O Ibovespa hoje fechou o pregão da terça-feira (27) em queda de 0,68%, em 108.376,35 pontos, após oscilar entre 108.120,26 e 110.161,07 pontos. Em setembro, a queda acumulada pelo índice – negativo desde a segunda-feira – segue agora a 1,05%, com retração de 2,99% nestas duas primeiras sessões da semana. No ano, os ganhos são limitados a 3,39%. O giro desta terça-feira ficou em R$ 27,1 bilhões.
Novo sinal de deflação, pelo IPCA-15 de setembro, divulgado de manhã, não foi o suficiente para colocar o Ibovespa em sentido positivo, mesmo quando as bolsas de Nova York tinham sinal único e subiam, ainda que moderadamente, até o começo da tarde. No fechamento, as perdas em Nova York foram limitadas a 0,43%, no blue chip Dow Jones, com o Nasdaq conseguindo oscilar para o positivo no encerramento.
Na B3, “era para se ver algum alento, alguma recuperação, claro que longe de zerar perdas, mas um dia de recuperação com essa notícia (IPCA-15)”, aponta Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest.
O Itaú BBA acredita que Cielo (CIEL3) e Stone, dois nomes “puros” de maquininhas, devem ter impactos positivos de dois dígitos em seus resultados no ano que vem com as novas regras para as tarifas de intercâmbio dos cartões de débito e pré-pagos, divulgadas na segunda-feira pelo Banco Central, reporta o jornalista Matheus Piovesana, do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Na agenda macroeconômica, o recuo de 0,37% do IPCA-15 em setembro corrobora leitura positiva sobre o processo de desinflação no Brasil, avalia o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez. “Evidente que grande parte disso vem dos preços administrados“, ressalva. Nesta leitura, os administrados caíram 1,66%, ante deflação de 4,28% em agosto.
“O índice de difusão, que mostra o porcentual de itens que aumentaram de preço no mês, ficou abaixo de 60%, o sexto mês consecutivo de queda. Um bom sinal, mas é preciso esperar novos dados”, observa Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
“O dado de hoje acontece por um fator muito temporário, que são as reduções tributárias. Então, é um dado meio poluído para olhar pra frente, ainda muito afetado por medidas de curto prazo, medidas tributárias”, avalia Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital.
Em outro desdobramento importante da agenda do dia, “a ata do Copom teve um tom até neutro, com a mensagem clara de que os juros serão mantidos altos por mais tempo, com o BC perseverando no aperto monetário”, diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.
“A ata não trouxe sinalização diferente da que foi dada no comunicado da semana passada, quando o Banco Central levantou o cartão amarelo para as apostas mais agressivas de cortes da Selic já no início de 2023. O BC já tinha feito ali ponderações de que está preocupado com a dinâmica da inflação no próximo ano”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
No front político, faltando poucos dias para as urnas abrirem, ganha corpo nas mais recentes pesquisas a expectativa de que a eleição, com aparente crescimento do chamado “voto útil” nesta chegada ao domingo, eventualmente seja definida ainda no primeiro turno.
A campanha eleitoral deste ano, embora com pouco impacto até aqui nos preços dos ativos domésticos, entra na reta final com novos apoios públicos à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como os do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, notabilizado durante o processo do ‘mensalão’, e do economista André Lara Resende, quadro técnico histórico do PSDB – mas do qual se afastou em anos recentes, por divergências teóricas frente a outros economistas com história associada ao partido.
Pouco antes de participar de encontro em que formalizaria publicamente apoio à candidatura Lula, Lara Resende, integrante da equipe que criou o Plano Real, defendeu políticas públicas de apoio à transferência de renda. Na segunda-feira, em entrevista ao programa Roda Vida, da TV Cultura, o ex-presidente do BC na gestão Lula, Henrique Meirelles, que aderiu à candidatura do petista na semana passada, disse ser possível conciliar despesas sociais com o teto de gastos desde que medidas de controle compensatórias sejam adotadas, como uma reforma administrativa.
Economistas brasileiros ortodoxos e de diversas instituições nacionais e do exterior divulgaram nesta terça um manifesto pelo voto no primeiro turno no ex-presidente Lula. Na maioria, economistas do meio acadêmico, de instituições como PUC-Rio, Insper e FGV, associadas ao pensamento liberal, e do exterior, sem ligação com o PT, que assinaram o documento em defesa da “proteção à democracia”.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York tiveram sessão volátil. Após abertura positiva, o ambiente piorou após dois indicadores dos Estados Unidos que podem reforçar a expectativa de aperto monetário pelo Federal Reserve. Alguns dirigentes do BC dos EUA se pronunciaram, e nesse quadro o índice S&P 500 atingiu mínima intraday desde novembro de 2020.
- Dow Jones: -0,43%, aos 29.134,99 pontos;
- S&P 500: -0,21%, aos 3.647,29 pontos;
- Nasdaq: +0,25%, aos 10.829,50 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,09%, a R$ 5,3765, após oscilar entre R$ 5,2980 e R$ 5,3848.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em alta nesta terça, à medida que os ativos de riscos, como a commodity, tentam se recuperar das robustas perdas recentes, em meio aos temores de recessão. Além disso, o mercado monitora a interrupção na produção de óleo no Golfo do México, como medida de segurança diante do furacão Ian.
O contrato do petróleo WTI para novembro fechou em alta de 2,33% (US$ 1,79), a US$ 78,50 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para dezembro subiu 2,43% (US$ 2,01), a US$ 84,87 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O ouro terminou a sessão desta terça em alta, apoiado por um movimento de recuperação parcial após perdas nos últimos dias. O movimento do metal precioso superou a forte valorização dos juros dos Treasuries de prazo mais longo, que concorrem com a commodity enquanto ativo de segurança do mercado.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com previsão de entrega para dezembro fechou em alta de 0,17%, a US$ 1.636,20 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, mais uma vez a sessão foi predominante em relação a aversão ao risco.
O maior ganho do dia ficou com Gerdau (GGBR4), com +2,59% e Gerdau Metalúrgica (GOAU4), que figurou na lista, subindo 1,19%, destoando de seus pares.
Na lista dos maiores ganhos do dia também esteve BTG Pactual (BPAC11), que teve alta de 2,18% e Suzano (SUZB3), que avançou 2,05%.
Seguindo a alta do petróleo, Petrobras (PETR3, PETR4) registrou +0,70% e +0,71%, respectivamente. Vale (VALE3) virou e fechou em queda de 0,44%.
O setor de bancos fechou o pregão no vermelho: Santander (SANB11) com -0,53%, Banco do Brasil (BBAS3) desvalorizou 0,80%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) caiu 0,80% e 0,81% nesta ordem e Itaú (ITUB4) cedeu 0,94%.
Alpargatas (ALPA4) teve a maior desvalorização do dia, recuando 4,84%. Ainda se destacaram entre as maiores baixas do índice Positivo (POSI3), que perdeu 4,82%, e Dexco (DXCO3), que caiu 4,60%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Gerdau (GGBR4): +2,59% // R$ 23,77
- BTG Pactual (BPAC11): +2,18% // R$ 24,42
- Suzano (SUZB3): +2,05% // R$ 43,33
- Cielo (CIEL3): +1,74% // R$ 5,25
- Gerdau Metalúrgica (GOAU4): +1,19% // R$ 10,21
Maiores baixas do Ibovespa:
- Alpargatas (ALPA4): -4,84% // R$ 21,03
- Positivo (POSI3): -4,82% // R$ 12,05
- Dexco (DXCO3): -4,60% // R$ 9,54
- São Martinho (SMTO3): -4,48% // R$ 25,79
- Qualicorp (QUAL3): -4,47% // R$ 8,54
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Vale (VALE3) deve pagar 19% em dividendos mesmo com queda do minério, diz JPMorgan
- Weg (WEGE3): investimento de R$ 600 mi mira mercado de eletrônicos em crescimento, diz banco
Vale (VALE3) deve pagar 19% em dividendos mesmo com queda do minério, diz JPMorgan
A Vale (VALE3), apesar do cenário de desaceleração econômica na China, deve seguir com dividendos robustos segundo analistas do JPMorgan. A expectativa da casa é que o dividend yield (DY) pode fechar o ano de 2022 em 19% e 16% no ano de 2023.
O preço-alvo para as ações da Vale é de R$ 95 para o JPMorgan, ante uma cotação atual de R$ 68.
“Os investidores mostraram um aumento no interesse pela ação pela primeira vez em muito tempo”, diz o JPMorgan, que cita o programa de recompra de ações da Vale como um ponto positivo.
Vale lembrar que essa revisão de cenário vem em meio a um corte feito pelo JPMorgan nas projeções do minério de ferro. Para este ano de 2022, a casa espera um preço de US$ 121 por tonelada, e de US$ 94 no ano de 2023.
Assim, mesmo com a desaceleração no preço da commodity – que deve impactar o resultado financeiro da empresa – VALE3 segue sendo o papel favorito da casa no setor de siderurgia e mineração.
O preço-alvo e a perspectiva também são compartilhados pelos analistas da XP. A casa mira R$ 97 para a Vale, com recomendação de compra.
“A Vale está negociando a um múltiplo EV/EBITDA atrativos e abaixo da média histórica, e esperamos que essa diferença reduza adiante, frente a distribuição de dividendos diante da forte geração de caixa, melhores práticas ambientais, sociais e de governança”, diz a casa.
O analista André Vidal estima que os prêmios de qualidade mais altos no futuro ajudem a reduzir o desconto que a Vale negocia atualmente quando comparado aos pares.
“Na nossa visão, a retomada da produção pode levar a Vale a um nível normalizado de 380 milhões de toneladas por ano em 2024. Adicionalmente, apesar da forte queda dos preços de minério de ferro, ainda acreditamos que a Vale seja uma forte geradora de caixa, mesmo considerando os patamares atuais”, afirma.
Weg (WEGE3): investimento de R$ 600 mi mira mercado de eletrônicos em crescimento, diz banco
O investimento de R$ 600 milhões anunciado pela Weg (WEGE3) na expansão de sua capacidade produtiva confere boas perspectivas ara a companhia no mercado de eletrônicos, afirmou o Itaú BBA.
A Weg anunciou que vai investir R$ 660 milhões, ao longo dos próximos três anos, na expansão da capacidade de produção de motores industriais e de tração elétrica no Brasil.
Além da ampliação dos prédios de fabricação de componentes e de logística de exportação, será construída pela Weg uma nova fábrica dedicada a motores industriais e sobretudo motores para atender o segmento de mobilidade elétrica.
“Vemos este anúncio de investimento da Weg como positivo, pois reforça nossas estimativas construtivas para o médio prazo e as perspectivas positivas da empresa para oportunidades de mobilidade elétrica”, ressaltou o Itaú BBA.
O banco precifica um crescimento de 20% em equipamentos eletrônicos industriais domésticos em 2022, 13% em 2023 e 12% posteriormente.
O projeto vai ser implementado no parque fabril de Jaraguá do Sul/SC, cidade sede da empresa, e vai aumentar em até 25% a atual capacidade produtiva de motores industriais da Weg.
“As instalações domésticas abastecem os clientes locais e também geram receitas de exportação para a Weg”, pontuou o BBA.
A casa mantém recomendação de outperform (equivalente a compra) para as ações da Weg, com preço-alvo de R$ 36. Os papéis da empresa operam em queda de 0,88%, negociados a R$ 30,25, no intradia desta terça (27).
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -0,68%
- IFIX hoje: -0,13%
- IBRX hoje: -0,79%
- SMLL hoje: -0,93%
- IDIV hoje: -0,68%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (26)
O Ibovespa fechou o pregão da última segunda-feira (26) em queda de 2,33%, em 109.114,16 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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