Ibovespa fecha em queda, aos 115 mil pontos, e acumula baixa de 5% em agosto; Vale (VALE3) sobe, enquanto Petrobras (PETR4) e bancos caem
O Ibovespa fechou em queda de 1,53% na sessão desta quinta-feira (31), aos 115.741 pontos, no último pregão do mês marcado por uma sequência histórica de 13 quedas seguidas e somente 5 ganhos. As ações da Vale (VALE3) chegaram a liderar as altas do índice na abertura e terminaram a sessão no positivo, enquanto Petrobras (PETR4) e bancos cederam.
No fechamento, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) terminaram em queda de 2,08% e as ordinárias (PETR3) caíram 3,83%. No lado oposto, os papéis da Vale (VALE3) tiveram ganhos de 0,60%.
Na ponta negativa, liderou as quedas do índice a CVC (CVCB3), caindo 9%.
Entre os bancos, o Itaú (ITUB4) caiu 0,87%, o Banco do Brasil (BBAS3) cedeu 0,92%, o Bradesco (BBDC4) recuou 1,39% e o Santander (SANB11) teve queda de 1,53%, em dia da publicação do projeto de lei que acaba com o JCP a partir de 2024.
Preocupações com o rumo das contas públicas do Brasil sobrepõem ao exterior positivo, onde as bolsas americanas e europeias, além das commodities sobem. Por aqui, os investidores estão à espera do envio da peça orçamentária pelo governo ao Congresso na tarde desta quinta-feira, 31.
Após subir 0,09%, na máxima aos 117.636,62 pontos, o Ibovespa passou a ceder, chegando à mínima dos 116.634,50 pontos (-0,77%). Em meio ao avanço do dólar para a faixa dos R$ 4,9446 (máxima) e dos juros futuros, diante de temores inflacionários, ações ligadas ao consumo recuam. Ainda cedem os papéis de grandes bancos e as da Petrobras, a despeito da alta perto de 1,00% do petróleo em Londres (tipo Brent, referência para a estatal).
Neste ambiente, o Ibovespa fechou agosto recuo de pouco mais de 5%. Ontem, fechou em baixa de 0,73%, aos 117.535,10 pontos, puxado por duvidas fiscais.
Na quarta-feira, foi aprovada a desoneração da folha de salários para 17 setores da economia até 2027. A notícia ofusca o efeito positivo esperado da aprovação do projeto que restaura o voto de qualidade do Carf. O aval do Senado ao projeto do Carf representa uma vitória do ministério da Fazenda na busca de cumprimento da meta de zerar o déficit primário do governo federal em 2024. Porém, o assunto ainda gera incerteza no mercado.
“O mercado tem passado por semanas difíceis, a liquidez está reduzida, falta muito catalisador interno. O mercado ainda está cético quanto à capacidade de o governo zerar o déficit primário em 2024. Essa meta de zeragem do déficit, de elevar a arrecadação é audaciosa”, avalia Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos.
Nesta quinta, o resultado primário do setor público, informado mais cedo, com déficit R$ 35,809 bilhões em julho – pior do que a mediana negativa de R$ 30,850 bilhões – eleva a cautela doméstica.
O economista Matheus Pizzani, da CM Capital, destaca os números piores do que o esperado da dívida pública brasileira em julho. Segundo ele, o principal motivo para a deterioração acentuada foi o déficit primário do governo central, informado ontem que veio muito maior do que as estimativas apontavam inicialmente, “resultado direto do crescimento de aproximadamente 40% com gastos previdenciários no período.”
“A expectativa é que o comportamento do mês de julho se repita ao longo do segundo semestre de 2023, uma vez que a tendência é que a arrecadação do governo sofra uma piora gradual seja por conta de fatores sazonais ou mesmo em função da já esperada desaceleração do nível de atividade econômica, que afetará tanto a arrecadação direta de impostos quanto a arrecadação via mercado de trabalho”, avalia Pizzani, em nota.
O setor de bancos continua no radar do mercado, em meio à possibilidade de fim da dedutibilidade dos juros sobre capital próprio (JCP). “É um tema que o mercado já conhecia. Então, não é só isso que contamina o Ibovespa. Há recuo em bloco das ações. Vimos a dívida pública brasileira em ascensão hoje, bem alta. As incertezas continuam, e isso pode gerar volatilidade em setembro, dadas as dúvidas em relação à capacidade de o governo aumentar a arrecadação”, diz Moura, da Finacap.
Os investidores ainda seguem atentos a sinais sobre política monetária. O indicador preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), o Índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), que saiu mais cedo, ficou perto da estabilidade.
Também no radar dos investidores
No radar dos investidores, está a aprovação pelo Senado na quarta-feira (30), por 34 votos favoráveis e 27 contrários, do projeto de lei que restabelece voto de desempate pró-governo no Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf). A medida deve ajudar a aumentar a arrecadação.
Entre os indicadores econômicos, a taxa de desocupação no Brasil ficou em 7,9% no trimestre encerrado em julho, de acordo com os dados mensais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados nesta quinta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio em linha com a mediana das estimativas de analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, de 7,9%.
Também hoje, conforme lei publicada no Diário Oficial da União (DOU), o presidente Lula sancionou o novo arcabouço fiscal que substituirá o antigo Teto de Gastos, com dois vetos. O novo regime teve sua aprovação finalizada no Congresso no último dia 22, em uma segunda votação na Câmara, depois de ter passado também pelo Senado.
No cenário corporativo, a Via (VIIA3) comunicou nesta quinta-feira (31) que engajou o Bradesco BBI, BTG Pactual (BPAC11), UBS Brasil, Itaú Unibanco (ITUB4) e Santander (SANB11), bem como suas respectivas afiliadas, para a coordenação de uma potencial oferta pública de distribuição primária de ações. A varejista espera captar R$ 1 bilhão com a operação, que poderá ser acrescida de lote de ações adicionais.
Maiores altas e baixas do Ibovespa
- Maiores Altas
- Maiores Baixas
Dólar sobe com mercado local e dados de inflação nos EUA
O dólar comercial iniciou a sessão desta quinta-feira em alta, em um pregão que pode ter como destaque uma maior volatilidade devido à formação da ptax de fim de mês.
Perto das 10h30, o dólar comercial subia 0,06%, cotado a R$ 4,896.
No radar dos investidores, está a discussão sobre o marco fiscal, já que hoje encerra o prazo para a equipe econômica entregar o Congresso Nacional o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) de 2024.
No cenário externo, o mercado digere o relatório de inflação de consumo pessoal (PCE) de julho nos Estados Unidos, que veio em linha com esperado.
Bolsas da Ásia fecham na maioria em baixa, com China no radar
Os mercados acionários da Ásia não tiveram sinal único nesta quinta-feira (31), mas caíram em sua maioria. O quadro em Xangai foi negativo, com indicadores da China sendo avaliados, mas Tóquio subiu.
Na China, a Bolsa de Xangai fechou em baixa de 0,55%, em 3.119,88 pontos, e a de Shenzhen, de menor abrangência, caiu 0,58%, a 2.037,32 pontos.
Na agenda de indicadores, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria da China subiu de 49,3 em julho a 49,7 em agosto, ante previsão de 49,5 dos analistas ouvidos pela FactSet. Já o PMI de serviços recuou de 51,5 em julho a 51,0 em agosto, como esperado por analistas. Os números mistos não empolgaram analistas.
Em Tóquio, o índice Nikkei registrou alta de 0,88%, a 32.619,34 pontos.
O índice Kospi, em Seul, fechou em baixa de 0,19%, em 2.556,27 pontos. O mercado sul-coreano vinha de três dias de ganhos, o que abriu espaço para ajuste.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng registrou baixa de 0,55%, a 18.382,06 pontos e na Oceania, na Bolsa de Sydney, o índice S&P/ASX 200 fechou em alta de 0,10%, em 7.305,30 pontos.
Cotação do Ibovespa nesta quarta (30)
O Ibovespa terminou o pregão de ontem (30) em baixa de 0,73%, aos 117.535,10 pontos.
Com Estadão Conteúdo