Ibovespa reduz perdas e cai 1,42% com possível saída de Guedes, na pior semana do ano; Getnet (GETT11) devolve 14,4%

O Ibovespa caminha para encerrar a pior semana desde o início de 2021. Em queda de quase 10% no perído, o maior índice acionário da Bolsa brasileira apresenta dias de preocupação com a situação fiscal do País. O mercado calcula como ficarão as contas públicas a partir do ano que vem.

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Por volta das 14h, o Ibovespa tombava 3,61%, para 103.850 pontos. No acumulado do ano, o índice recua 12%. O dólar, de forma inversa, vai ampliando seu patamar e se aproxima das máximas. No mesmo horário, a divisa se valorizava 1,53% ante o real, para R$ 5,759 na venda. Às 14h35, o índice atenua as perdas e cai 1,42%, a 106.004 pontos.

Os juros futuros respondem às incertezas causadas por Brasília. O DI negociado para janeiro de 2025 ultrapassou a marca do 12%. Com o avanço de 8,52 pontos percentuais, ele é negociado a 12,480%.

Vale ressaltar que, com base na atual Selic, o DI está em cerca de 6,15%. O governo teria de praticamente dobrar a taxa de juros, elevando o endividamento público, pressionando a inflação e impedindo o crescimento econômico.

No âmbito corporativo, o destaque negativo fica novamente com a Getnet. Após estrear na Bolsa e chegar a dobrar de preço, os investidores devolvem parte dos ganhos.

O que movimenta o Ibovespa hoje

  • Paulo Guedes pede demissão, mas Bolsonaro tenta mantê-lo, diz site
  • Congresso aprova PEC dos Precatórios, mudando regra fiscal;
  • Risco fiscal aflorado faz mercado mudar previsões;

Paulo Guedes teria pedido demissão, segundo jornal

O Ministro da Economia, Paulo Guedes, pediu demissão do cargo na última quinta-feira durante uma discussão entre o chefe da pasta econômica e o presidente Jair Bolsonaro. A informação foi divulgada pelo jornal Correio Braziliense.

O ministro disse que não aceitaria furar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, que virá no lugar do Bolsa Família, no valor de R$ 400 mensais.

Segundo o site, o pedido de demissão veio após os secretários do ministro pedirem exoneração de seus cargos, por não concordarem que o benefício fosse subsidiado com o aumento de endividamento público.

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O secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e o secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, pediram exoneração, além de outros integrantes.

Funchal afirmou o governo sinaliza um descompromisso com a responsabilidade fiscal, tirando totalmente a credibilidade da política econômica.

Os secretários não são contra o aumento do valor do Auxílio Brasil, mas defendem que a medida deveria ser adotada com cortes de gastos e não com aumento do endividamento público.

Porém, segundo fontes da Reuters, o ministro não pediu demissão e, uma delas, ressaltou que o ministro “sabe de sua responsabilidade”. Guedes tem conhecimento que sua permanência é aval importante para economia não sair do trilho, segundo a agência.

PEC dos Precatórios traz alteração no cálculo do teto de gastos

A reunião da Comissão Especial da Proposta de Emenda à Constituição dos Precatórios na Câmara dos Deputados tinha sido adiada nesta tarde, mas, agora à noite, os parlamentares voltaram a debater a questão e aprovaram, por 23 votos contra 11, texto da PEC dos Precatórios.

A proposta limita o pagamento de precatórios, permitindo descontos e reajuste pela taxa Selic. O texto aprovado é o substitutivo do relator, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), à PEC do Poder Executivo e muda o cálculo de reajuste do teto de gastos. Permite assim contornar a regra de ouro por meio da lei orçamentária.

“Em termos práticos, a PEC em si, é um esfacelamento do arcabouço do teto, uma vez que tira do mecanismo uma parte relevante de despesas obrigatórias. Logo o teto passa a servir apenas para outras coisas, à qual grande parte tem apenas um piso como Educação e Saúde”, comenta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

O texto segue para o plenário da Câmara, onde precisa ser votado em 2 turnos. Na visão da corretora, não devem existir entraves, seguindo para o Senado.

O relator calcula que o novo modelo de pagamento de precatórios deve permitir uma folga de quase R$ 40 bilhões a R$ 50 bilhões no Orçamento do ano que vem, além de outros R$ 39 bilhões por causa de mudanças nas regras fiscais.

Projeções de bancos para a Selic disparam

Com o agravamento do risco fiscal brasileiro, os bancos decidiram revisar a projeção da taxa básica de juros (Selic) para cima.  As projeções foram modificadas devido à aversão ao risco inflada pela sinalização do governo nos últimos dias.

Segundo o Instituto Fiscal Independente do Senado (IFI), o rombo no teto com as mudanças anunciadas pelo governo será de R$ 94,4 bilhões. Assim, as instituições preveem uma alta para a taxa Selic nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). O próximo encontro está marcado para a próxima quarta-feira (27).

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O UBS vê o aumento em 150 pontos base e projeta que a taxa deva encerrar 2021 a 9,25% ao ano (a.a), ante os 8,25% esperados antes. Para o próximo ano, a estimativa é de 10,25% a.a.

Por sua vez, o Credit Suisse agora estima que a Selic seja de 8,75% no final do ano e 10,5% no próximo ano.

“O resultado para a economia é sombrio: o mercado já prevê uma alta na casa dos 125 pontos base para a Selic para as próximas duas reuniões do Copom deste ano e, consequentemente, um crescimento econômico bem reduzido para o ano que vem”, analisa o relatório da Guide Investimentos.

Maiores altas do Ibovespa

Confira as altas do índice Ibovespa, por volta das 13h14:

  • Suzano (SUZB3): +7,68%
  • Klabin (KLBN11): +6,53%
  • Vale (VALE3): +1,40%
  • Metalúrgica Gerdau (GOAU4): +1,17%
  • Bradespar (BRAP4): +1,13%

Maiores baixas do Ibovespa

No mesmo horário, as baixas do Ibovespa, eram:

Bolsas mundiais

Além do índice Bovespa, confira a cotação dos principais índices mundiais nesta tarde:

Última cotação do Ibovespa

Da mesma forma que o Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última quinta com um tombo de 2,75%, aos 107.735,01 pontos.

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Jader Lazarini

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