Petrobras (PETR4) reage e fica entre as maiores altas do Ibovespa em semana turbulenta na Bolsa
A semana não terminou bem para a Bolsa brasileira. Na sexta (12) o Ibovespa emendou a terceira perda consecutiva, com o aumento das tensões entre Israel e Irã e a piora do humor externo. O índice da B3 fechou o dia em baixa de 1,14%, aos 125.946,09 pontos, menor nível de encerramento desde 6 de dezembro passado. Na semana, o IBOV acabou acumulando perda de 0,67%, após retração de 1,02% no intervalo anterior. No mês, o Ibovespa cai 1,69% e, no ano, cede 6,14%. Entre as blue chips, a Petrobras (PETR4) acumulou alta semanal, entre os maiores ganhos do período.
Em Nova York, as perdas nesta última sessão da semana ficaram entre 1,24% (Dow Jones) e 1,62% (Nasdaq). Na China, o minério subiu pelo quinto dia em Dalian, a US$ 116,55 por tonelada, em alta de 3,12% – desde a retomada dos negócios nesta semana, após o feriado chinês, o minério se recuperou sem interrupção.
Para além das tensões geopolíticas no Oriente Médio, “a cotação do Ibovespa teve três dias consecutivos de quedas expressivas, e o dólar três dias seguidos de alta, muito atrelada à preocupação com os juros americanos e com a inflação mundial”, observa Dierson Richetti, sócio da GT Capital.
“O retrato da semana é de muita cautela, principalmente na Bolsa, com falta de atratividade para trazer recursos ao Brasil no momento, o que se reflete na cotação alta do dólar“, acrescenta.
Inflação e juros nos EUA: Ibovespa em queda
Nesta sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,60%, a R$ 5,1212, avançando na semana. A correlação de dólar em alta e de Bolsa em queda no intervalo refletiu, em especial, a leitura preocupante, ainda no meio da semana, sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos em março, que retardou, de junho ou julho para setembro, a expectativa de mercado quanto ao momento em que o Federal Reserve começará a cortar os juros.
“O destaque da semana foi a inflação ao consumidor dos EUA acima do esperado, que reduziu as expectativas do início do corte de juros americano ocorrer em junho”, analisa a XP em relatório.
“Com isso, a taxa da Treasury de 10 anos subiu 12bps na semana e encerrou aos 4,52%, enquanto os índices americanos tiveram uma semana de quedas, com S&P 500 acumulando perdas de 1,6%”, acrescenta.
Relatório do Inter sobre o Ibovespa na semana também reforça o impacto da inflação nos EUA: “A divulgação de inflação de março da economia americana mostrou alta de 0,4%. Com o resultado, a inflação americana acumula alta de 3,5% nos últimos 12 meses e dá sinais preocupantes de reaceleração.”
Com as principais pressões vindo da inflação de serviços, aumentou a incerteza sobre os próximos passos da política monetária, uma vez que o Federal Reserve espera bons resultados de inflação para ter maior confiança para iniciar o ciclo de cortes, o que ainda não ocorreu em 2024.
“Assim, as apostas sobre o início do ciclo de cortes são cada vez mais adiadas, com o mercado antecipando agora apenas 2 cortes de juros e com o primeiro corte podendo ocorrer apenas em setembro”, diz o relatório do Inter.
Nem os dados da inflação no Brasil – abaixo do esperado – seguraram o IBOV na semana. “O IPCA de março trouxe sinais de alívio, enquanto dados de venda do varejo apontaram uma economia brasileira ainda aquecida”, observa XP.
E o que revelou o IPCA? “O índice apresentou alta de 3,93% nos últimos 12 meses e afastou os temores de uma reaceleração da inflação, mantendo o caminho aberto para o banco central manter o ciclo de flexibilização da política monetária”, lembra o Inter.
“Além disso, tivemos a divulgação do restante dos dados de atividade. O volume de vendas no varejo surpreendeu positivamente, registrando alta de 1%, segundo mês consecutivo de alta”, diz o banco.
“Por outro lado, o volume de serviços veio pior que o esperado, com diminuição de 0,9%. Dado o desempenho negativo da produção industrial, antecipamos uma atividade menos aquecida em fevereiro, e projetamos uma queda de 0,14% no IBC-Br”, lembra ainda o relatório do Inter.
“O fiscal também voltou aos holofotes com notícias de que o governo discute reduzir a meta fiscal de 2025 de um superávit de 0,5% do PIB para um resultado entre 0,0% e 0,25%”, complementa.
Quem ganhou e quem perdeu na Bolsa na semana?
Algumas ações no Ibovespa desempenharam com força em meio ao cenário desfavorável – por outros motivos, claro. Na Bolsa, as maiores altas na semana foram da JBS (JBSS3, +4,0%), “devido ao arquivamento de denúncias do TCU contra o BNDES a respeito da compra de ações da JBS”, explica a XP.
A Petrobras (PETR3, +3,2%; PETR4, +2,2%) figurou entre as maiores altas dos últimos cinco dias – após uma semana agitada entre os dias 1º e 5 de abril com rumores sobre troca de comando e a novela da retenção dos dividendos extraordinários; As ações da estatal repercutiram notícias que apontam a permanência do CEO da estatal no cargo.
Cotação PETR4
A Vale (VALE3) fechou a semana com alta de 0,92%, em dias de ganhos do minérios de ferro.
No lado das maiores perdão estão a CVC (CVCB3; -18,0%), que caiu na semana após anunciar troca do CFO da companhia, a Azul (AZUL4; -13,9%), em razão de uma combinação de queda no preço das passagens aéreas apontada pelo IPCA – afetada ainda pela alta do dólar.
Ibovespa: o que acompanhar na próxima semana
Investidores vão estar de olho na próxima semana nos indicadores de atividade na China, incluindo PIB do 1º trimestre, vendas no varejo e produção industrial de março, que saem na segunda (15). “Além disso, teremos a divulgação dos índices de preços ao consumidor de março em algumas das principais economias do mundo, incluindo Reino Unido e zona do euro na quarta”, diz a XP.
“Por último, dirigentes do banco central dos EUA e da zona do euro falarão publicamente. Estas falas ganham relevância após a divulgação de dados fortes nesta semana, e os dirigentes podem dar novas orientações sobre a condução da política monetária adiante”, complementa.
No Brasil, o Ibovespa terá poucos indicadores econômicos para acompanhar. O mais importante será o o IBC-Br – prévia do PIB. “De maior relevância, o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, que traz prioridades e metas do governo para o ano que vem, será divulgado na segunda”, observa a XP.
Com Estadão Conteúdo