Em novo relatório sobre as projeções para os mercados latino americanos em 2025, o Morgan Stanley rebaixa sua exposição ao Brasil para underweight (venda) e projeta o Ibovespa em 146 mil pontos ao final do ano que vem.
O Morgan Stanley avalia que questões políticas têm prejudicado o potencial da América Latina, indicando que é necessário superar diversos obstáculos para que a região recupere uma narrativa de investimento convincente, apesar dos valuations atrativos.
Os riscos políticos e as incertezas sobre o crescimento, dizem os analistas, são mais preocupantes nos casos do Brasil e do México.
“Embora exista um cenário positivo para Brasil e México, é cedo para construir um portfólio com base nisso, e as condições podem piorar antes de melhorar”, afirmam os estrategistas.
O relatório aponta que os riscos de dominância fiscal no Brasil — quando desequilíbrios nas contas públicas reduzem a eficácia da política monetária — são elevados.
O cenário otimista para o Brasil, de acordo com o Morgan Stanley, seria um “pouso suave” do modelo atual de crescimento, baseado no consumo e nos gastos do governo, seguido por uma transição para investimentos e exportações. Isso dependeria de quedas nas taxas de juros e de uma redução nos riscos fiscais.
“Monitoraremos sinais de mudanças de curso na política econômica brasileira que possam priorizar investimentos e reduzir taxas de juros, permitindo maior crescimento do investimento e aumentando o valor presente líquido dos lucros futuros das empresas brasileiras”, destaca a casa.
Apesar disso, o Morgan Stanley justifica sua posição underweight para o Brasil devido ao alto risco de que esse cenário positivo não se concretize.
A casa alerta ainda que o Brasil pode ser o país mais impactado da América Latina com a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas, já que um câmbio mais desvalorizado e taxas de juros globais mais altas poderiam pressionar ainda mais as já apertadas condições financeiras no Brasil.
Projeções para o Ibovespa
Diante disso, o Morgan Stanley espera que o dilema fiscal brasileiro mantenha as taxas de juros elevadas. A casa estima que o governo realize cortes de gastos próximos às expectativas do mercado (em torno de R$ 50 bilhões), enquanto o crescimento econômico e de lucros devem desacelerar.
Assim, os analistas projetam o Ibov a 146 mil pontos em 2025, o que representa um potencial de alta de aproximadamente 14% em um ano.
Já em um cenário mais otimista, no qual o modelo econômico brasileiro migra para investimentos e exportações, o banco prevê taxas de juros significativamente mais baixas, suporte ao investimento e aceleração nos fluxos de ações domésticas. Isso, segundo a casa, levaria o índice Bovespa a 160 mil pontos, um aumento potencial de 25%.
O Morgan Stanley recomenda foco em setores como digitalização, energia e agricultura, enquanto sugere evitar empresas cíclicas domésticas, incluindo small e mid caps, que foram destaque em 2024. Com juros elevados, o banco também vê riscos significativos para empresas do Ibovespa voltadas ao mercado interno.