Ibovespa fecha com leve alta de 0,07%, aos 108,4 mil pontos; BB Seguridade (BBSE3) cai 4%
O Ibovespa hoje fechou o pregão da quarta-feira (28) em alta de 0,07%, em 108.451,20 pontos, após oscilar entre 107.914,01 e 108.970,15 pontos, com volume a R$ 26,2 bilhões no encerramento. Na semana, o índice da B3 cai 2,92%, colocando as perdas do mês a 0,98% e limitando os ganhos do ano a 3,46%.
Ao longo da tarde, o índice não se distanciou muito da faixa de 108,5 mil pontos apesar de ganhos que se acentuaram em Nova York no intervalo. Embora a percepção continue a ser de que o fluxo de notícias externas permanece como fiel da balança também para o mercado doméstico – com fatores de incerteza variada, velhos e novos, a agenda interna tende a ganhar força em breve, especialmente se a disputa presidencial vier a ser definida no primeiro turno, domingo, como sugere parte das pesquisas de intenção de voto.
“Apesar da reta final das eleições, o cenário externo ainda é preponderante, com os ativos domésticos muito sujeitos ao fluxo de notícias que chega de fora, como a preocupação atual com a situação no Reino Unido. Independente de qual seja o resultado da eleição, o mercado aqui continuará muito voltado ao que está acontecendo lá fora, pelo impacto global”, diz Carlos Belchior, economista-chefe da G5 Partners, chamando atenção para a Bolsa brasileira, ainda barata, e para prêmios que persistem também na curva de juros doméstica.
Assim, na eventualidade de uma definição do pleito presidencial já no domingo, tudo o mais constante inclusive no cenário externo, o “Kit Brasil” – câmbio, bolsa e juros futuros – pode ser beneficiado pela conclusão antecipada da eleição, um fator de incerteza a menos no horizonte, aponta o economista, para quem a possibilidade de efetiva contestação do resultado seria “cenário de cauda”, portanto, improvável.
Mesmo que algum ruído venha a ocorrer, ao fim “quem perder deve conceder”, diz Belchior, e a própria mobilização recente em torno da defesa da democracia e das instituições, em espectro variado da sociedade, de juristas a economistas liberais e empresários de porte, limitaria as chances de contestação do resultado, qualquer que venha a sê-lo.
No quadro mais amplo, que envolve o cenário externo, o dia foi de recuperação para as bolsas globais, após terem fechado majoritariamente em queda no dia anterior, aponta Letícia Sanches, especialista em renda variável da Blue3, que menciona cenário ainda marcado pelos temores quanto à possibilidade de recessão global, em meio ao processo de elevação das taxas de juros para conter a inflação.
A analista destaca o desempenho positivo das ações de construtoras, junto a outros papéis com exposição à economia doméstica. O desempenho das construtoras ainda é favorecido por recentes alterações nos limites das faixas de renda do programa Casa Verde e Amarela como também pela redução da inflação do custo de construção, o que estimula novas vendas, diz Letícia.
Por outro lado, as “incertezas políticas” contribuíram para que as ações de Petrobras tivessem descolamento do novo dia de recuperação da commodity, com o Brent se reaproximando de US$ 90 por barril, e de alguma retomada do apetite por risco no exterior, em reação a comentários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a política de preços da estatal.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em alta nesta quarta-feira, em uma sessão com maior busca por ativos de risco após as recentes quedas. A intervenção do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) reduziu as turbulências do mercado local, que vinham se espalhando para outras economias, enquanto dirigentes do Federal Reserve deram algum alívio na intensidade na qual se espera um aperto monetário da autoridade. No caso do S&P 500, o movimento ajudou a interromper uma sequência de seis quedas consecutivas do índice.
- Dow Jones: +1,88%, aos 29.683,74 pontos;
- S&P 500: +1,97%, aos 3.719,04 pontos;
- Nasdaq: +2,05%, aos 11.051,64 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,50%, a R$ 5,3497, após oscilar entre R$ 5,3237 e R$ 5,4233.
Os contratos futuros de petróleo chegaram a recuar no início do dia, mas terminaram a quarta em alta robusta. A queda do dólar colaborou, com o movimento apoiado também pelos dados do relatório semanal de estoques nos Estados Unidos, publicado pelo Departamento de Energia (DoE, na sigla em inglês). A movimentação da União Europeia para impor mais sanções contra a Rússia, inclusive seu petróleo, também esteve no radar, bem como a passagem do furacão Ian e seus impactos na produção do Golfo do México.
O petróleo WTI para novembro fechou em alta de 4,65% (US$ 3,65), em US$ 82,15 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para dezembro avançou 3,75% (US$ 3,18), a US$ 88,05 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O ouro avançou no mercado futuro nesta quarta, à medida que o dólar perdeu força ante moedas rivais e os juros dos Treasuries recuaram de seus níveis mais altos em vários anos, com o mercado mais propenso a ativos de risco. O bom humor foi desencadeado pelo anúncio de compras de títulos pelo Banco da Inglaterra (BoE), que vai injetar liquidez no Reino Unido para evitar uma piora no mercado financeiro local, em especial o de renda fixa.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro fechou com ganhos de 2,28%, a US$ 3,3585 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, os ativos atrelados ao setor de educação se destacam entre as maiores altas, refletindo projeções de crescimento de alunos no segmento presencial, além de margens melhores num possível retorno forte do Fies.
YDUQS (YDUQ3) liderou, com +11,38% e Cogna (COGN3) também entrou no ranking, com +3,90%.
Outro setor que se movimentou positivamente foi o de construtoras, com Cyrela (CYRE3) subindo 8,15% e MRV (MRVE3), que ganhou 7,52%.
Do outro lado, BB Seguridade (BBSE3) liderou no negativo, com -4,30%.
O pregão desta quarta também foi desfavorável aos papéis de frigoríficos, com investidores tendo o risco de recessão global no radar: Minerva (BEEF3) teve queda de 3,63%, Marfrig (MRFG3) recuou 3,03% e JBS (JBSS3) perdeu 2,08%.
Ainda, na contramão da alta do petróleo, Petrobras (PETR3, PETR4) desvalorizou 0,70%, e 1,35%, respectivamente, decorrente de declarações de Lula durante entrevista ao SBT, de que pretende mudar a política de preços dos combustíveis se vencer as eleições. Já Vale (VALE3) subiu 0,95%.
Grandes bancos também fecharam no azul: Banco do Brasil (BBAS3) teve +0,03%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) valorizou 0,37% e 0,05% nesta ordem, Santander (SANB11) ganhou 0,13% e a única exceção foi Itaú (ITUB4), que caiu 0,04%.
Maiores altas do Ibovespa:
- YDUQS (YDUQ3): +11,38% // R$ 14,19
- Cyrela (CYRE3): +8,15% // R$ 17,38
- MRV (MRVE3): +7,52% // R$ 12,44
- Positivo (POSI3): +6,89% // R$ 12,88
- Sabesp (SBSP3): +5,47% // R$ 46,09
Maiores baixas do Ibovespa:
- BB Seguridade (BBSE3): -4,30% // R$ 27,39
- Minerva (BEEF3): -3,63% // R$ 12,75
- Marfrig (MRFG3): -3,03% // R$ 10,25
- EDP Brasil (ENBR3): -2,99% // R$ 22,04
- Energisa (ENGI11): -2,97% // R$ 41,87
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Petrobras (PETR4) assina contrato para construção de plataforma em Búzios
- Banco recomenda compra de Cyrela (CYRE3) por 3 motivos; ações sobem
Petrobras (PETR4) assina contrato para construção de plataforma em Búzios
A Petrobras (PETR4) informa que assinou nesta quarta-feira, 28, contrato com a empresa Keppel Shipyard Limited para a construção da plataforma P-83, como resultado do avanço do projeto de desenvolvimento do campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos.
A P-83 terá capacidade para produzir até 225 mil barris de óleo por dia, processar até 12 milhões de m³ de gás por dia e estocar mais de 1,6 milhão de barris, informa a companhia à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O projeto prevê a interligação de 15 poços, sendo 8 produtores de óleo e 7 injetores. A plataforma será a décima primeira unidade a ser instalada no Campo de Búzios.
A Petrobras é a operadora desse campo com 92,6% de participação, tendo como parceiras a CNOOC e a CNODC, com 3,7% cada.
A construção da P-83 será realizada por estaleiros em Cingapura, China e Brasil, e atingirá o porcentual de conteúdo local de 25%.
A plataforma iniciará a sua produção em 2027 e contribuirá para ampliar a capacidade instalada do campo, dos atuais 600 mil bpd para 2 milhões bpd.
“A P-83 faz parte da nova geração de plataformas da companhia, com alta capacidade de produção e tecnologias para redução de emissão de carbono.
A plataforma utilizará a tecnologia de flare fechado, que aumenta o aproveitamento do gás e impede que ele seja queimado para a atmosfera, de forma segura e sustentável”, diz a empresa.
“Outra inovação será o sistema de detecção de gás metano, capaz de atuar na prevenção ou mitigação de riscos de vazamentos desse composto”, completa.
A nova plataforma da Petrobras (PETR4) será equipada com a tecnologia CCUS – Captura, Uso e Armazenamento geológico de CO2.
“A Petrobras é pioneira na utilização dessa tecnologia, que permite aliar aumento da produtividade com redução de emissões de carbono. A P-83 também será dotada da tecnologia de ‘digital twins’ que consiste na reprodução virtual da plataforma, permitindo diversas simulações remotas e testes operacionais, garantindo segurança e confiabilidade”, afirma.
Banco recomenda compra de Cyrela (CYRE3) por 3 motivos
A Cyrela (CYRE3) ganhou recomendação de outperform (equivalente a compra) por parte do Itaú BBA, conforme divulgou a casa em relatório nesta quarta-feira (28).
Mesmo que o ambiente macro ainda incorpore riscos relevantes, tanto internos quanto externos, o BBA enxerga boas perspectivas para a Cyrela.
“Há um prêmio de risco significativo implícito na curva de juros e pouco espaço para maior deterioração do microambiente”, pontuam.
A primeira assimetria positiva para a Cyrela enxergada pelo BBA está no ambiente macroeconômico brasileiro.
As expectativas de taxa de juros incorporam um alto prêmio de risco, com taxas nominais futuras de 10 anos em cerca de 12%, além de inflação futura implícita de 10 anos em cerca de 7%, versus a meta de 3,5% do Banco Central (BC). Também é esperada uma redução significativa na percepção de risco após as eleições presidenciais.
O segundo motivo para comprar as ações da Cyrela, segundo a casa, está na área técnica da empresa. A Cyrela deve se beneficiar de taxas nominais de longo prazo mais baixas, com uma correlação de 70% para os próximos 5 anos.
Além disso, a empresa está entre as cinco ações mais vendidas a descoberto em todo o mercado de ações brasileiro, com percentual de ações livres no mercado chegando a 15%, nível mais alto em 5 anos.
A última mas não menos importante assimetria que o banco de investimentos considera à favor da Cyrela está no “microambiente” da empresa.
“O pior parece ter passado para o lucro (as taxas de hipoteca pararam de subir e a margem bruta está se estabilizando) e a probabilidade de riscos de cauda (cancelamentos de vendas, derrapagens de custos, restrições de financiamento) diminuiu”, afirmaram os analistas.
O BBA pontuou ainda que as assimetrias levantadas são válidas para a grande maioria do setor de construção de média renda.
Entretanto, como alguns gatilhos dependem de condições macroeconômicas, papéis com maior liquidez, como a Cyrela, devem ser priorizados.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,07%
- IFIX hoje: -0,15%
- IBRX hoje: +0,04%
- SMLL hoje: +0,86%
- IDIV hoje: -0,33%
Cotação do Ibovespa nesta terça (27)
O Ibovespa fechou o pregão da última terça-feira (27) em queda de 0,68%, em 108.376,35 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)