O Ibovespa caminha para encerrar a pior semana desde o início de 2021. Em queda de quase 10% no perído, o maior índice acionário da Bolsa brasileira apresenta dias de preocupação com a situação fiscal do País. O mercado calcula como ficarão as contas públicas a partir do ano que vem.
Por volta das 14h, o Ibovespa tombava 3,61%, para 103.850 pontos. No acumulado do ano, o índice recua 12%. O dólar, de forma inversa, vai ampliando seu patamar e se aproxima das máximas. No mesmo horário, a divisa se valorizava 1,53% ante o real, para R$ 5,759 na venda. Às 14h35, o índice atenua as perdas e cai 1,42%, a 106.004 pontos.
Os juros futuros respondem às incertezas causadas por Brasília. O DI negociado para janeiro de 2025 ultrapassou a marca do 12%. Com o avanço de 8,52 pontos percentuais, ele é negociado a 12,480%.
Vale ressaltar que, com base na atual Selic, o DI está em cerca de 6,15%. O governo teria de praticamente dobrar a taxa de juros, elevando o endividamento público, pressionando a inflação e impedindo o crescimento econômico.
No âmbito corporativo, o destaque negativo fica novamente com a Getnet. Após estrear na Bolsa e chegar a dobrar de preço, os investidores devolvem parte dos ganhos.
O que movimenta o Ibovespa hoje
- Paulo Guedes pede demissão, mas Bolsonaro tenta mantê-lo, diz site
- Congresso aprova PEC dos Precatórios, mudando regra fiscal;
- Risco fiscal aflorado faz mercado mudar previsões;
Paulo Guedes teria pedido demissão, segundo jornal
O Ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu demissão do cargo na última quinta-feira durante uma discussão entre o chefe da pasta econômica e o presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada pelo jornal Correio Braziliense.
O ministro disse que não aceitaria furar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, que virá no lugar do Bolsa Família, no valor de R$ 400 mensais.
Segundo o site, o pedido de demissão veio após os secretários do ministro pedirem exoneração de seus cargos, por não concordarem que o benefício fosse subsidiado com o aumento de endividamento público.
O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração, além de outros integrantes.
Funchal afirmou o governo sinaliza um descompromisso com a responsabilidade fiscal, tirando totalmente a credibilidade da política econômica.
Os secretários não são contra o aumento do valor do Auxílio Brasil, mas defendem que a medida deveria ser adotada com cortes de gastos e não com aumento do endividamento público.
Porém, segundo fontes da Reuters, o ministro não pediu demissão e, uma delas, ressaltou que o ministro “sabe de sua responsabilidade”. Guedes tem conhecimento que sua permanência é aval importante para economia não sair do trilho, segundo a agência.
PEC dos Precatórios traz alteração no cálculo do teto de gastos
A reunião da Comissão Especial da Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios na Câmara dos Deputados tinha sido adiada nesta tarde, mas, agora à noite, os parlamentares voltaram a debater a questão e aprovaram, por 23 votos contra 11, texto da PEC dos Precatórios.
A proposta limita o pagamento de precatórios, permitindo descontos e reajuste pela taxa Selic. O texto aprovado é o substitutivo do relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), à PEC do Poder Executivo e muda o cálculo de reajuste do teto de gastos. Permite assim contornar a regra de ouro por meio da lei orçamentária.
“Em termos práticos, a PEC em si, é um esfacelamento do arcabouço do teto, uma vez que tira do mecanismo uma parte relevante de despesas obrigatórias. Logo o teto passa a servir apenas para outras coisas, à qual grande parte tem apenas um piso como Educação e Saúde”, comenta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
O texto segue para o plenário da Câmara, onde precisa ser votado em 2 turnos. Na visão da corretora, não devem existir entraves, seguindo para o Senado.
O relator calcula que o novo modelo de pagamento de precatórios deve permitir uma folga de quase R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões no Orçamento do ano que vem, além de outros R$ 39 bilhões por causa de mudanças nas regras fiscais.
Projeções de bancos para a Selic disparam
Com o agravamento do risco fiscal brasileiro, os bancos decidiram revisar a projeção da taxa básica de juros (Selic) para cima. As projeções foram modificadas devido à aversão ao risco inflada pela sinalização do governo nos últimos dias.
Segundo o Instituto Fiscal Independente do Senado (IFI), o rombo no teto com as mudanças anunciadas pelo governo será de R$ 94,4 bilhões. Assim, as instituições preveem uma alta para a taxa Selic nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). O próximo encontro está marcado para a próxima quarta-feira (27).
O UBS vê o aumento em 150 pontos base e projeta que a taxa deva encerrar 2021 a 9,25% ao ano (a.a), ante os 8,25% esperados antes. Para o próximo ano, a estimativa é de 10,25% a.a.
Por sua vez, o Credit Suisse agora estima que a Selic seja de 8,75% no final do ano e 10,5% no próximo ano.
“O resultado para a economia é sombrio: o mercado já prevê uma alta na casa dos 125 pontos base para a Selic para as próximas duas reuniões do Copom deste ano e, consequentemente, um crescimento econômico bem reduzido para o ano que vem”, analisa o relatório da Guide Investimentos.
Maiores altas do Ibovespa
Confira as altas do índice Ibovespa, por volta das 13h14:
- Suzano (SUZB3): +7,68%
- Klabin (KLBN11): +6,53%
- Vale (VALE3): +1,40%
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4): +1,17%
- Bradespar (BRAP4): +1,13%
Maiores baixas do Ibovespa
No mesmo horário, as baixas do Ibovespa, eram:
- Americanas (AMER3): -9,20%
- Locaweb (LWSA3): -9,66%
- Banco Inter PN (BIDI4): -11,27%
- Banco Inter (BIDI11): -11,67%
- Getnet (GETT11): -14,47%
Bolsas mundiais
Além do índice Bovespa, confira a cotação dos principais índices mundiais nesta tarde:
- S&P 500: -0,31%
- DAX 30 (Alemanha): +0,46%
- FTSE 100 (Inglaterra): +0,20%
- Euro Stoxx 50: +0,80%
- SSE Composite (Xangai): -0,34% (fechada)
- Nikkei 225 (Japão): +0,34% (fechada)
Última cotação do Ibovespa
Da mesma forma que o Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última quinta com um tombo de 2,75%, aos 107.735,01 pontos.
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