Ibovespa inverte para queda, puxado por Petrobras (PETR4) e pessimismo estrangeiro
Após abrir em alta, o Ibovespa inverteu o sentido e opera em baixa no início da tarde desta quinta-feira (25). O maior índice da Bolsa de Valores de São Paulo é pressionado pela Petrobras (PETR4), que passou a negociar no vermelho, e as bolsas mundiais que exalam pessimismo.
Por volta das 13h40, o Ibovespa caía 0,76%, para 114.764 pontos. O dia começou com o otimismo com o resultado da Petrobras, que surpreendeu com o lucro no quarto trimestre do ano passado. Os papéis da petroleira, no entanto, inverteram para queda. Os papéis ordinários e preferenciais da empresa representam cerca de 9% do índice.
Na teleconferência de resultados com o mercado, o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, disse que acha “surpreendente que ainda no século XXI estejamos discutindo sobre a paridade de preços com o mercado internacional”. A fala ocorre em meio à polêmica do aumento dos preços dos combustíveis da última semana e que culminou na demissão do executivo.
Outro papel de destaque no índice é a Vale (VALE3), a maior posição de toda a carteira teórica. Os papéis operam com estabilidade nesta quinta, antes da divulgação dos resultados do quarto trimestre do ano passado. O balanço da empresa será reportado em meio ao ótimo momento do minério de ferro no mercado internacional.
Segundo as prévias da empresa, a produção da commodity somou 84,51 milhões de toneladas entre outubro e dezembro do ano passado, representando um avanço de 7,9% ante o último trimestre de 2019.
No front externo, as atenções são voltadas à divulgação da segunda prévia do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre dos Estados Unidos. Segundo o Departamento do Comércio, a economia norte-americana cresceu à taxa anualizada de 4,1% no quarto trimestre de 2020, levemente abaixo das expectativas de analistas ouvidos pela Bloomberg. Ainda haverá a terceira — e última — divulgação do indicador.
Continua a chamar atenção a alta do rendimento dos Treasuries, títulos públicos estadunidenses. O juro da T-note de dez anos sobe a 1,444%, de 1,389% do fechamento de ontem, diminuindo o apetite por ativos de risco, como as ações.
O que sobe e o que cai no Ibovespa
- Lojas Americanas (LAME4) sobe 2,56% após a criação da joint-venture com a BR Distribuidora (BRDT3), que opera estável.
- JBS (JBSS3) avança 2,55%. A companhia considera criar uma empresa global focada exclusivamente em produtos à base de plantas.
- Eletrobras (ELET3) sobe 2,22% ainda na esteira das perspectivas com a MP da privatização.
- Wege (WEGE3) cai 5,31%, corrigindo a forte alta da última sessão, após a divulgação dos resultados do quarto trimestre.
- Ultrapar (UGPA3) recua 6,58% após divulgar números abaixo do esperado pelo mercado. Analistas pontuam compressão das margens.
Para Pedro Ivo, economista do escritório EQI, o risco político ainda ronda a Bolsa brasileira, causando a volatilidade dos últimos dias. “A segurança jurídica, que no Brasil é muito ligada à situação política, ainda está em voga nos últimos pregões. A qualquer sinal de problemas nesse sentido, os estrangeiros procuram proteger seus recursos”, afirma.
“Vale ressaltar que a volatilidade é uma métrica de risco das empresas, uma vez que os retornos a longo prazo passam a ser atribuídos de forma incerta pelos investidores. Pela perspectiva dos estrangeiros, o risco pode ter aumentado nas últimas semanas por conta das interferências políticas nas empresas ligadas ao Estado”, comenta o economista.
Última cotação
De forma distinta ao Ibovespa hoje, o índice acionário encerrou as negociações na última quarta-feira (24) com uma alta de 0,38%, a 115.667,78 pontos.