O Ibovespa hoje fechou a segunda-feira (25) em alta de 1,36% aos 100.269,85 pontos, após oscilar entre 98.925,16 e 100.508,09 pontos.
Mesmo com a relativa fraqueza vista neste começo de semana no exterior, o forte recuo do dólar e a retração observada também nos juros futuros permitiram que o índice Bovespa recuperasse desde mais cedo a linha dos 100 mil pontos, não vista em fechamento desde o último dia 8.
Apesar de o desempenho dos ativos brasileiros ter refletido hoje percepção um pouco mais favorável sobre o risco doméstico, o giro financeiro na B3, ainda modesto, não deixa esquecer a cautela dos investidores: R$ 18,2 bilhões. No mês, que termina na sexta-feira para os negócios, o Ibovespa sobe 1,75%, cedendo 4,34% em 2022.
No exterior, o consenso em torno de um aumento de 75 pontos-base, e não mais de 100 pontos-base como chegou a ser precificado pelo mercado para a reunião do Federal Reserve desta quarta-feira (27), não deixa de ser uma boa notícia para emergentes como o Brasil. Ainda assim, as incertezas quanto à inflação global e o ajuste necessário às políticas monetárias das maiores economias continuam a recomendar cautela, apontam analistas.
“Amanhã, teremos a divulgação de dados de inflação IPCA-15, que devem repercutir as medidas adotadas pelo governo no combate à inflação, e que hoje parecem ter influenciado os juros futuros, que recuaram por toda a curva. Somam-se a isso alguns resultados importantes de balanços para sair nesta semana, como os de Petrobras e Vale, que podem funcionar como ‘drive’ adicional à tomada de risco”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
“Lá fora, a semana começou de forma negativa na Ásia, ajustando-se ainda ao desempenho de Nova York na sexta-feira. Mas veio uma boa notícia da China, a de que o governo vai colocar um pacote de estímulos a construtoras para que superem o momento complicado. Esse pacote deu algum suporte, depois, aos mercados da Europa, enquanto nos Estados Unidos há também a cautela para a decisão do Federal Reserve nesta semana, bem como o prosseguimento da temporada de resultados trimestrais”, diz Leonardo Neves, especialista em renda variável da Blue3.
“Aqui, o Ibovespa conseguiu alta um pouco mais forte, impulsionado por ganhos no petróleo e no minério, o que fez Petrobras e Vale puxarem o índice, além dos grandes bancos”, acrescenta.
Nesta última semana de julho, os investidores, além da decisão do Federal Reserve, seguem concentrados em fatores como o “aumento do risco de recessão global, a elevação de juros no mundo desenvolvido e a temporada de resultados das empresas listadas na bolsa americana, bem como o PIB dos Estados Unidos”, aponta Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos, destacando lá fora a expectativa pelos números de ‘big techs’ americanas, como Alphabet, Amazon e Apple – aqui, Vale e Petrobras.
No cenário macro, “a curva de juros americana tem consolidado a ideia de recessão nos Estados Unidos, pelo menos na cabeça do mercado. O problema é saber se o BC americano acredita nisso e vai agir em conformidade. Está todo mundo esperando agora aumento de 0,75 ponto porcentual na quarta-feira”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. “A questão também é saber quando haverá um pivô no discurso do Fed, que tem sido ‘hawkish'”, acrescenta o economista, antevendo a possibilidade de suavização de tom a partir da reunião de setembro, “talvez já com alguns sinais” no encontro desta semana.
Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil, comenta: “Ajudaram também para a boa performance do índice hoje as ações dos bancos, com valorização média de 1%, o que ajuda a consolidar a bolsa brasileira acima dos 100 mil pontos novamente, marca psicológica importante para muitos e que para alguns representa um movimento de reversão para uma potencial recuperação do mercado local. Os bancos surfam a boa maré do mercado local e se valorizam frente a uma expectativa para a economia real levemente positiva com dados de inflação vindo melhores que o esperado pelo Boletim Focus, que projetou queda do IPCA de 7,54% para 7,30% em 2022. Além disso, é um setor de segurança bastante descontado e um dos preferidos do investidor institucional que precisa se alocar em bolsa no Brasil.”
Alves podenra: “Apesar dos números mais animadores, o mercado aguarda os próximos meses mais turbulentos e a baixa liquidez do final de julho somada ao rebalanceamento natural do fechamento do mês vão ajudar a entender como os principais gestores do mercado ficarão posicionados no segundo semestre, muitos reduzindo o risco das carteiras, e buscando opções de ações mais estáveis.”
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York registraram queda em boa parte desta segunda, mas uma melhora na reta final garantiu quadro misto. Na expectativa por uma semana de balanços de companhias importantes, entre elas gigantes do setor de tecnologia, as bolsas abriram em alta, mas logo passaram ao território negativo, em sessão volátil.
- Dow Jones: +0,28%, aos 31.990,04 pontos;
- S&P 500: +0,13%, aos 3.966,84 pontos;
- Nasdaq: -0,43%, aos 11.782,67 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 2,35%, a R$ 5,3697, após oscilar entre R$ 5,3665 e R$ 5,4790.
O petróleo fechou em alta nesta segunda-feira (25), apoiado pelo dólar enfraquecido no exterior e após acumular quedas nas três sessões anteriores.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para setembro avançou 2,11% (US$ 2,00), a US$ 96,70, enquanto o do Brent para o mês seguinte teve alta de 1,84% (US$ 1,81) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 100,19.
O contrato mais líquido do ouro fechou em queda nesta segunda-feira, enquanto operadores aguardam decisão monetária do Federal Reserve (Fed) na próxima quarta-feira, 27. Avaliações sobre a economia americana seguem no radar.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para o agosto caiu 0,48%, a US$ 1.719,10 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, o setor de petrolíferas permaneceu entre as maiores altas do índice no dia, acompanhando a alta do petróleo.
Petrobras (PETR4, PETR3) ficou tanto em primeiro como segundo lugar no ranking, com alta de 4,67% e 4,32%, respectivamente. PetroRio (PRIO3) teve ganhos de 4,15% e 3R Petroleum (RRRP3) subiu 2,82%.
A valorização do minério de ferro na China beneficiou Vale (VALE3), que teve elevação de 1,85%.
O setor bancário também encerrou o pregão de hoje no azul, com Santander (SANB11) subindo 1,78%, Itaú (ITUB4) ganhando 1,46%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) valorizando 1,06% e 1,53% nesta ordem e Banco do Brasil (BBAS3) com +1,53%.
Pão de Açúcar (PCAR3), por outro lado, foi o líder das maiores quedas, com -7,04%, penalizada pelo rebaixamento da recomendação do JPMorgan para o ativo, de overweight (equivalente a compra) para neutra. Também figuraram entre as maiores perdas do índice IRB Brasil (IRBR3), com -5,50% e Petz (PETZ3), com -5,07%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Petrobras (PETR4): +4,67% // R$ 30,70
- Petrobras (PETR3): +4,32% // R$ 33,31
- PetroRio (PRIO3): +4,15% // R$ 23,61
- Energisa (ENGI11): +3,35% // R$ 42,01
- Weg (WEGE3): +2,48% // R$ 26,48
Maiores baixas do Ibovespa:
- Pão de Açúcar (PCAR3): -7,04% // R$ 15,71
- IRB Brasil (IRBR3): -5,50% // R$ 1,89
- Petz (PETZ3): -5,07% // R$ 9,37
- Positivo (POSI3): -4,37% // R$ 6,35
- Qualicorp (QUAL3): -4,12% // R$ 10,00
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Com ‘timing ruim’, Banco Inter (INBR31) cai 14,69% no primeiro mês na Nasdaq
- App do Santander (SANB11) fica fora do ar; clientes reclamam em redes
Com ‘timing ruim’, Banco Inter (INBR31) cai 14,69% no primeiro mês na Nasdaq
No acumulado de um mês, o Banco Inter (INBR31) soma baixa de 14,60% na Nasdaq, marcando seus primeiros pregões em Wall Street após a migração societária.
A queda nas ações do Banco Inter na Nasdaq ocorre em meio a uma retração generalizada das companhias de tecnologia – que incluem os bancos digitais.
Com o cenário da escalada de juros em função dos ajustes do Federal Reserve (Fed) as companhias que são precificadas com base em um crescimento futuro ou são alavancadas tendem a sofrer mais.
Nesse cenário, no acumulado de 2022, a Nasdaq cai 25%, em uma baixa mais intensa do que os demais índices acionários dos Estados Unidos – como o S&P 500 (-17,3%) ou o Dow Jones (-12,5%).
Além disso, no momento da migração, que se desenrola desde 2021, o banco digital já sofria na bolsa brasileira, com suas units já descontadas.
Os papéis BIDI11, por exemplo, caíram 86% no acumulado dos 12 últimos meses que passaram na B3 (B3SA3).
Para efeito de comparação, o Nubank (NUBR33), concorrente que estreou diretamente na NYSE, subiu 14% somente no IPO, mas caiu 3% nos primeiros cinco pregões. De lá para cá, as ações da fintech seguem a mesma tendência, em queda de 64%.
Nesta segunda, por volta das 13h, as ações do Banco Inter em Nova York caem 1,68%, cotadas a US$ 2,92%, e o BDR cede 2,18%, a R$ 15,71%.
App do Santander (SANB11) fica fora do ar; clientes reclamam em redes
O aplicativo do banco Santander (SANB11) ficou fora do ar no final da manhã desta segunda-feira (25), de acordo com relatos de clientes nas redes sociais.
Usuários fizeram diversas reclamações via canais de atendimento do Santander. Segundo o site DownDetector, especializado em acompanhar esse tipo de reclamação, o pico de reclamações, ao meio dia, alcançou mais de 1.130 queixas, sendo 75% sobre o aplicativo para pessoa física, 18% sobre o internet banking para PJ e 7% sobre o PIX.
O banco afirmou em redes sociais que identificou uma intermitência em seus canais e já está trabalhando para regularização. “No momento nossos atendimentos estão temporariamente suspensos, mas estamos trabalhando para que tudo seja normalizado o quanto antes”, diz uma mensagem no app do banco.
A central de atendimento do Santander também não fornece qualquer tipo de suporte, apenas a mesma mensagem acima.
O aplicativo do Santander continua fora do ar até o fechamento desta reportagem.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +1,36%
- IFIX hoje: -0,01%
- IBRX hoje: +1,41%
- SMLL hoje: -0,19%
- IDIV hoje: +1,05%
Cotação do Ibovespa nesta sexta (22)
O Ibovespa fechou o pregão da última sexta-feira (22) com queda de 0,11% aos 98.924,82 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)