Ampliando o campo negativo dos últimos três pregões, o Ibovespa opera em queda na tarde desta sexta-feira (29), com a agenda agitada pela temporada de balanços corporativos. Os investidores continuam a reagir aos bastidores de Brasília e declarações de cunho político.
Por volta das 13h25, o Ibovespa recuava 0,95%, para 104.697 pontos. Esse é o menor patamar do Ibovespa no ano, considerando as cotações de fechamento, perfazendo uma baixa de 11,80% no período. O dólar segue em tendência de fortalecimento, subindo 0,50%, para R$ 5,643.
No front político, o mercado aguarda os desdobramentos da PEC do Precatórios, que visa mudar a regra fiscal para a acomodação do pagamento de R$ 400 mensais no âmbito do Auxílio Brasil. A medida, se aprovada na Câmara dos Deputados — onde encontra resistência –, representará o rompimento do teto de gastos.
Enquanto aguarda essa definição, os mercado alivia os juros futuros. Após forte alta em reação à reunião do Copom, o DI negociado para janeiro de 2027 cai 2,77%, para 12,3%.
Do lado corporativo, a Alpargatas lidera as baixas do Ibovespa. No terceiro trimestre deste ano, a empresa lucrou R$ 155,5 milhões. O resultado foi acompanhado pela divulgação da distribuição de JCP.
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O que movimenta o Ibovespa hoje
- Mesmo com resultado acima do esperado, Petrobras cai após falas de Bolsonaro;
- Vale tem resultado abaixo das expectativas;
- Frigoríficos voltam a se destacar.
Petrobras lucra R$ 31,1 bilhões no terceiro trimestre
O lucro líquido da Petrobras (PETR4) atingiu R$ 31,1 bilhões entre julho e setembro deste ano, segundo a divulgação da empresa ontem à noite.
No mesmo período do ano passado, a petroleira registrou uma perda de R$ 1,5 bilhão. Na base trimestral, houve uma queda de 27,3%. O resultado veio acima das projeções do mercado, que esperavam um lucro de R$ 18,2 bilhões.
“Entendemos que a Petrobras está bem posicionada para seguir capturando os ganhos advindos de um cenário de forte apreciação do petróleo e de um real desvalorizado”, comentou o BB Investimentos, “em adição ao atual patamar de endividamento, muito mais confortável e que deve permitir uma melhor distribuição de dividendos”.
Analistas dizem que a companhia pode ter um dividend yield de até 20% em 2022. Contudo, o ruído político afasta a recomendação de compra.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem à tarde que “ninguém entende o preço do combustível estar atrelado ao dólar”. Bolsonaro declarou ainda que a Petrobras “tem que ser uma empresa que não dê um lucro muito alto como tem dado”.
O mandatário afirmou ainda que a estatal só dá dor de cabeça. “Vamos partir para uma maneira de quebrarmos mais monopólio.”
As ações da Petrobras caem 3,97% no pregão de hoje.
Vale esbarra na desaceleração chinesa e entrega abaixo do estimado
A Vale (VALE3) divulgou um lucro de US$ 3,88 bilhões, auferido no terceiro trimestre. Os números da companhia, além de representarem uma queda de 49% na comparação com o trimestre anterior, ficaram abaixo de praticamente todas as estimativas. Analistas do mercado esperavam ganhos na ordem de US$ 5 bilhões.
O Ebitda ligado ao minério de ferro foi de US$ 6,7 bilhões, resultado 6% inferior ao esperado pela XP e 13% abaixo do que o consenso esperava.
A receita consolidada da Vale ficou em US$12,7 bilhões, em função dos menores preços realizados. O Ebitda Proforma ajustado, em US$ 7,1 bilhões.
A visão do mercado, todavia, é de que os fundamentos da Vale continuam sólidos.
“Apesar de revelar menores receitas em função da queda nos preços de minério de ferro e maiores custos fixos, demurrage e frete, Vale executou com relativo êxito sua estratégia de value over volume”, disse a Ativa Investimentos.
“A Vale deu mostras que consegue obter rentabilidade satisfatória mesmo diante de um cenário mais nebuluso.”
A reação do mercado, porém, é negativa. As ações da Vale caem 1,89%, para R$ 72,32. Vale lembrar que a mineradora equivale, sozinha, a mais de 12% do Ibovespa.
Frigoríficos lideram Ibovespa
As ações de empresas frigoríficas sobem em bloco e impedem uma queda maior do Ibovespa. Minerva, Marfrig, JBS (que atingiu máxima histórica) e BRF avançam entre 7% e 4%.
O jornal Valor Econômico reportou no início da semana que a aduana do porto de Xangai está prestes a liberar para entrada na China a primeira carga de carne bovina do Brasil desde o início do embargo chinês ao produto brasileiro, no início de setembro.
Contudo, os embarques realizados a partir do estado de Mato Grosso, onde foi identificado um dos casos de doença da vaca louca, podem continuar barrados. Um outro caso foi notificado em Minas Gerais.
Nesta semana, a Marftig abriu a temporada de resultados do setor surpreendendo e renovando recordes. O lucro líquido foi de R$ 1,7 bilhão, um incremento de 148,7% em relação ao ano anterior.
Com o dólar nas alturas, as exportadores tendem a ser uma das beneficiadas.
Maiores altas do Ibovespa
Confira as altas do índice Ibovespa, por volta das 13h50:
- Minerva (BEEF3): +7,37%
- Marfrig (MRFG3): +5,45%
- JBS (JBSS3): +4,83%
- BRF (BRFS3): +4%
- Fleury (FLRY3): +3,22%
Maiores baixas do Ibovespa
No mesmo horário, as baixas do Ibovespa, eram:
- Locaweb (LWSA3): -4,55%
- Banco Inter (BIDI4): -4,76%
- Getnet (GETT11): -5,81%
- Usiminas (USIM5): -5,79%
- Alpargatas (ALPA4): -7,87%
Bolsas mundiais
Além do índice Bovespa, confira a cotação dos principais índices mundiais nesta tarde:
- S&P 500: +0,11%
- DAX 30 (Alemanha): -0,05%
- FTSE 100 (Inglaterra): -0,16%
- Euro Stoxx 50: +0,39%
- SSE Composite (Xangai): +0,82% (fechada)
- Nikkei 225 (Japão): +0,25% (fechada)
Última cotação do Ibovespa
Da mesma forma que o Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última quinta com uma queda de 0,62%, aos 105.704,96 pontos.