco mais ‘chatinha”, em relação ao que a gente estava projetando, para o Banco Central”, acrescenta a economista.
Destaques do Ibovespa hoje
Entre as altas do Ibovespa hoje estão as ações de Casas Bahia (BHIA3), que avançam em razão do anúncio de um alongamento de sua dívida e do aumento do seu caixa. Esse fator fez com que a cotação da empresa subisse neste pregão.
As ações da Embraer (EMBR3) também avançam no pregão de hoje (1º), com o mercado na expectativa de que a companhia feche um novo contrato com a American Airlines (AALL34). A empresa também passou a fazer parte da carteira do BTG Pactual.
Empresas de varejo como Magazine Luiza (MGLU3) e Lojas Renner (LREN3) também avançaram hoje, já que são companhias que se beneficiam de um PIB alinhado com as estimativas. Além disso, são empresas que, a partir da baixa dos juros, um câmbio moderado e um maior estímulo da indústria, possuem uma tendência de ter uma melhor performance diante do crescimento do consumo da população.
Entre as quedas do Ibovespa estão as ações de São Martinho (SMTO3), companhia relacionada aos preços das commodities, principalmente da soja.
“Agora que começou a representar uma leve subida, mas ainda está com um preço muito barato. O Brasil ainda vai ter uma quebra de safra, só a gente não sabe a grandeza”, afirma.
Já a queda da B3 (B3SA3) está associada ao surgimento da informação de que o Mubadala teria um projeto de abrir uma segunda bolsa de valores no Brasil a partir do ano de 2025, o que poderia impactar de forma direta a B3. Já a BRF (BRFS3) caiu em razão de uma realização de lucros depois de um forte balanço que ela apresentou.
Em relação à Petrobras (PETR4), o presidente da empresa comentou nesta semana que a companhia está focada em outros investimentos que podem reduzir o pagamento de dividendos. Isso fez os papéis recuarem 6% durante a semana. Mas com o petróleo subindo hoje, Richetti diz que a empresa retornou para níveis em que opera atualmente, na casa dos R$ 39 ou R$ 40.
Pesou sobre o desempenho do índice da B3 na semana a correção nas ações de Petrobras, especialmente após o presidente da empresa, Jean Paul Prates, ter lançado dúvidas sobre a distribuição de dividendos extraordinários que o mercado vinha antecipando. Assim, sem sinal único nesta sessão (PETR3, -0,02%, PETR4, +0,10%), a ação ordinária (PETR3) acumulou perda de 5,52% na semana e a preferencial (PETR4), de 4,11% – no ano, ainda sobem, respectivamente, 5,72% e 7,89%.
Sobre a Vale (VALE3), o especialista destaca além da questão do preço do minério. Ele afirma também que voltou à cena a questão da interferência na companhia. Outro peso-pesado do índice, Vale seguiu em baixa de 0,16% nesta sexta-feira, acumulando perda de 0,74% na semana e de 13,37% no ano. Além do preço do minério, que caiu nesta sexta-feira 1,75% em Dalian, China, o mercado segue atento à falta de definição quanto à permanência ou não de Eduardo Bartolomeo no comando da mineradora, com o presidente Lula tendo voltado a elevar o tom, nesta semana, em torno da importância da empresa para o País, observa Dierson Richetti, sócio da GT Capital, o que deixa os investidores receosos quanto a uma “interferência” que possa resultar em “decisões muito mais políticas do que profissionais”.
“Muito pelo que o presidente Lula falou no programa Roda Viva, em que ele diz que gostaria de ter alguém da confiança dele dentro da empresa, e isso é muito ruim. Mostra uma interferência, de querer colocar alguém lá para, digamos assim, manipular a empresa ou tomar decisões muito mais políticas do que profissionais dentro da companhia, e isso deixa os investidores receosos quanto a isso”, conclui.
Por outro lado, as ações do setor financeiro, em geral, tiveram desempenho moderadamente positivo, hoje, contribuindo para o leve ganho do Ibovespa na sessão – destaque para alta de 0,81% em Bradesco (BBDC4) e de 0,44% para Itaú (ITUB4), mas também para a forte queda da ação da B3 (-3,20%), na mínima do dia no fechamento. “O que surpreendeu hoje foi a queda da B3: a princípio, surgiu informação de que o Mubadala fundo soberano de Abu Dhabi tem projeto de abrir uma segunda bolsa no Brasil, a partir de 2025, e isso impacta diretamente nesta ação”, diz Richetti.
Maiores altas do Ibovespa hoje
- Casas Bahia (BHIA3): +7,52%
- Embraer (EMBR3): +5,94%
- Lojas Renner (LREN3): +5,25%
- Gerdau (GGBR4): +4,33%
- Magazine Luiza (MGLU3): +4,23%
Maiores quedas do Ibovespa hoje
- São Martinho (SMTO3): -4,56%
- Pão de Açúcar (PCAR3): -3,72%
- Carrefour (CRFB3): -3,39%
- B3 (B3SA3): -3,20%
- Engie (EGIE3): -2,43%
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Maiores altas da semana
- Casas Bahia (BHIA3): +16,69%
- Marfrig (MRFG3): +15,02%
- Embraer (EMBR3): +13,86%
- Cogna (COGN3): +10,17%
- BRF (BRFS3): +10,15%
Maiores quedas da semana
- IRB Brasil (IRBR3): -6,01%
- Petrobras ON (PETR3): -5,52%
- Cosan (CSAN3): -5,36%
- Carrefour (CRFB3): -5,12%
- Assaí (ASAI3): -4,55%
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa fechou o pregão de ontem (29) em baixa de 0,87%, aos 129.020,02 pontos.