O Ibovespa hoje encerrou o pregão desta quarta-feira (29) em queda de 0,96% aos 99.621,58 pontos, após oscilar entre 99.218,13 e 101.313,08 pontos.
Após dois fechamentos na linha dos 100 mil pontos, o índice voltou a se acomodar abaixo do limiar psicológico de seis dígitos, faltando apenas a sessão de quinta-feira para o fechamento do mês, que já acumula perda de 10,53%.
Esse é o segundo pior patamar desde o mais baixo momento da pandemia, em março de 2020, quando cedeu 29,90%. O giro foi bem fraco na sessão, a R$ 20,1 bilhões. Na semana, ainda avança 0,96%, e as perdas no ano estão agora em 4,96%.
O enfraquecimento do giro observado na B3 tem refletido o grau de cautela, tanto no plano interno como no externo. Lá fora, permanecem as dúvidas quanto ao grau de aperto monetário ainda a ser promovido pelo Federal Reserve, no momento em que a revisão do PIB do primeiro trimestre nos Estados Unidos
A revisão, no caso, foi pior do que antecipado, e especialmente a divulgação dos primeiros dados econômicos de junho sugerem desaceleração da atividade no país, enquanto na segunda maior economia do mundo, a China, a retomada ainda é dificultada pelo surto de covid.
“O PIB americano veio um pouco pior do que o esperado, e como já é a última revisão do dado, acaba produzindo menos impacto, pensando também no médio e longo prazo. A leitura talvez seja a de que os Estados Unidos já não estivessem tão bem no primeiro trimestre, com possível efeito sobre os planos do Fed – mas não parece ser o que o BC americano, de fato, fará. O Fed tem reiterado que, entre atividade e inflação, prefere pesar a mão contra a inflação, prosseguindo com as altas de juros para que ela convirja para a meta”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, antecipando a possibilidade de desaceleração econômica este ano nos EUA, mas sem uma “recessão forte adiante”.
Em linha com esta visão, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, reconheceu nesta quarta que o processo de aperto monetário muito provavelmente envolverá “alguma dor” do ponto de vista econômico, mas que ameaça ainda mais grave seria fracassar em controlar a inflação. “É importante que as pessoas entendam o quão estamos comprometidos em retornar inflação à meta de 2%”, disse Powell, durante participação em fórum do Banco Central Europeu (BCE), em Portugal. A fala foi considerada mais dura do que as de autoridades da zona do euro no mesmo evento, o que resultou em avanço do índice DXY, que contrapõe o dólar a outras seis referências, como euro, iene e libra.
“O Ibovespa já vinha um pouco mais pressionado com a indicação do Fed de que o principal objetivo nesse momento é controlar a inflação, o que aumenta as apostas, para elevação de 0,75 ponto porcentual (nos juros de referência dos EUA), na próxima reunião de política monetária. As ações de commodities estavam segurando um pouquinho aqui. Mas o relator da PEC dos Combustíveis (senador Fernando Bezerra, MDB-PE), aprovando estado de emergência para que o governo possa fazer subsídio em ano eleitoral, pesou no humor geral. Tem impacto direto sobre o fiscal apesar do alívio de curto prazo para os consumidores, na cesta de bens, em que os combustíveis são altamente representativos”, diz Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.
Mesmo com a possibilidade de o governo, a pouco mais de três meses da eleição, recorrer a estado de emergência para ampliar gastos e transferências sociais – como o Auxílio Brasil de R$ 600, o vale-gás dobrado e o voucher de R$ 1 mil aos caminhoneiros autônomos -, o dólar, embora ainda volátil, fechou em baixa. Tanto o câmbio como a curva de juros, pressionados, têm espelhado também a deterioração da perspectiva fiscal do Brasil, em mais uma temporada eleitoral.
“O que começa como temporário acaba virando direito adquirido – Lula, se vitorioso, reduziria o Bolsa Família (atual Auxílio Brasil)?”, questiona Rodrigo Knudsen, gestor da Vitreo.
“Desde 1994, com a adoção do real, as séries longas mostram que o CDI acaba batendo a Bolsa. E no momento, com a perspectiva de que os juros ficarão altos por mais tempo, de que levará mais tempo para o BC começar a cortar a Selic de novo, o CDI é ‘free lunch’ (almoço grátis)”, acrescenta o gestor.
“Mais uma vez se frustra a expectativa de que pudesse ocorrer um ‘decoupling’ (descolamento) que favorecesse a Bolsa, em razão de o aperto (nos juros) ter começado bem mais cedo no Brasil (em relação ao exterior), com o ciclo de elevação agora já perto do fim por aqui”, diz Knudsen. “A Bolsa está barata, sim, mas a tendência é de que continue assim. Nem dados melhores, como o IGP-M de hoje, abaixo do esperado, têm ajudado. Quem faz posição para prazo mais longo está parado, observando, e quem ‘treida’ olhando logo à frente, quem tinha de sair, saiu. O fiscal veio como uma pá de cal. E Ibovespa abaixo de 100 mil pontos mostra isso.”
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York fecharam sem sinal único nesta quarta-feira, após sessão volátil. Uma leitura do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no primeiro trimestre, mais fraca que o previsto, e declarações do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, estiveram em foco pelos investidores.
- Dow Jones teve alta de 0,27%, em 31.029,31 pontos;
- S&P 500 caiu 0,07%, a 3.818,83 pontos;
- Nasdaq recuou 0,03%, a 11.177,89 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 1,39%, a R$ 5,1930, depois de oscilar entre R$ 5,1895 e R$ 5,2596.
O petróleo fechou em alta nesta quarta-feira, no mercado futuro, depois de três sessões com ganhos. O alto nível do dólar pressiona a o preço da commodity. No radar, também esteve dado oficial que mostrou queda nos estoques do petróleo nos Estados Unidos, mas alta inesperada nos de gasolina, além do debate sobre teto de preços ao petróleo russo pelo G7.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para agosto caiu 1,17% (US$ 1,35), a US$ 112, enquanto o do Brent para o mês seguinte recuou 1,77% (US$ 1,98), a US$ 109,78, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contrato futuro de ouro mais líquido fechou em queda nesta quarta, enquanto investidores avaliam as possibilidades para postura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e projeções para crescimento econômico. Mais cedo, a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos veio abaixo do estimado.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto encerrou a sessão em baixa de 0,20%, a US$ 1.817,50 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, as blue chips arrastaram o índice para baixo. A pressão baixista veio com o receio de recessão global. Petrobras (PETR3, PETR4) seguiu a queda do petróleo e caiu 1,37% e 0,88%, respectivamente. Vale (VALE3) perdeu 0,83%.
O setor bancário do índice também fechou o pregão em desvalorização: Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,51%, Itaú (ITUB4) registrou 1,04%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) perdeu 1,47% e 1,73%, respectivamente e, por fim, Santander (SANB11) teve -1,81%.
Já no campo das maiores altas, quem liderou foi MRV (MRVE3), que ganhou 3,41%, SLC Agrícola (SLCE3) avançou 2,86% e Rede D’Or (RDOR3) subiu 2,83%.
No campo oposto, as ações que tiveram maior queda foram Qualicorp (QUAL3), que cedeu 8,38%, seguida por CVC (CVCB3), que recuou 6,36%, e Positivo (POSI3), que caiu 5,52%.
Maiores altas do Ibovespa:
- MRV (MRVE3): +3,41% // R$ 7,59
- SLC Agrícola (SLCE3): +2,86% // R$ 46,73
- Rede D’Or (RDOR3): +2,83% // R$ 29,09
- SulAmérica (SULA11): +1,72% // R$ 21,87
- Cyrela (CYRE3): +1,63% // R$ 11,86
Maiores baixas do Ibovespa:
- Qualicorp (QUAL3): -8,38% // R$ 11,59
- CVC (CVCB3): -6,36% // R$ 7,21
- Positivo (POSI3): -5,52% // R$ 5,65
- Marfrig (MRFG3): -5,10% // R$ 12,46
- Minerva (BEEF3): -4,51% // R$ 13,56
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Venda bilionária da Unidas (LCAM3) é aprovada pela superintendência do Cade
- Oi (OIBR3) reverte prejuízo e tem lucro de R$ 1,7 bilhão no 1T22
Venda bilionária da Unidas (LCAM3) é aprovada pela superintendência do Cade
A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a aquisição de ativos que pertencem às controladas da Unidas (LCAM3) pela Cedar – que, por sua vez, é acionista da Ouro Verde Locação e Serviço, controlada pelo Grupo Brookfield.
O despacho com a decisão do Cade sobre a Unidas está publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta quarta-feira, 29.
Segundo parecer disponível no site do Cade, a operação abrange ‘ativos desinvestidos’, em cumprimento aos remédios estruturais contidos no Acordo em Controle de Concentração (ACC) celebrado em dezembro de 2021 no âmbito da aprovação da combinação de negócios entre Localiza (RENT3) e Unidas.
Os ativos que são objeto da operação, portanto, incluem frotas de veículos e rede de agências nos negócios de locação de veículos (RAC), lojas de venda de veículos seminovos, além das marcas e nomes de domínio ‘Unidas’, sistemas de tecnologia, bases e bancos de dados, pessoal-chave e contratos necessários ao funcionamento adequado dessas agências e lojas.
De acordo com as empresas, o valor da operação é de R$ 3,570 bilhões.
“Como justificativa para a realização da operação, as requerentes explicam que, para a compradora e seu grupo econômico (Grupo Brookfield), a operação é uma oportunidade de expandir as atividades da Ouro Verde (e respectivas controladas/investidas) para o mercado relevante de RAC, no qual ainda não possui qualquer atuação” diz o Cade
“Portanto, trata-se da possibilidade de atuar de maneira mais completa, abrangente e competitiva no setor de locação de veículos, ampliando a competição no mercado. Para as vendedoras, a operação atende ao remédio estrutural negociado com o Cade no contexto do Ato de Concentração Localiza/Unidas”, segue o conselho, sobre a operação.
Oi (OIBR3) reverte prejuízo e tem lucro de R$ 1,7 bilhão no 1T22
A Oi (OIBR3) fechou o primeiro trimestre de 2022 (1T22) com lucro líquido de R$ 1,782 bilhão, segundo balanço publicado nesta quarta-feira (29) durante a madrugada. Com esse número, a companhia reverte o prejuízo de R$ 3,038 bilhões que foi registrado no mesmo período em 2021.
No balanço da Oi, a operadora justifica o lucro bilionário com o resultado financeiro líquido positivo de R$ 1,87 bilhão e uma despesa de imposto de renda e contribuição social no valor de R$ 363 milhões.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização, o Ebitda da Oi, saltou 9,9% no primeiro trimestre deste ano, totalizando R$ 1,252 bilhão. A margem Ebitda foi de 28,4% nos três primeiros meses de 2022, alta de 2,8 p.p. na comparação com o mesmo período no ano passado.
Por sua vez, a receita líquida operacional ficou estável, com registro de R$ 4,41 bilhões – cifra quase igual aos R$ 4,45 bilhões registrados em igual período no ano anterior.
No comparativo anual, o resultado financeiro mostra um crescimento de 54% na receita gerada com operações de fibra e cerca de 43% residência a mais com serviços da companhia.
Em meio aos imbróglios da recuperação judicial e da venda de ativos, a gestão da companhia aponta um crescimento de 65% na receita gerada com operações fora do segmento de telecomunicações.
A dívida bruta consolidada da Oi registrou um saldo de R$ 33,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, representando uma redução de 6,9% ou R$ 2,4 bilhões em relação ao registrado no quarto trimestre do ano passado.
“A redução no trimestre é decorrente, principalmente da valorização do Real versus Dólar de 15,1%, somada á amortização dos juros do “Bond” qualificado e do “Bond” sênior no valor de R$ 645 milhões.”
Já no comparativo anual, por sua vez, houve um aumento do endividamento de 18,5% ou R$ 5,2 bilhões. Segundo a operadora, essa alta é em razão da desvalorização do Real versus Dólar de 3,0% e também consequência dos desembolsos realizados no período, como:
- debênture privada da 2ª emissão no valor de R$ 2 bilhões (da Oi móvel)
- “Bond” sênior no valor de US$ 880 milhões (da Oi móvel)
- debênture privada na V.tal no valor de R$ 2,5 bilhões
“Há que se ressaltar que, grande parte dos recursos provenientes do “Bond” sênior foram utilizados para o pré-pagamento da debênture privada 1ª emissão da Oi Móvel, em julho de 2021, compensado, em parte a elevação no período.”
Com isso, a dívida líquida da Oi totalizou R$ 31,4 bilhões no período, montante 3,5% menor em comparação com o quarto trimestre de 2021, mas 24,8% superior em relação ao primeiro trimestre de 2021.
“A piora do cenário macro, juntamente com maiores churn involuntário [métrica que indica o quanto sua empresa perdeu de clientes], levou à fraqueza. Esperamos que as adições líquidas melhorem ligeiramente nos próximos trimestres”, informou o relatório do BTG Pactual.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -0,96%
- IFIX hoje: -0,05%
- IBRX hoje: -0,95%
- SMLL hoje: -1,08%
- IDIV hoje: -1,02%
Cotação do Ibovespa nesta terça (28)
O Ibovespa fechou o pregão da última terça-feira (28) em queda de 0,17% aos 100.591,41 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)