O Ibovespa hoje encerrou o pregão de quinta-feira (22) com alta de 1,91%, em 114.070,48 pontos, após oscilar entre 111.818,53 e 114.392,42 pontos. Na semana, o índice da B3 sobe 4,38%, colocando o ganho do mês a 4,15% e o do ano a 8,82%. O giro desta quinta-feira foi a R$ 33,6 bilhões. O nível de fechamento do Ibovespa na sessão também foi o melhor desde 20 de abril, a 114.343,78 naquele encerramento.
No Brasil, o câmbio e a Bolsa continuaram a mostrar nesta “super-quinta” pós-Fed, com diversas decisões sobre juros no dia posterior à do BC americano, notável descolamento da elevação de custos de crédito simultânea em outras partes do mundo, em países tão distintos quanto Reino Unido e Noruega ou Suíça e África do Sul.
Aqui, na noite de quarta-feira, o aguardado sinal do Copom de que o ciclo de aperto monetário terminou com a Selic a 13,75% corrobora a percepção de que o BC ainda colhe frutos por ter largado bem na frente de outras autoridades monetárias na correção de rumo, com os preços caminhando para provável terceiro mês de deflação no País.
Em dia de forte pressão sobre o índice DXY, que contrapõe o dólar a referências como euro, iene e libra, em viés de alta e perto dos 112 pontos na máxima da sessão, a moeda americana cedeu 1,13% ante a brasileira, cotada a R$ 5,1143 no fechamento, o que contribuiu para dar sustentação ao Ibovespa na contracorrente da cautela externa. Lá fora, a pressão sobre os rendimentos dos Treasuries no pós-Fed manteve as bolsas de Nova York na defensiva, embora com perdas moderadas no fim da tarde no blue chip Dow Jones (-0,35%), mas ainda relevantes no Nasdaq (-1,37%).
“A manutenção da Selic era amplamente esperada pelo mercado. Nosso BC saiu na frente a assim permanece quando comparado aos do resto do mundo no ataque ao problema da inflação, que é global. E pela própria experiência que tem nisso (inflação), tem liderado”, observa Paulo Henrique Duarte, economista da Valor Investimentos, acrescentando que a ata da reunião do Copom ainda será importante para a compreensão dos próximos passos da autoridade monetária, mesmo com a indicação de que o ciclo de aperto chegou ao fim.
“O Banco Central deixou claro que o ciclo de aperto monetário terminou mas que deve continuar monitorando os indicadores de inflação e agirá prontamente, se necessário, para ajustar a inflação para a meta. Ou seja, o tom foi ainda duro, hawkish. Como as projeções de inflação para 2023 e 2024 ainda estão acima da meta, é provável que a Selic permaneça nesse nível por um período prolongado”, aponta Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest.
“O comunicado do Copom trouxe mensagem bem mais clara de que a Selic permanecerá nesse patamar elevado por período mais longo. Tinha uma parte do mercado que já esperava por isso, mas não tão unânime quanto a expectativa pela manutenção da Selic a 13,75%. Achamos que o patamar de dois dígitos deve permanecer pelo menos até o final de 2023, no nosso cenário-base”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.
Entre a noite de quarta e a manhã desta quinta-feira, a BGC Liquidez realizou pesquisa com 128 players institucionais sobre as percepções pós-Copom, inclusive sobre a decisão não unânime pela manutenção da Selic a 13,75%, por sete votos a dois. Quanto questionados se a falta de consenso seria um sinal ‘hawkish’, metade dos que responderam não considerou como tal. A mediana para a Selic no fim de 2023 ficou em 11,25%, aponta o levantamento.
Entre traders/gestores, o comunicado da noite de quarta foi percebido por 56% deles como “neutro” e por 30% como mais “hawkish” do que o esperado, enquanto os economistas ouvidos na pesquisa mostraram “call bem mais dividido” após o comunicado. Antes da decisão, 82% dos economistas ouvidos esperavam comunicado “hawkish”, fatia que caía para 62% entre os traders.
Bolsas de Nova York
Em dia de agenda de indicadores modesta, as bolsas de Nova York fecharam em queda nesta quinta-feira, ainda reagindo à perspectiva de mais aperto monetário, um dia após a decisão do Federal Reserve elevar juros. O índice Dow Jones tentou uma reação na reta final dos negócios, mas por fim o tom negativo prevaleceu, enquanto os juros dos Treasuries avançaram.
- Dow Jones: -0,35%, aos 30.076,68 pontos;
- S&P 500: -0,84%, aos 3.757,99 pontos;
- Nasdaq: -1,37%, aos 11.066,81 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 1,13%, a R$ 5,1143, após oscilar entre R$ 5,1072 e R$ 5,1863.
Os contratos futuros de petróleo fecharam com ganhos. A commodity chegou a mostrar mais força, mas o movimento acabou contido, com o dólar forte no radar. Além disso, o aperto monetário pelo mundo e notícias do setor estiveram em foco, como a possibilidade de que a União Europeia amplie sanções contra a Rússia, tendo o petróleo russo como um dos alvos.
O petróleo WTI para novembro fechou em alta de 0,66% (US$ 0,55), em US$ 83,49 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para o mesmo mês avançou 0,70% (US$ 0,63), a US$ 90,46 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O ouro fechou em alta nesta quinta-feira, dia em que o dólar operou volátil ante moedas rivais, de olho no aperto monetário ao redor do mundo após o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) novamente subir os juros em 75 pontos-base nos EUA.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro subiu 0,32%, a US$ 1.681,10 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, os ativos de educação foram destaque no ranking das maiores altas do índice hoje, decorrente da expectativa do crescimento do PIB, assim como a aposta em mais recursos para financiamento de alunos de faculdades privadas no próximo governo, a depender do resultado das eleições.
Quem liderou as maiores altas ofi Cogna (COGN3), com +8,76%, seguida por YDUQS (YDUQ3), que subiu 5,80%.
SLC Agrícola (SLCE3) ganhou 5,72%. Petrobras (PETR3, PETR4) acompanhou a alta do petróleo e avançou 2,05% e 2,47%, respectivamente. Vale (VALE3) teve alta de 2,29%, seguindo o aumento da cotação do minério de ferro.
O setor bancário do índice também fechou no azul: Bradesco (BBDC3, BBDC4) teve +2,00% e +2,30%, nesta ordem, Itaú (ITUB4) subiu 2,01%, Banco do Brasil (BBAS3) teve elevação de 1,83% e Santander (SANB11), +1,35%.
Já IRB Brasil (IRBR3) teve a maior perda do dia, recuando 5,79%, impactada pelo prejuízo de R$ 58,9 milhões registrado em julho. Também se destacaram na lista negativa Magazine Luiza (MGLU3), -3,16% e CVC (CVCB3), com queda de 2,79%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Cogna (COGN3): +8,76% // R$ 2,98
- YDUQS (YDUQ3): +5,80% // R$ 13,49
- SLC Agrícola (SLCE3): +5,72% // R$ 49,51
- Grupo Soma (SOMA3): +5,06% // R$ 14,11
- Qualicorp (QUAL3): +5,03% // R$ 9,19
Maiores baixas do Ibovespa:
- IRB Brasil (IRBR3): -5,79% // R$ 1,14
- Magazine Luiza (MGLU3): -3,16% // R$ 4,60
- CVC (CVCB3): -2,79% // R$ 6,98
- Méliuz (CASH3): -1,61% // R$ 1,22
- Americanas (AMER3): -1,54% // R$ 17,24
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Petrobras (PETR4) reduz preço do gás de cozinha a partir de amanhã
- brMalls (BRML3) vende Campinas Shopping para XPML11, MALL11 e VISC11 por R$ 411 milhões
Petrobras (PETR4) reduz preço do gás de cozinha a partir de amanhã
Nesta quinta-feira (22), a Petrobras (PETR4) declarou uma nova redução nos preços de venda do gás de cozinha (GLP). O combustível ficará mais barato nas refinarias a partir da sexta-feira (23).
O preço médio de venda para as distribuidoras do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), o gás de cozinha, passará de R$ 4,0265/kg para R$ 3,7842/kg, o equivalente a R$ 49,19 por 13 kg, uma redução média de R$ 3,15 por 13 kg.
A redução no preço do gás de cozinha é equivalente a uma média de 6,02%, segundo informações do Valor Econômico.
“Essa redução acompanha a evolução dos preços de referência e é coerente com a prática de preços da Petrobras, que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado, mas sem o repasse para os preços internos da volatilidade conjuntural das cotações e da taxa de câmbio”, justificou a Petrobras, em nota.
brMalls (BRML3) vende Campinas Shopping para XPML11, MALL11 e VISC11 por R$ 411 milhões
A brMalls (BRML3) informou nesta quinta-feira (22) que assinou um memorando de entendimentos para a venda do Campinas Shopping para os seguintes Fundos Imobiliários (FII): XP Malls (XPML11), Malls Brasil Plural (MALL11) e Vinci Shopping Centers (VISC11).
De acordo com fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o valor da compra foi de R$ 411,4 milhões.
A companhia também afirmou que a efetivação da operação está sujeita às condições precedentes usuais a este tipo de transação, incluindo, a aprovação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A estrutura de pagamento da aquisição será definida futuramente pelas partes nos documentos definitivos, que poderá envolver o recebimento de cotas de um ou mais fundos adquirentes, como parte do pagamento do mesmo.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +1,91%
- IFIX hoje: +0,19%
- IBRX hoje: +1,93%
- SMLL hoje: +1,62%
- IDIV hoje: +1,99%
Cotação do Ibovespa nesta quarta (21)
O Ibovespa fechou o pregão da última quarta-feira (21) em queda de 0,52%, em 111.935,86 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)