Em meio a rumores políticos, Ibovespa inverte para queda; Petrobras (PETR4) cai 3%
O Ibovespa inverteu para queda e acelerou as perdas na manhã desta sexta-feira (26). Após abrir em leve alta, ensaiando uma recuperação pelo tombo de ontem, o mercado brasileiro é movido para baixo por conta de atritos políticos, que assombram a Petrobras (PETR4) mais uma vez, além de uma onda de pessimismo das bolsas mundiais.
Por volta das 13h14, o Ibovespa caía 0,90%, para 111.148 pontos. A interferência política do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras, demitindo o CEO da estatal, Roberto Castello Branco, na última semana, ainda traz seus reflexos ao cenário da empresa.
A revista Veja publicou há pouco trechos de conversas entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e Bolsonaro sobre a demissão do executivo. A relação entre os dois teria ficado estremecida com a interferência na petroleira.
Segundo a reportagem, Guedes teria falado ao presidente que ele estaria dando um tiro em seu general. “Na hora em que estou ganhando a batalha, o senhor me dá um tiro”, teria falado o ministro. “O senhor está entrando na política e falou que não iria entrar.”
Bolsonaro, por outro lado, se mostrou reticente com paridade dos preços internacionais — embora Castello Branco já tenha relembrado que o caminho contrário trouxe grandes consequências ao País. O mandatário classificou a reação do mercado como “histérica”. Os papéis da Petrobras chegaram a cair cerca de 3% com a notícia.
Por outro lado, o mercado ainda repercute o forte resultado da Vale (VALE3), revertendo prejuízo e registrando um lucro de US$ 739 milhões. A companhia afirma que, embora a distribuição de dividendos ainda esteja aquém de seu histórico, o futuro excedente de caixa será repassado aos investidores.
No exterior, a onda pessimista continua a ser conduzida pela alta do rendimento dos Treasuries, títulos públicos norte-americanos.
Além de ofertar uma maior rentabilidade em dólar, moeda mais forte do planeta a qual os Estados Unidos têm o monopólio da criação, a disparada do rendimento das notas pode representar uma elevação no custo de capital das empresas.
As integrantes do segmento de tecnologia, como tem seus lucros majoritariamente no futuro, sofrem mais. As empresas do setor já perderam cerca de US$ 900 bilhões em valor de mercado em uma semana.
O que sobe e o que cai no Ibovespa
- Minerva (BEEF3) sobe 4,58% após a divulgação dos resultados e da distribuição de R$ 384,3 milhões em dividendos complementares.
- Eneva (ENEV3) avança 2,59%. Empresa solicita comercialidade da acumulação Fortuna, na Bacia do Parnaíba, no Maranhão.
- Klabin (KLBN11) sobe 1,88%, ampliando os ganhos dessa semana. BNDES vendeu participação na empresa.
- BRF (BRFS3) afunda 5,06% após divulgação de resultados.
- BR Malls (BRML3) cai 3,22% após novas restrições impostas pelo governo de São Paulo para contenção da pandemia.
- Vale (VALE3) opera estável, com uma leve baixa de 0,02%.
A Ativa Investimentos mantém uma visão positiva sobre a Vale, após a superação das expectativas nos resultados do quarto trimestre do ano passado. Apesar do evento de Brumadinho já impactar o balanço da empresa, o lucro operacional foi positivo em função da demanda aquecida na China, pontuou a corretora.
Entretanto, o cenário atual traz algumas incertezas sobre o minério de ferro para este ano. “Dentre elas a disposição do governo chinês em diminuir a produção de aço facilitando a importação de sucata de aço e produtos primários de aço e a queda na margem das siderúrgicas chinesas”, afirmam os especialistas em relatório.
Última cotação
Da mesma forma que o Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última quinta-feira com uma queda de 0,38%, a 115.667,78 pontos.