O Ibovespa hoje encerrou a segunda-feira (26) em queda de 2,33%, em 109.114,16 pontos, após oscilar entre 109.021,62 e 111.712,70 pontos. O giro foi a R$ 31,2 bilhões na sessão. No mês, o índice zera o avanço de setembro, cedendo agora 0,37% no intervalo e limitando o ganho do ano a 4,09%.
Assim como para as ações expostas à economia doméstica, o dia foi negativo também para o petróleo, com o Brent em queda superior a 2%, negociado abaixo de US$ 85 por barril.
“As bolsas no mundo todo estenderam hoje o mau humor de sexta-feira, com um cenário de ‘sell off’ nos mercados”, aponta Álvaro Feris, especialista da Rico Investimentos. Ele destaca a preocupação em torno de “potencial inflação descontrolada no Reino Unido”, na esteira de “pacotes de estímulo econômico e de cortes de impostos para evitar uma recessão por lá”.
Com as dúvidas sobre o Reino Unido, os custos de empréstimo no médio prazo para o país sofreram um salto, ficando acima de dois membros considerados entre os mais fracos da zona do euro, Itália e Grécia. O retorno do bônus de 5 anos do Reino Unido avançava a 4,535% nesta segunda-feira, segundo a Tradeweb, enquanto o yield para papéis com mesmo vencimento de Itália e Grécia seguia abaixo de 4%.
“O movimento segue a piora do sentimento local após o anúncio de corte de impostos e aumento de gastos no Reino Unido mesmo com uma situação fiscal frágil, o que elevou as taxas de juros futuras e gerou especulações de que o BC inglês terá de realizar ação emergencial para conter a desvalorização da moeda”, observa a Guide Investimentos em nota, ressaltando a queda acentuada da libra, “atingindo valor próximo à paridade, em mínima a US$ 1,03 nesta manhã”.
“O temor é de que esses pacotes de estímulos causem ainda mais problemas com relação à inflação, e por isso os investidores buscaram porto seguro no dólar fazendo com que a libra se desvalorizasse bastante no dia de hoje”, diz Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3, ressaltando também o impacto dos receios quanto a uma recessão global nos preços de commodities como o minério e o petróleo, com efeito direto sobre o Ibovespa nesta segunda-feira.
“Continua o estresse nos mercados globais, mais um dia complicado depois de semana que já havia sido difícil para a bolsa americana, com recuo de 5% e o S&P 500 vindo abaixo de 3.700 pontos. O Brasil se segurou na semana passada, e a Bolsa brasileira ainda é um dos destaques do ano em relação às globais. Mas o clima lá fora ainda é de temor de recessão global, com notícias problemáticas como a crise energética na zona do euro, choque de juros nos Estados Unidos e falta de sinais de melhora no conflito do Leste Europeu”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.
Apesar da relativa resiliência mostrada pelas ações brasileiras frente ao mal-estar externo, o cenário doméstico nesta semana que antecede o primeiro turno das eleições é também desafiador, pelo que ainda conserva de incerteza para o próximo ano. “Os desafios do próximo presidente serão muitos: PIB fraco, juros altos, inflação resistente, possível piora do desemprego e aumento da dívida pública“, diz Rodrigo Simões, professor da FAC-SP, especialista em finanças e economia.
Nesta segunda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a taxa Selic este ano é “freio de mão puxado”, mas estimou que o PIB pode ter crescimento de até 3%, mesmo com a política de aperto monetário. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica em 13,75%, interrompendo o ciclo de 12 altas seguidas da taxa.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em baixa nesta segunda-feira, em uma dia de perdas para ativos de risco, que foram pressionados pelas perspectivas de aperto monetário pelos bancos centrais e a turbulência nos mercados de câmbio. A continuidade na alta de juros pelo Federal Reserve (Fed) é observada com atenção, enquanto dirigentes reforçaram a disposição de seguir buscando combater a inflação.
- Dow Jones: -1,11%, aos 29.260,81 pontos;
- S&P 500: -1,03%, aos 3.655,04 pontos;
- Nasdaq: -0,60%, aos 10.802,92 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 2,53%, a R$ 5,3814, após oscilar entre R$ 5,2935 e R$ 5,4171.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa nesta segunda-feira, em uma sessão na qual a alta do dólar pressiona a commodity, cotada na moeda americana. Além disso, as perspectivas de uma eventual recessão global seguem pesando nas projeções para a demanda. As disputas entre a Rússia e países europeus prosseguem, com estados membros da União Europeia se movimentando para tentar impor um teto ao preço do óleo russo, enquanto os governos buscam medidas para lidar com a disparada da energia.
O contrato do petróleo WTI para novembro fechou em queda de 2,58% (US$ 2,03), a US$ 76,71 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para dezembro recuou 2,55% (US$ 2,17), a US$ 82,86 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contrato mais líquido do ouro fechou em baixa hoje, prosseguindo um movimento de contínua desvalorização do metal. A commodity é pressionada pela valorização do dólar, moeda na qual é cotada, além do avanço nos rendimentos dos Treasuries, que competem com o ouro. O cenário é impulsionado pelo aperto da política monetária dos bancos centrais, especialmente o Fed, que vem sinalizando a continuidade da sua alta nos juros.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro recuou 1,34%, a US$ 1.633,40.
No Ibovespa hoje, somente São Martinho (SMTO3), Qualicorp (QUAL3) e Klabin (KLBN11) fecham em alta, com +0,60%, +0,22% e 0,17%, respectivamente.
A queda do petróleo pressionou os papéis de petrolíferas: Petrobras (PETR3, PETR4) caiu 0,79% e 1,60%, nesta ordem. Quem liderou as maiores quedas foi 3R Petroleum (RRRP3), recuando 6,83%.
O setor de varejo do índice também se destacou entre as perdas, com Petz (PETZ3) desvalorizando 6,63%, Magazine Luiza (MGLU3) recuando 6,26% e Natura (NTCO3) cedendo 6,18%.
Entre os bancos, Banco do Brasil (BBAS3) teve perda 4,62%, Santander (SANB11) registrou -2,51%, Bradesco (BBDC3 BBDC4) caiu 2,18%, Itaú (ITUB4), desvalorizou 1,80%.
Vale (VALE3) chegou a operar no terreno positivo, mas fechou em queda de 0,83%.
Maiores altas do Ibovespa:
- São Martinho (SMTO3): +0,60% // R$ 27,00
- Qualicorp (QUAL3): +0,22% // R$ 8,94
- Klabin (KLBN11): +0,17% // R$ 18,04
Maiores baixas do Ibovespa:
- 3R Petroleum (RRRP3): -6,83% // R$ 34,80
- Petz (PETZ3): -6,63% // R$ 10,42
- Magazine Luiza (MGLU3): -6,62% // R$ 4,34
- Natura (NTCO3): -6,18% // R$ 14,58
- BTG Pactual (BPAC11): -5,87% // R$ 23,90
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Petrobras (PETR4) venderá refinarias, diz Ministro de Minas e Energia
- Gafisa (GFSA3) avalia oferta ações para financiar investimentos; papel cai 6%
Petrobras (PETR4) venderá refinarias, diz Ministro de Minas e Energia
Petrobras (PETR4) vai vender todas as refinarias previstas no plano de desinvestimento e, com isso, honrará acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), disse o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, nesta segunda-feira (26).
Ele lembrou a Petrobras já vendeu as refinarias de Mataripe (Rlam) e Isaac Sabbá (Reman).
“Isso diminui a concentração desse mercado de 98% para 80%. Tenho certeza de que a Petrobras fará de tudo para cumprir o acordo com o Cade e vender todas as refinarias que estavam acordadas”, completou, na abertura da 20ª Rio Oil & Gas, maior evento do setor na América Latina.
O acordo fechado entre o Cade e a Petrobras, em 2019, prevê a venda, pela companhia, de oito refinarias, o que resultará na diminuição da atuação da estatal na área de refino no Brasil.
Sachsida acrescentou que as obras do linhão de energia Manaus-Boa Vista serão retomadas no próximo mês.
O acordo fechado entre o Cade e a Petrobras, em 2019, prevê a venda, pela companhia, de oito refinarias, o que resultará na diminuição da atuação da estatal na área de refino no Brasil.
Sachsida acrescentou que as obras do linhão de energia Manaus-Boa Vista serão retomadas no próximo mês.
O ministro aproveitou a presença de investidores no encontro para pedir o apoio para o projeto de revitalização da sede do Serviço Geológico do Brasil (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM), onde está localizado o Museu de Ciências da Terra, destinado a geologia e paleontologia.
“Nós temos que ter o museu e a Litoteca de pé. Ali, crianças iam aprender sobre geologia, viam sonhos crescendo e, infelizmente, hoje a CPRM está em dificuldades. Gostaria demais do apoio privado para recuperarmos a CPRM”, opinou.
Gafisa (GFSA3) avalia oferta ações para financiar investimentos; papel cai 6%
A Gafisa (GFSA3) comunicou ao mercado que está avaliando a realização de uma oferta pública primária de ações, com esforços restritos de colocação, com o objetivo de fortalecer sua estrutura de capital e financiar seus investimentos.
A efetiva realização da potencial oferta está sob análise da companhia. Até a presente data, não há definição ou aprovação formal relacionada à potencial oferta e seus termos e condições, segundo informou a Gafisa.
A operação está sujeita às condições macroeconômicas e do mercado de capitais, assim como às aprovações necessárias no quesito societário.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -2,33%
- IFIX hoje: -0,20%
- IBRX hoje: -2,32%
- SMLL hoje: -3,37%
- IDIV hoje: -2,71%
Cotação do Ibovespa nesta sexta (23)
O Ibovespa fechou o pregão da última sexta-feira (23) em queda de 2,06%, em 111.716,00 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)
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