Ibovespa recua 1,68%, aos 110,4 mil pontos; Petrobras (PETR4) cai 5,95%
O Ibovespa hoje encerrou a terça-feira (3) em queda de 1,68% aos 110.430,64 pontos, após oscilar entre 110.103,11 e 112.868,78. Na semana, cede 1,66%, colocando os ganhos do mês, que termina na quarta-feira, a 7,04% – no ano, o índice sobe 5,35%. O giro financeiro desta terça-feira foi a R$ 27,6 bilhões.
A expectativa por estreitamento das condições de liquidez nas maiores economias, em meio ao processo de elevação de juros nos Estados Unidos e também na Europa, e a perda de dinamismo econômico na China, grande consumidora de commodities, tem posto um freio no apetite por risco nas últimas sessões, após o Ibovespa ter saído da faixa de 95 a 96 mil pontos, nas mínimas de julho, para a de 114 mil pontos, nos melhores momentos intradia deste mês de agosto.
A situação econômica chinesa, que permanece atípica desde a política de tolerância zero à covid, foi agravada recentemente pelas elevadas temperaturas e pela seca na atual temporada de verão, com impacto direto sobre o preço do minério de ferro. Assim, o quadro global combina luta contra a inflação nos Estados Unidos e na Europa e menor ritmo de atividade no gigante asiático.
“O yield de 2 anos nos Estados Unidos tem sido especialmente pressionado, refletindo a expectativa de um ajuste maior, no curto prazo, na taxa de referência do Fed. Volta a crescer a expectativa de que venha novo aumento de 75 pontos-base nos juros na reunião de setembro do comitê de política monetária do BC americano. Os dados de hoje sobre mercado de trabalho (relatório JOLTS) e o índice de confiança do consumidor (do Conference Board) vieram fortes, corroborando a impressão de que o Fed precisará ser rígido”, diz Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos.
Ele destaca também o efeito da correção nos preços do minério de ferro sobre as ações de Vale e da siderurgia, com a desaceleração chinesa. Nesta terça, a tonelada seca do minério foi negociada abaixo de US$ 100 pela primeira vez em cinco semanas.
“Ainda estamos um pouco sob efeito da ressaca do discurso do Jerome Powell (presidente do Fed) na semana passada em Jackson Hole. Foram apenas oito minutos de discurso, em geral dura meia hora. Powell foi seco, lacônico, com mensagem dura que preocupou o mercado. A visão do mercado e do Fomc, nos ‘dot plots‘, mostra que a do mercado era mais otimista do que a dos diretores do Fed. A visão era mais benigna, e não veio ‘pivô’ no discurso do Powell, ao contrário do que se esperava. A linha é: vamos subir juros e pronto. Há muita pressão, com inflação ainda alta por lá e atividade econômica cedendo”, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Na zona do euro, o Banco Central Europeu (BCE), que volta a deliberar sobre juros na semana que vem, precisará agir de forma decisiva para controlar a inflação, na visão do presidente do Bundesbank (o BC da Alemanha), Joachim Nagel, de acordo com relato da Reuters.
“Na minha visão, um aumento maior dos juros reduz o risco de que as expectativas inflacionárias se desancorem”, disse Nagel, que faz parte do grupo que decide a política monetária do BCE. Ele argumentou que a instituição não pode “atrasar” a alta dos juros por medo de possível recessão no bloco monetário, uma vez que a inflação não retornará à meta “por conta própria”.
A maior parte dos investidores do mercado financeiro aposta em um aumento de 75 pontos-base na taxa de juros da zona do euro pelo Banco Central Europeu. De acordo com dados da Refinitiv, 67% dos entrevistados apostam neste cenário. A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 8 de setembro.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York fecharam em baixa. A abertura positiva logo deu lugar a quadro negativo, impulsionado por alguns indicadores que reforçam apostas de aperto na política monetária. Entre os setores, o de energia foi o que mais caiu, em dia de queda forte do petróleo.
- Dow Jones: -0,96%, aos 31.790,87 pontos;
- S&P 500: -1,10%, aos 3.986,16 pontos;
- Nasdaq: -1,12%, aos 11.883,14 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 1,58%, a R$ 5,1130, após oscilar entre R$ 5,0110 e R$ 5,1200.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa forte. Houve realização de lucros, após o WTI bater máxima em cerca de um mês, e também com várias notícias do setor sendo monitoradas, algumas delas apontando para a possibilidade de maior oferta. Além disso, continuam as preocupações com a perda de fôlego na economia global, com consequente impacto negativo para a demanda pelo óleo.
O petróleo WTI para outubro fechou em baixa de 5,54% (-US$ 5,37), a US$ 91,64 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro caiu 4,95% (-US$ 5,09), a US$ 97,84 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O ouro caiu nesta terça-feira, pressionado pelo avanço dos rendimentos dos Treasuries, que vêm subindo em meio à perspectiva da continuidade de uma postura hawkish do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). As quedas do metal precioso, no entanto, foram contidas pelo enfraquecimento do dólar.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para dezembro terminou em baixa de 0,76%, em US$ 1.736,3 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, com poucas altas na sessão, quem liderou foi Localiza (RENT3), com +1,43%, após a revisão de recomendação do banco americano Morgan Stanley, que subiu de neutra para compra. Além disso, Positivo (POSI3) avançou 1,04% e Vibra (VBBR3) ganhou 0,74%.
Acompanhando o petróleo, Petrobras (PETR3, PETR4) perdeu 5,64% e 5,95%, respectivamente. Vale (VALE3) também recuou 2,90%, com a baixa do minério de ferro.
Grandes bancos também fecharam no vermelho, com exceção de Santander (SANB11), que subiu 0,17%. Bradesco (BBDC3, BBDC4) caiu 0,06% e 0,31% nesta ordem, Banco do Brasil (BBAS3) registrou -0,28% e Itaú (ITUB4) perdeu 0,45%.
Companhias aéreas também se destacaram na lista negativa, com GOL (GOLL4) caindo 6,22% e Azul (AZUL4) cedendo 4,84%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Localiza (RENT3): +1,43% // R$ 62,23
- Positivo (POSI3): +1,04% // R$ 11,69
- Vibra (VBBR3): +0,74% // R$ 19,08
- Hypera (HYPE3): +0,60% // R$ 43,80
- Itaúsa (ITSA4): +0,54% // R$ 9,34
Maiores baixas do Ibovespa:
- CVC (CVCB3): -8,15% // R$ 7,55
- IRB Brasil (IRBR3): -7,53% // R$ 1,72
- GOL (GOLL4): -6,22% // R$ 10,40
- Banco Pan (BPAN4): -6,05% // R$ 7,46
- Petrobras (PETR4): -5,95% // R$ 32,43
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Bradesco (BBDC4), BB Seguros e Porto lideram setor de seguridade em 2022
- Petrobras (PETR4): banco corta recomendação e preço-alvo. E a projeção de dividendos?
Bradesco (BBDC4), BB Seguros e Porto lideram setor de seguridade em 2022
O Bradesco (BBDC4) lidera tanto no segmento de capitalização (22,6%) quanto no de saúde suplementar (12,8% do mercado em março) do mercado de seguros. As informações são do ranking do setor de seguros, compilado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg) a partir de dados dos grupos econômicos que atuam em cada segmento.
Além disso, a Porto (ex-Porto Seguro) continua na liderança entre as seguradoras do ramo de danos e responsabilidades no mercado brasileiro, com 15,2% do mercado em junho, enquanto na cobertura de pessoas, a BB Seguros segue à frente, com 26,6% do setor.
Em danos e responsabilidades, a Porto teve arrecadação de R$ 15,2 bilhões nos 12 meses encerrados em junho, alta de 17% sobre o período de 12 meses anterior, e manteve a liderança. Logo em seguida, a Tokio Marine cresceu 30,4% em relação ao intervalo anterior, e passou da terceira para a segunda posição, com arrecadação de R$ 8,3 bilhões. Em terceiro veio a Mapfre, com crescimento de 19,9% e arrecadação de R$ 8,2 bilhões.
Na cobertura de pessoas, o que inclui riscos de pessoas (como o seguro de vida) e planos de acumulação (previdência), a BB Seguros cresceu 4,9%, com arrecadação de R$ 54,1 bilhões.
A segunda colocada foi a Bradesco Seguros, que ganhou uma posição no ranking, com crescimento de 15,8% e arrecadação de R$ 42,2 bilhões. Logo em seguida veio a Caixa Seguros, com alta de 3,3% e arrecadação de R$ 38,8 bilhões no período.
Nos produtos de capitalização, as três primeiras posições foram mantidas. Em primeiro está o Bradesco, com crescimento de 11,8% em um ano, para R$ 5,9 bilhões em arrecadação, e em seguida a BB Seguros, com alta de 1,5% e R$ 4,8 bilhões em prêmios. Em terceiro, o Santander arrecadou R$ 4 bilhões, alta de 11,4% em relação ao período de 12 meses encerrado em junho de 2021.
Na saúde suplementar também houve manutenção nas primeiras posições do ranking, com o Bradesco em primeiro lugar e arrecadação de R$ 31,9 bilhões nos 12 meses encerrados em março deste ano. A SulAmérica veio em seguida, com R$ 22,4 bilhões arrecadados, crescimento de 6,5%. A Amil, terceira colocada, teve queda de 2,8%, para R$ 19,1 bilhões.
“O desempenho significativo de dois dígitos de várias seguradoras demonstra que o avanço do setor está espalhado por diversos grupos, o que corrobora a visão que se trata de um setor onde há grande competição entre as diversas empresas”, diz Alexandre Leal, diretor técnico e de estudos da CNSeg.
Petrobras (PETR4): banco corta recomendação e preço-alvo. E a projeção de dividendos?
A Petrobras (PETR4) teve a recomendação de compra para as suas ações preferenciais rebaixada pelo Itaú BBA na noite desta segunda-feira (29).
A Petrobras perdeu a indicação de outperform (equivalente a compra) e ganhou a de marketperform (equivalente a neutra), além de encarar uma redução no preço-alvo de suas ações de R$ 43 para R$ 38.
Para os o time de analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello, desde o início da cobertura da empresa por parte da casa em junho, mudanças importantes no cenário macro tornaram o cenário desafiador para a petroleira.
A distribuição de dividendos da Petrobras, muito acima do esperado, e uma acomodação de preços internacionais levaram a mudanças na dinâmica de precificação doméstica para a empresa.
Apesar do impacto das mudanças, Itaú BBA ainda espera que a companhia apresente resultados fortes e fundamentos sólidos nos próximos meses, que devem ser marcados pela volatilidade.
O Itaú BBA projeta um pagamento de dividendos no valor de R$ 4,7 por ação da Petrobras no segundo semestre de 2022, o que resulta em um dividend yield de cerca de 7% por trimestre. No segundo trimestre a estatal distribuiu R$ 49,7 bilhões aos acionistas, R$ 6,732 por ação, pagos em duas parcelas.
O primeiro trimestre da empresa foi marcado por uma forte geração de caixa e pagamento de proventos. Os time de analistas espera uma geração mais modesta da petroleira até o fim do ano, devido a preços menores do petróleo e derivados, paradas de manutenção afetando os níveis de produção e menor entrada de caixa na venda de ativos.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -1,68%
- IFIX hoje: +0,16%
- IBRX hoje: -1,78%
- SMLL hoje: -1,59%
- IDIV hoje: -1,30%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (29)
O Ibovespa fechou o pregão da última segunda-feira (29) em leve alta de 0,02% aos 112.323,12 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)