Ainda com a visão de ‘bolsa barata’, o consenso dos analistas de mercado projeta um Ibovespa entre 130 mil e 137 mil pontos ao fim de 2022.
O cenário atual ainda mostra um câmbio apreciado, na faixa dos R$ 4,70, com forte fluxo estrangeiro. Além disso, tanto a Selic quanto o IPCA seguem em alta, sem arrefecer já há alguns meses. A expectativa é de que, mesmo com esse cenário, o Ibovespa ‘ande’ mais até o fim do ano, e rompa o patamar de 130 mil pontos.
Se as projeções se concretizarem, a bolsa de valores renovará a sua máxima histórica – dado que a maior pontuação de fechamento foi na casa dos 130 mil, em meados de junho de 2021. Os analistas só enxergam essa possibilidade com base nos fundamentos; veem indicadores fortes e papéis ainda fora do preço justo, em múltiplos menores.
Além disso, também veem uma folga maior para alta do Ibovespa mesmo com o fato de que somente nos primeiros três meses a bolsa brasileira subiu cerca de 35%.
“Continuamos vendo as ações brasileiras sendo negociadas em níveis atrativos de valuation, em Preço/Lucro (P/L) projetado de 7,5x, um desconto de -33% em relação à média dos últimos 15 anos em 11,2x. Além disso, vemos riscos de alta para o lucros do Brasil, o que pode fazer as ações brasileiras parecerem ainda mais baratas. Se as expectativas de LPA (Lucro por Ação) para 2022 aumentarem em 10%, o P/L futuro estaria mais próximo de 7x”, diz relatório da XP Investimentos sobre expectativas do Ibovespa para 2022.
O relatório, assinado por Fernando Ferreira, Estrategista Chefe, e pelas estrategistas de ações Jennie Li e Rebecca Nossig, também aponta o fato de que há ‘duas bolsas’ – citando a disparidade entre setores, que frequentemente rumaram em direções opostas.
No parecer, é citado que a valorização do Ibovespa ex-commodities é menor. “Olhando para os diferentes setores, vemos que alguns negociam a múltiplos mais baratos ou caros em relação às suas próprias médias históricas. Vemos que os setores de Tecnologia, Saúde, Consumo Discricionário e Indústria negociam com o Preço/Lucro acima dos últimos anos, enquanto Materiais e Energia – as commodities – estão abaixo, ou seja, negociam em patamares bastante atrativos”, segue o relatório sobre a tendência do Ibovespa.
Com isso, a XP destaca que o Prêmio de Risco para ações brasileiras mostra que os ativos baratos “mesmo considerando o alto nível das taxas de juros locais”. Para a corretora, o nível atual de Prêmio de Risco – mensurado pela comparação entre rendimento com as taxas de juros reais – está perto de 8%.
BB Investimentos vê tendência de alta do Ibovespa
Vendo o índice perto dos 115 mil pontos, o BB Investimentos projeta uma alta de cerca de 17% na bolsa de valores brasileira, vendo o Ibovespa a 137 mil pontos no fim do ano.
No seu guia, o banco destaca potenciais valorizações para praticamente todos as ações da bolsa. Considerando todos as empresas cobertas, somente 10 tem projeção de desvalorização em relação aos patamares atuais – o que, vale lembrar, não significa que todas as demais tenham recomendação de compra.
No setor de utilities (que inclui elétricas e companhias de saneamento), por exemplo, o banco de investimento vê um cenário majoritariamente positivo.
O seu último parecer mantém recomendações de compra para 7 de 8 empresas. No relatório, o banco também frisa questões macroeconômicas como drivers relevantes – incluindo a retração no preço da energia elétrica, um dos ‘emblemas’ da inflação alta. O panorama conta com a retirada da bandeira extraordinária, que aplicava tarifas por conta da crise hídrica.
O fato de o Brasil estar saindo desse contexto melhora as perspectivas para o Ibovespa em 2022, segundo a casa.
“A gestão prudente dos reservatórios nos últimos meses em resposta à crise hídrica de 2021, apoiada pela significativa melhora das
condições hidrológicas no últimos período úmido iniciado em outubro de 2021 permitiu forte recuperação de energia armazenada nos reservatórios das principais hidrelétricas do país, derrubando o preço spot de energia (PLD)”, diz o relatório.
Falando de ações específicas, as maiores apostas da casa para o setor são a Copasa (CSMG3), Sanepar (SAPR11), Neonergia (NEOE3) e AES Brasil (AESB3).
“Os destaques de alta em março foram Sabesp e Taesa com valorizações acima de 10%, enquanto a Copasa apresentou a única queda no mês, mas apresenta a maior alta acumulada no ano até 31/3, acompanhada por Sanepar e Taesa”, diz o BB Investimentos.
BofA vê maior risco, mas entoa projeção de alta
Os analistas do Bank of America (BofA) atualizaram as suas projeções para o Ibovespa de 125 mil para 135 mil, vendo alta de 15,6%.
A tese é de que os fundamentos da empresas estão melhores do que o que está precificado em bolsa – com ações ‘underpriced’. Além disso, o banco americano vê o Brasil como um dos melhores players dentre os emergentes, mirando lucros em alta para grandes bancos e companhias vinculadas às commodities na próxima temporada de balanços, do 1T22.
“O Brasil deve continuar a ser um importante destino entre os mercados emergentes devido ao peso de nomes de valor”, diz a casa, em relatório.
A casa vê, como principais potenciais, a Suzano (SUZB3), a PetroRio (PRIO3), a Eletrobras (ELET3) e o Itaú (ITUB4).
“Estamos mais otimistas do que o consenso de mercado em várias commodities (especialmente petróleo, alumínio e celulose) e em relação aos ganhos dos bancos”, diz o BofA, entoando o otimismo com o Ibovespa em 2022.