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Ibovespa fecha perto da estabilidade; Petrobras (PETR4) sobe 2,5%

CMN muda regras para títulos. Foto: Unsplash

Mercado. Foto: Unsplash

Ibovespa hoje encerrou a segunda-feira (29) em leve alta de 0,02% aos 112.323,12 pontos, após oscilar entre 111.689,15 e 113.221,54. Bem fraco, o giro financeiro limitou-se a R$ 20,8 bilhões, mas as compras de ações eram favorecidas, mais cedo, por forte ajuste no câmbio.

O desempenho do petróleo impulsionou as ações da Petrobras e do setor de energia – apesar da perda de fôlego também no segmento perto do fim da sessão. No melhor momento, chegou a devolver o Ibovespa aos 113 mil pontos neste começo de semana. Hoje, nos mercados acionários do exterior, ainda prevaleceu cautela decorrente dos sinais ‘hawkish’ sobre a política monetária não apenas nos Estados Unidos mas também na zona do euro, onde no próximo dia 8 haverá nova deliberação sobre os juros.

“Além do setor de petróleo, as ações sensíveis a juros, como as de varejo e construção, tiveram desempenho positivo na B3, com o boletim Focus trazendo projeções mais baixas para a inflação no Brasil. Se Vale e siderurgia tivessem operado na mesma direção de Petrobras, o desempenho do Ibovespa seria melhor na sessão. Mas o setor tem sido afetado pela baixa no preço do minério, em meio a incertezas sobre a demanda e o grau de crescimento efetivo da economia chinesa no ano, que pode ficar em algo como 2% a 3%, muito baixo para os padrões do país”, diz Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, destacando que o setor de construção e infraestrutura responde por 20% a 30% do PIB chinês.

Bolsas europeias e asiáticas também começaram a semana em baixa, adicionando ao momento de alta de juros nos EUA o risco de uma crise energética, no primeiro grupo de mercados, e crescentes preocupações sobre uma crise imobiliária, no segundo”, observa Alvaro Feris, especialista da Rico Investimentos.

Se o minério de ferro perde fôlego ante sinais mais fracos sobre a atividade na China, a recente recuperação do petróleo, caso se prolongue, traz incerteza quanto ao efeito para a inflação americana.

Como pano de fundo macro para os mercados globais, persiste a incerteza sobre o grau de ajuste ainda necessário nos juros para que os maiores BCs, especialmente Fed e BCE, deixem de estar “atrás da curva”. “O Fed enfrenta um duplo desafio: reduzir a inflação com um mercado de trabalho aquecido; e as empresas operando abaixo da capacidade com contínuos aumentos salariais”, aponta Rodrigo Simões, professor da FAC-SP, especialista em finanças e economia. Na sexta-feira, os mercados estarão concentrados em nova leitura sobre o mercado de trabalho americano, com os dados oficiais de agosto sobre a geração de vagas, a taxa de desemprego e o ganho salarial médio.

“O que pode aliviar a alta da inflação americana é a queda da cotação do petróleo abaixo de US$ 90 o barril, e a taxa de juros chegando a 4% ao ano”, acrescenta Simões, referindo-se aos Fed funds, a taxa de referência dos Estados Unidos, hoje em faixa até 2,50% ao ano.

“Ativos de risco globais abriram a semana no mesmo tom negativo com que fecharam a sessão de sexta-feira, após Jerome Powell reiterar o comprometimento do Fed com o mandato de estabilidade de preços, mesmo que isso resulte em ‘alguma dor para as famílias e negócios nos EUA'”, aponta em nota a Guide Investimentos. “Ao longo do fim de semana, autoridades de outros grandes bancos centrais seguiram a mesma linha, com destaque para as falas de Isabel Schnabel, do BCE Banco Central Europeu, que admitiu que é possível que a instituição tenha de continuar a subir os juros mesmo que a economia europeia entre em recessão”, acrescenta a Guide.

A conjunção de declarações ‘hawkish’, nos Estados Unidos e na Europa, produziu estresse nas curvas de juros americana e de outras grandes economias nesta abertura de semana, com efeito sobre as bolsas de fora e respectivas moedas.

Dessa forma, ainda movido pelo noticiário externo e pela expectativa de aperto monetário nas economias centrais, o noticiário doméstico permanece em segundo plano, mesmo no dia seguinte ao acalorado debate presidencial – especialmente entre Lula e Bolsonaro – que, na visão de analistas políticos, contribui para eventual definição em segundo turno da disputa nas urnas em outubro. “O debate atraiu muita atenção, mas não fez preço hoje”, diz Farto, da Renova Invest.

Bolsas de Nova York

Os mercados acionários de Nova York terminaram o dia em baixa, nesta segunda, estendendo o tombo da sexta-feira. Ainda continuava a influenciar a perspectiva de juros mais altos nos Estados Unidos, que tende a ser negativa para as ações. Hoje, o setor de tecnologia esteve entre os mais pressionados nas bolsas americanas, mas o de energia exibiu ganho forte, apoiado pelo petróleo.

dólar à vista fechou em queda de 0,88%, a R$ 5,0334, após oscilar entre a mínima de R$ 5,0110 e máxima de R$ 5,0907.

Os contratos futuros de petróleo fecharam com ganhos nesta segunda-feira (29). A alta do petróleo foi apoiada pela possibilidade de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) corte sua oferta da commodity, com a temporada de furacões na região do Atlântico também no radar. Além disso, o Irã continuava a negociar com potências um acordo nuclear, por enquanto sem desfecho nesse diálogo.

O petróleo WTI para outubro fechou em alta de 4,24% (US$ 3,95), em US$ 97,01 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o petróleo Brent para novembro avançou 3,96% (US$ 3,92), a US$ 102,93, na Intercontinental Exchange (ICE).

O ouro registrou queda modesta, nesta segunda. Em sessão volátil, o metal não mostrou impulso, ainda pressionado pela perspectiva de elevação nos juros pelo mundo, inclusive nos Estados Unidos e na Europa.

O ouro para dezembro terminou em baixa de 0,01%, em US$ 1.749,70 a onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).

No Ibovespa hoje, o Banco Pan (BPAN4) liderou as maiores altas do dia, com +10,74%, beneficiado pela expectativa do início da concessão do crédito consignado, segmento que é foco do banco, para os beneficiários do Auxílio Brasil.

As companhias atreladas ao petróleo valorizaram hoje. Vibra (VBBR3) subiu 2,88%, PetroRio (PRIO3) ganhou 2,52% e Petrobras (PETR3, PETR4) teve alta de 2,16% e 2,50%, respectivamente. Ainda no ranking positivo, CVC (CVCB3) registrou +2,62%.

O setor bancário do índice fechou misto, com Banco do Brasil (BBAS3) em destaque, com valorização de 2,07%. Bradesco (BBDC3, BBDC4) avançou 0,31% e 0,36%, nesta ordem. Santander (SANB11) caiu 0,23% e Itaú (ITUB4) perdeu 0,34%.

Vale (VALE3) acompanhou a queda do minério de ferro e ficou em -1,93% no dia.

Na liderança entre as maiores perdas do índice, IRB Brasil (IRBR3) recuou 5,58%, diante da expectativa negativa do mercado sobre oferta de ações da companhia nesta quinta-feira (1º). Outros destaques da lista foram Usiminas (USIM5), com -5,19% e Hapvida (HAPV3), que perdeu 4,84%.

Maiores altas do Ibovespa:

Maiores baixas do Ibovespa:

Outras notícias que movimentaram o Ibovespa

IRB (IRBR3): Inter corta preço-alvo e só prevê melhora em 2023; ações caem 5,58%

O Inter Research atualizou suas perspectivas para a ação do IRB Brasil (IRBR3), com recomendação “neutra”, reduzindo o preço-alvo de R$ 3 para R$ 2. O analista Matheus Amaral diz que espera melhora dos resultados da companhia somente ao final de 2023. As ações do IRB caíram nesta segunda (29) com a expectativa negativa do mercado em relação à oferta de ações anunciada no último dia 24.

O analista prevê que o resultado de 2022 do IRB será negativo em R$ 392 milhões. Estima, porém, um lucro do IRB vai alcançar R$ 218 milhões em 2023.

O Inter descreve o efeito atípico no primeiro semestre de 2022 do IRB, impactado pelo desempenho no agronegócio que trouxe um prejuízo de R$ 293 milhões, apesar de estar reportando menores menores índices de sinistralidade e melhores margens de underwriting.

Assim, o analista espera uma “virada de resultado” em 2023, porque já deverá contar com “menores efeitos de contratos não-rentáveis e uma sinistralidade normalizada”, além de um ramo de vida normalizado, com a vacinação controlando os óbitos pela Covid.

“Por fim, com uma situação de lucratividade ainda sensível, continuamos preferindo manter cautela com o papel, enquanto aguardamos resultados mais consistentes, com melhores indicadores operacionais, para mudar nossa opinião”, conclui Amaral.

Mesmo com essas melhores expectativas para o futuro, o Inter destacou que o segmento ressegurador, em que o IRB está posicionado, costuma apresentar menores margens, devido à alta sinistralidade. Além disso, o IRB está com um valuation em torno de 1x seu valor patrimonial.

Usiminas (USIM5): BTG vê ‘futuro nebuloso’ e rebaixa ações

Vendo ‘perspectivas nebulosas’ para a Usiminas (USIM5), os analistas do BTG Pactual (BPAC11) rebaixaram a sua recomendação para os papéis de compra para neutro.

No novo parecer, as ações da Usiminas têm preço alvo de R$ 10, ao passo que os papéis estão cotados a R$ 8,55 na bolsa -deixando pouca margem de upside.

Para os analistas do BTG, USIM5 deve sofrer com uma redução de lucros nos próximos meses, além de ter seu risco em elevação por conta de ficar a mercê de muitos fatores (moving parts).

Essa mudança se dá mesmo em meio a múltiplos citados como relativamente atrativos para os papéis.

“É inegável que nós nos sentimos um pouco estranhos em rebaixar uma ação que negocia a 2,9 vezes o Ebitda estimado para 2023 e concordamos que é um movimento tardio, pois o mercado já está em baixa com o nome. No entanto,  não conseguimos ver como a ação terá um bom desempenho nesse ambiente”, diz o BTG.

Os especialistas citam alguns pontos para a deterioração das perspectivas:

“Em suma, como cobrimos a Usiminas desde 2006, acreditamos que a visibilidade dos resultados está em um dos pontos mais baixos dos últimos anos, pois há uma série de problemas e riscos específicos de ‘baixo para cima’ que estão afetando a empresa de forma assimétrica”, seguem os analistas.

Segundo a casa, a preferência do setor é pela Gerdau (GGBR4). A expectativa é que a diferença de desempenho entre as duas empresas aumente no futuro.

Vale lembrar que nas últimas semanas o Bank of America rebaixou a sua recomendação de Vale (VALE3) por conta de um ciclo desfavorável para o segmento de minério de ferro. No parecer, analistas apontaram margens pressionadas e deterioração de lucro à frente.

Desempenho dos principais índices

Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:

Cotação do Ibovespa nesta sexta (26)

Ibovespa fechou o pregão da última sexta-feira (26) em queda de 1,09% aos 112.298,86 pontos.

(Com informações do Estadão Conteúdo)

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