O Ibovespa poderia caminhar para os 110 mil pontos ainda este ano, segundo nesta terça-feira (14) afirmou o chefe de economia e estratégia do Bank of America (BofA) no Brasil, David Beker.
O especialista afirmou, durante teleconferência com jornalistas, que o patamar é possível com a redução das incertezas relacionadas a pandemia do novo coronavírus. Dessa forma, o BofA mantém a projeção de Ibovespa em 100 mil pontos no cenário base e, em um cenário otimista, 110 mil pontos.
“Quando se olha o comportamento do mercado, pode ir do base para o otimista, mas é preciso continuar o processo de revisão de estimativas”, salientou o economista.
Para Beker, a situação para a bolsa brasileira está ficando mais construtivo, porém com cautela. “Construtivo na perspectiva de que poderia ser pior, mas o cenário ainda é ruim com queda do PIB [Produto Interno Bruto], desemprego e mortes pela covid”, afirmou o chefe de economia e estratégia do BofA.
Ibovespa “não está barato”, segundo BofA
O economista ainda afirmou considerar que o Ibovespa “não está barato” que é necessário analisar caso a caso para identificar oportunidades de compra. Nesse sentido, Beker citou o setor de exportação de commodities e mencionou companhias como:
“Com a retomada da atividade econômica global, a demanda pelos produtos brasileiros também vai crescer”, declarou o economista.
Por outro lado, para o especialista, o varejo, principalmente o comércio eletrônico, está com um valuation “esticado”, porém ainda está com espaço para se valorizar.
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Além disso, Beker avaliou que o setor financeiro está “underweight”, em vista das discussões sobre tributação no setor, desemprego elevado e juros baixos. “Quando se olha para essa combinação de fatores, há muita dúvida com o setor de bancos”, afirmou o especialista. Embora “underweight”, o estrategista informou que há alguns papéis do setor na carteira, “já que é difícil ficar de fora dado o peso no índice”.
Beker pondera que a volatilidade continuará na bolsa brasileira, assim como em outros índices ao redor mundo. Para o chefe de economia e estratégia do BofA, isso é resultado do valuation mais elevado do que no pico da crise, o que favorece movimentos de realização de lucros diante de notícias mais sensíveis, e o cenário da manutenção das incertezas.
“É difícil imaginar queda na volatilidade, dada a incerteza sobre o cenário, a espera da vacina, com temor de segunda onda e sem saber qual será a velocidade de recuperação”, salientou o estrategista do BofA no que tange ao Ibovespa.