Ibovespa: Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Itaú (ITUB4) e outras gigantes da bolsa dobram o lucro no 2TRI
Dez das maiores empresas com ações no Ibovespa que já divulgaram seus balanços do segundo trimestre de 2021 dobraram o lucro em comparação ao primeiro do ano. Foi o que constatou levantamento do Estadão/Broadcast, que incluiu dez negócios de diferentes setores que já divulgaram seus resultados.
Entre essas empresas estão gigantes do porte de Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Weg (WEGE3), Ambev (ABEV3), Gol (GOLL4), Braskem (BRKM5), Telefônica Brasil (VIVT3) e Usiminas (USIM5).
Os números dos resultados operacionais indicam um dos períodos mais fortes de lucratividade dos últimos anos. Foram impulsionados pela recuperação da economia e a flexibilização de medidas de distanciamento social com o avanço da vacinação na pandemia, além da alta de preços das commodities e do câmbio favorável à exportação.
O lucro de dez empresas entre as maiores da Bolsa de Valores (B3) dobrou em relação ao primeiro trimestre de 2021, passando de R$ 52 bilhões para R$ 110 bilhões. Em relação ao mesmo período de 2020, os ganhos se multiplicaram por dez.
Desvalorização do câmbio
Na maior parte das empresas listadas no Ibovespa, os recursos vêm como um alívio, após duas grandes crises: a de 2017 e 2018, no governo Dilma, e a do confinamento no ano passado, quando a atividade econômica ficou restrita.
“Vários fatores externos contribuíram para o desempenho favorável das empresas, como a puxada forte de preços por escassez de alguns itens e a desvalorização do câmbio“, diz Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
“Ainda estamos em processo de resgate de padrões de rentabilidade anteriores à crise.”
Petrobras e Vale: lucros históricos e ações em alta no Ibovespa
Petrobras e Vale estão entre as que mais se destacaram no período. A petroleira (R$ 42,8 bilhões) e a mineradora (R$ 40,1 bilhões) tiveram lucros históricos de abril a junho e viram sua ações em alta após anunciar seus balanços.
A Petrobras disse que, apesar do desempenho positivo, boa parte da geração de caixa ainda é destinada ao pré-pagamento da dívida.
As restrições de oferta por todo o mundo se somaram à demanda em alta e provocaram efeito disseminado nos preços de todo o setor básico. Braskem e Usiminas, que fabricam bens intermediários, também viram seus resultados dispararem.
“Os resultados das empresas de commodities vão trazer crescimento para o Brasil”, afirma Luis Sales, estrategista-chefe da Guide. Segundo ele, esse efeito é um dos componentes por trás das previsões de avanço em torno de 5% do PIB em 2021.
Bancos: retomada do ritmo de crédito
Enquanto as empresas retomam investimentos, os bancos fortalecem o caixa. Afastada a ameaça de uma explosão de inadimplência, as instituições conseguiram diminuir provisões para calotes e retomar o ritmo dos crédito.
“A partir de agora já vivenciamos a perspectiva de um cenário mais próximo ao do pré-pandemia”, disse o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, nesta semana.
Após apurar lucro de R$ 6,5 bilhões no segundo trimestre, o Itaú Unibanco elevou a perspectiva para o crédito neste ano e passou a prever crescimento de até 11,5%. Mais financiamentos significam impulso maior à economia, com dinheiro para consumo e investimento.
O efeito, porém, esbarra na alta do custo. Com os riscos de a inflação permanecer em patamar elevado, o Banco Central acelerou o ritmo de alta na taxa básica de juros e as projeções indicam uma Selic próxima a 8% no fim do ano.
Otimismo e cautela entre investidores no Ibovespa
Em muitos casos, os preços têm sido repassados a consumidores ávidos pela autoindulgência. A Ambev, por exemplo, viu seus volumes de vendas crescerem acima do nível pré-pandemia na maior parte dos setores em que atua. A cervejeira lucrou cerca de R$ 3 bilhões no período, 123% a mais em um ano.
A recuperação do baque da pandemia, porém, ainda não chegou a todo mundo. “A gente percebe disparidade muito grande”, afirma Carlos Antonio Rocca, coordenador do Centro de Estudos de Mercado de Capitais da Fipe (Cemec-Fipe).
“O setor de papel e celulose está investindo pesadamente, a siderurgia se movimenta para ir na mesma linha e a indústria de construção está em plena decolagem, mas ainda tem uma parcela considerável em que as indicações não são nessa direção.” Como exemplo, ele cita as indústrias de moda, confecção e calçados. Os números vêm gerando otimismo mas também cautela entre os investidores no Ibovespa.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.