O Ibovespa abriu em forte queda nesta segunda-feira (22), pressionado pelo tombo das ações de empresas estatais. Desde a última sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro tem dado declarações que assustaram os investidores. Após a demissão do presidente da Petrobras, o mandatário afirmou que irá “meter o dedo na energia elétrica“.
Por volta das 10h20, o Ibovespa caía 4,60%, para 112.980 pontos. De forma combinada, as ações de Petrobras (preferenciais e ordinárias), Eletrobras e Banco do Brasil correspodem a 12,2% do índice, que foi pauta das declarações do presidente neste fim de semana.
“Vamos meter o dedo na energia elétrica”, declarou Bolsonaro, no último sábado (20), prometendo novas mudanças nesta semana. “E mudança comigo não é de bagrinho não, é tubarão”.
Bolsonaro citou a energia elétrica pois, segundo ele, é um meio pela qual está sofrendo pressão quase que propositalmente.
“Assim como eu dizia que queriam me derrubar na pandemia pela economia fechando tudo, agora resolveram me atacar na energia”, explicou Bolsonaro conversando com apoiadores em Brasília, logo após dizer que a energia elétrica tem sido “outro problema também”.
A derrocada das estatais
Por volta das 10h20, o desempenho das principais estatais da Bolsa brasileira após a abertura do mercado era:
- Petrobras ON (PETR3): -16,97%
- Petrobras PN (PETR4): -16,72%
- Eletrobras ON (ELET3): -7,93%
- Cemig (CMIG4): -5,81%
- Copel (CPLE6): -5,44%
- Sabesp (SBSP3): -4,10%
- Banco do Brasil (BBAS3): -10,05%
- BB Seguridade (BBSE3): -3,90%
Segundo Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos, “os investidores estrangeiros devem ficar um pouco mais desconfortáveis neste pregão, pois os acontecimentos dos últimos dias representam um aumento do risco Brasil. Recentemente vimos algo parecido, com a então presidente Dilma Rousseff, interferindo na própria energia elétrica”.
“Por conta dessa memória recente, não teria como ser diferente pelo temor de intervenções. O real deverá ter uma forte depreciação frente ao dólar, que sobe no exterior frente aos principais pares”, salientou o especialista.
Para Cruz, recentemente o governo teve um fôlego com a renovação da presidência das Casas legislativas. “Arthur Lira, da Câmara dos Deputados, defendeu bastante a reforma administrativa durante sua campanha. Mas por conta dessas declarações do presidente, as reformas podem chegar ao mercado desidratadas.”
O mercado no exterior também colabora com o pessimismo interno. As bolsas mundiais são pressionadas pelas ações de tecnologia.
Os papéis das empresas que ajudaram os mercados a se recuperar desde o início da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) agora são os catalisadores da instabilidade dos mercados mundo afora por conta da alta dos títulos públicos norte-americanos.
Uma relevante parte do mercado de títulos dos Estados Unidos — a diferença entre o rendimento dos papéis de 5 e 30 anos — atingiu o maior patamar dos últimos cinco anos. O mesmo movimento foi observado mundo afora, ressaltando o desafio que os Bancos Centrais tem para manter baixos os custos dos empréstimos.
Mercados internacionais
Veja o desempenho dos principais índices acionários no exterior, além do Ibovespa agora:
- Nova York (S&P 500) futuro: -0,82%
- Londres (FTSE 100): -0,64%
- Frankfurt (DAX 30): -0,67%
- Paris (CAC 40): -0,46%
- Milão (FTSE/MIB): -0,92%
- Hong Kong (Hang Seng): -1,06%
- Xangai (SSE Composite): -1,45%
- Tóquio (Nikkei 225): +0,46%
Última cotação do Ibovespa
Da mesma forma que o Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última sexta-feira (19) com uma queda de 0,64%, a 118.430 pontos.