O Ibovespa encerrou a sessão de hoje (4) em queda de 1,21%, aos 131.225,91 pontos. A máxima do dia foi de 132.885,11 pontos, enquanto a mínima foi de 131.023,71 pontos. Já o volume financeiro diário somou R$ 21,6 bilhões. A pausa é natural neste começo de ano, considerando a forte progressão do Ibovespa em novembro e dezembro, que o colocou em níveis recordes no fim de 2023.
Amanhã, sexta-feira, vem o dado mais aguardado da semana, o relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em dezembro, que ganha peso especial após a cautelosa ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, divulgada ontem. Mesmo antes do documento, o mercado já devolvia parte do entusiasmo que se viu no mês passado, com a expectativa de que o BC americano poderia iniciar já em março o ciclo de corte da taxa de juros nos Estados Unidos.
A queda do Ibovespa hoje, a pior desde 27 de outubro de 2023, acompanhou o desempenho de algumas das principais Bolsas de Valores dos EUA, com exceção da Dow Jones:
- Dow Jones: +0,03%, aos 37.440,67 pontos;
- S&P500: -0,34%, aos 4.688,75 pontos;
- Nasdaq: -0,56%, aos 14.510,30 pontos.
Já o dólar à vista terminou o dia em baixa de 0,15%, cotado a R$ 4,9074. Na máxima diária, a moeda dos Estados Unidos alcançou R$ 4,9365, e na mínima, R$ 4,9040.
“O Fed reconheceu melhora na inflação, mas reforçou também a dependência dos próximos dados, até porque, embora a inflação esteja convergindo, continua a rodar acima da meta”, diz Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, em referência à postura cautelosa emitida ontem na ata do comitê de política monetária, o Fomc, que resultou em realinhamento parcial das expectativas de mercado quanto ao momento em que os juros americanos começarão a cair.
“Tivemos hoje um dia de queda mais forte na Bolsa, especialmente para as small caps as ações de menor capitalização de mercado. A ata do Fed continuou a fazer preço, e os juros dos Treasuries já vêm em alta desde a última semana. A ata foi um novo propulsor para essa alta de juros, o que não é bom para os ativos de risco”, diz Rafael Schmidt, sócio da One Investimentos. Assim, o rendimento da T-note de 10 anos, que estava em 3,84% no último dia 28, foi hoje a 4%.
“O relatório de empregos da ADP, divulgado pela manhã, veio bem acima do esperado, o que reforça a expectativa para o relatório oficial, o payroll de amanhã”, acrescenta Schmidt, destacando a possibilidade de correção adicional na curva de juros futuros.
Nesta quinta-feira, além dos números da ADP, leitura um pouco acima do esperado para o índice de atividade (PMI) de serviços dos Estados Unidos contribuiu para reforçar a narrativa de que o corte de juros do Fed não deve vir tão cedo quanto se antecipava recentemente. Assim, os rendimentos dos Treasuries se fortaleceram ao longo da tarde, fazendo com que a alta dos índices de ações em Nova York murchasse, gradativamente.
Em outro desdobramento do dia, a leitura semanal dos estoques de petróleo dos Estados Unidos tirou fôlego dos preços da commodity, que ontem haviam saltado em meio ao aprofundamento da tensão geopolítica no Oriente Médio – retirando, nesta quinta-feira, o suporte que as ações da Petrobras tinham proporcionado, ontem, ao Ibovespa. Se, por um lado, houve queda acima do esperado para os estoques de petróleo nos EUA, por outro o mercado tomou nota do aumento das reservas de gasolina, em 10,9 milhões de barris.
Colaborou para a queda do Ibovespa hoje o desempenho negativo da Petrobras. As ações PETR3 caíram 1,23%, enquanto as ações PETR4 tiveram baixa de 0,90%. As ações da Vale (VALE3), por sua vez, registraram desvalorização de 1,50%.
A ação do Ibovespa que mais subiu hoje foi a do Assaí (ASAI3), com +2,16%, enquanto o destaque negativo foi a MRV (MRVE3), cuja queda diária fora de 6,22%.
Maiores altas do Ibovespa
- Assaí (ASAI3): +2,16%
- Braskem (BRKM5): +1,37%
- BB Seguridade (BBSE3): +0,71%
- Ambev (ABEV3): +0,59%
- ISA Cteep (TRPL4): +0,15%
Maiores quedas do Ibovespa
- MRV (MRVE3): -6,22%
- Alpargatas (ALPA4): -5,94%
- Casas Bahia (BHIA3): -5,20%
- Pão de Açúcar (PCAR3): -4,75%
- Eztec (EZTC3): -4,62%
O que movimentou o Ibovespa hoje?
Segundo Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital, o Ibovespa já abriu em queda hoje (4), e depois essa baixa se acentuou no decorrer do dia com dados que foram divulgados.
“Na minha visão, esse movimento se dá hoje devido, principalmente, ao dado de PMI de Serviços do Brasil que saiu hoje. Chegamos no menor patamar dos últimos 3 meses, com um recuo de 50,5 em dezembro. E essa redução reflete uma desaceleração da economia, um baixo consumo da economia quase chegando a um nível de contração. Ainda estamos em um período de expansão, que é um limite acima de 50, e abaixo de 50 é a contração da economia. O mercado entendeu que esse dado mostra uma desaceleração da economia interna brasileira”, explica Richetti.
Entre as altas do Ibovespa hoje se destaca o Assaí (ASAI3), que o especialista enxerga como um movimento de ajuste de posição, mas que se trata de uma companhia com “grande perspectiva de crescimento”.
Ele também destaca que as baixas refletem os dois segmentos que mais caíram hoje, que é o de shoppings e o de construção civil, diante da alta dos juros futuros. Nesse sentido, Alpargatas (ALPA4), MRV (MRVE3), Pão de Açúcar (PCAR3), Casas Bahia (BHIA3) e Grupo Soma (SOMA3) são empresas que estão correlacionadas e acabam sofrendo com os juros elevados.
Por fim, o especialista destaca suas perspectivas para o mês de janeiro, lembran que o Ibovespa subiu forte no final de dezembro.
“As oportunidades existem, mas agora também há um momento de realizações em que investidores fizeram aquisições de boas ações e que chegaram na sua valorização. Acabam fazendo uma realização. É previsível essa realização, pelo menos no suporte de 132 mil que bateu hoje, nesse primeiro momento, para depois voltar com mais força e buscar, por exemplo, 140 mil”, completa Richetti.
Último fechamento do Ibovespa
O Ibovespa terminou o pregão desta quarta-feira (3) em leve alta de 0,10%, aos 132.833,95 pontos.
Com Estadão Conteúdo