O Ibovespa hoje fechou a terça-feira (21) em queda de 0,17% aos 99.684,50 pontos, após oscilar entre 99.166,54 e 101.068,71 pontos, com giro fraco, a R$ 22,9 bilhões.
O índice Bovespa emendou o terceiro fechamento abaixo do limiar dos 100 mil pontos, descolado do exterior positivo, onde houve avanço para o petróleo e para os índices acionários na Europa e em Nova York após o feriado de ontem nos Estados Unidos.
Nas últimas 12 sessões, desde o dia 3, o Ibovespa obteve desempenho positivo em apenas duas, e bem moderados (+0,03%, ontem, e +0,73%, dia 15). No mês, o índice cede 10,48% e, no ano, as perdas chegam a 4,90%. Na semana, cai 0,14%.
Continuação da novela da Petrobras
No dia, o recuo foi puxado pelas ações de grandes bancos, e também por Petrobras, que já acumula perdas de cerca de 10% no mês tanto na ordinária como na preferencial. O mercado continua a monitorar de perto o movimento político em torno dos preços praticados pela petrolífera, atento agora a eventual mudança na Lei das Estatais.
Hoje, em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, embora tenha se colocado como um economista de perfil liberal, questionou se o PPI, o preço de paridade internacional, ainda se justificaria para a Petrobras.
“O dia deixou bastante a desejar aqui, considerando o que se viu em Nova York. Hoje à tarde, o setor de energia estava subindo, puxando as bolsas por lá, com Exxon Mobil em alta de 7% e Chevron, de 5%, enquanto Petrobras caía aqui em torno de 2,5%. Essa queda toda, desde a sexta-feira, está bem concentrada em energia, com nossa Petro ficando para trás. O prêmio de risco pelo que vem pela frente entra na conta, embora não se saiba ao certo o que vem por aí. Sabe-se apenas que (o que ocorrerá) não é o que foi prometido, de que não mudaria nada com o novo presidente (Caio Paes de Andrade)”, diz Rodrigo Natali, estrategista-chefe da Inv.
Corroborando esta perspectiva, Sachsida disse hoje que é um engano pensar que a gestão de Paes de Andrade à frente da estatal será “mais do mesmo”. “A Petrobras precisa competir e é por isso que troquei o presidente e está sendo trocado o Conselho de Administração, pois a empresa precisa se preparar para um novo tempo, de competição”, disse o ministro de Minas e Energia, em audiência na Câmara. “Quem acha que estamos mudando para mais do mesmo, acho que está enganado.”
Repercussão da ata do Copom
Os persistentes ruídos em torno da política de preços da Petrobras deixaram em segundo plano a divulgação da ata do Copom, pela manhã. “A ata veio na direção do BC ‘hawkish’, muito preocupado ainda com a inflação e os desdobramentos em torno dela nos próximos meses para o horizonte relevante do Banco Central, que destacou bastante o cenário externo. Toda essa conjuntura vai provocar uma desaceleração econômica, que pode tirar parte da pressão sobre as commodities e dos bens industriais importados. Mas pode ser uma desaceleração global com inflação elevada, uma estagflação, como temos ouvido muitos analistas internacionais comentarem”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
“O Comitê (de Política Monetária) destacou com mais afinco a piora do cenário global, tanto para a inflação quanto para a atividade econômica, na esteira de desequilíbrios causados especialmente pela guerra no leste europeu e pela política de zero covid implementada pelo governo chinês”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.
“O Copom chamou atenção para o fato de que Bancos Centrais do mundo todo reforçaram a alta de juros, reduzindo a liquidez nos mercados e aumentando a aversão ao risco, o que impacta especialmente países emergentes como nós, aqui no Brasil. Em outras palavras: um mundo com inflação alta, baixo crescimento e menor apetite ao risco por parte dos investidores”, acrescenta a economista.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York tiveram pregão com ganhos fortes, na volta do feriado na segunda-feira. Depois de uma semana anterior com perdas acentuadas, houve apetite de investidores por ações mais baratas, com o setor de energia em destaque.
- Dow Jones subiu 2,15%, a 30.530,25 pontos;
- S&P 500 ganhou 2,45%, a 3.764,79 pontos;
- Nasdaq avançou 2,51%, a 11.069,30 pontos.
O dólar à vista fecha em baixa de 0,63%, a R$ 5,1537, depois de oscilar entre R$ 5,1184 e R$ 5,18485.
O petróleo encerrou a sessão desta terça em alta, em recuperação contínua após as fortes perdas da semana passada. A alta do contrato do WTI em Nova York superou a do Brent em Londres, uma vez que ontem os mercados americanos não operaram devido a um feriado local. Sem grandes drivers para a commodity, a situação apertada da oferta global segue no foco, enquanto a perspectiva para a demanda de China e EUA segue otimista.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para agosto subiu 1,42% (US$ 1,53), a US$ 109,52, enquanto o do Brent para o mesmo mês avançou 0,46% (US$ 0,52) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 114,65.
O ouro recuou moderadamente nesta terça-feira, à medida que investidores aguardam pelos próximos passos do Federal Reserve (Fed) em seu processo de aperto monetário. Em um contexto de poucos drivers, a recuperação de ativos atrelados ao risco nos mercados globais e o aumento dos juros dos Treasuries pesou sobre o metal precioso.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para agosto caiu 0,10%, a US$ 1.838,80 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, os ruídos políticos trouxeram perdas para as ações da Petrobras (PETR3, PETR4), que caiu 1,06% e 1,99%, respectivamente.
Outra estatal também sofreu consequências com temores sobre interferência política: Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 4,10%, se destacando entre as maiores baixas do índice.
O movimento afetou outros grandes bancos, com Bradesco (BBDC3, BBDC4) perdendo 0,90% e 0,85%, respectivamente, e Itaú (ITUB4) com -1,06%. Apenas Santander (SANB11) terminou a sessão em alta de 0,20%, a R$ 30,70.
Ainda no campo negativo, Cogna (COGN3) teve a maior desvalorização, de -4,76%. Também figurou no ranking CPFL Energia (CPFE3), cedendo 3,69%.
Entre os maiores ganhos do índice, Qualicorp (QUAL3) registrou alta de 6,68%, seguida de Weg (WEGE3), com valorização de 4,98%, e IRB Brasil (IRBR3), com +4,04%.
Vale (VALE3) perdeu o fôlego do início do pregão, mas ainda fechou no azul, com +0,66%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Qualicorp (QUAL3): +6,68% // R$ 14,70
- Weg (WEGE3): +4,98% // R$ 25,30
- IRB Brasil (IRBR3): +4,04% // R$ 2,83
- Natura (NTCO3): +3,60% // R$ 13,83
- Totvs (TOTS3): +3,58% // R$ 24,03
Maiores baixas do Ibovespa:
- Cogna (COGN3): -4,76% // R$ 2,20
- Banco do Brasil (BBAS3): -4,10% // R$ 32,98
- Lojas Renner (LREN3): -3,18% // R$ 23,11
- CPFL (CPFE3): -3,69% // R$ 32,35
- Yduqs (YDUQ3): -3,45% // R$ 13,17
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Ata do Copom confirma novo ajuste da Selic de igual ou menor magnitude
- Partido de Bolsonaro quer abrir CPI da Petrobras (PETR4); Pacheco diz ser contra investigação
Ata do Copom confirma novo ajuste da Selic de igual ou menor magnitude
O Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central (BC) repetiu nesta terça-feira (21), por meio da ata de seu último encontro, que “antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude” do que em junho para a próxima reunião, em agosto. Na semana passada, o Copom elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual (pp), ou 50 pontos-base (pb), de 12,75% para 13,25% ao ano. Segundo a sinalização do BC, a Selic chegaria a 13,50% (aumento de 0,25pp) ou a 13,75% (alta de 0,50pp) no próximo encontro.
Mas o comitê afirmou que sua atuação demanda “cautela adicional” diante da “crescente incerteza” da atual conjuntura e do estágio avançado do ciclo de ajuste, que ainda tem impactos a serem observados. Desde o início do processo de aperto monetário, a taxa Selic já subiu 11,25 pontos porcentuais, a alta mais forte desde 1999.
O BC ainda repetiu que poderão ser feitos ajustes nos passos futuros para assegurar a convergência da inflação às metas, e a depender da evolução do balanço de riscos, da atividade econômica e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante de política monetária.
O Copom também voltou a dizer que é apropriado que o ciclo de aperto monetário “continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, diante de suas projeções de inflação e com o risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos.
“O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, repetiu a ata.
Partido de Bolsonaro quer abrir CPI da Petrobras (PETR4); Pacheco diz ser contra investigação
O aumento do preço dos combustíveis, anunciado pela Petrobras (PETR4) na última sexta (17), continua como alvo de disputa política. O embate chegou ao Congresso Nacional e opõe o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro — que sugeriu a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) –, e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco. (PSD-MG). Um requerimento para abrir a apuração, que inclui investigar a conduta do Conselho de Administração da Petrobras, é articulado na Câmara pelo PL. Pacheco se posicionou contrariamente à instalação de uma CPI no Congresso sobre a estatal.
“Se a Petrobras tem regras de governança, é uma empresa cuja direção é escolhida pelo governo e pela União, que é sua principal acionista, não há dicotomia entre Petrobras e governo. Na verdade, há uma junção, uma comunhão para poder disciplinar a questão dos combustíveis no Brasil”, disse o presidente do Senado a jornalistas, após uma reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
Na noite da segunda-feira, 20, Pacheco participou de uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e líderes partidários para discutir os rumos da Petrobras.
O senador disse que defendeu, na ocasião, medidas alternativas para reduzir os preços dos combustíveis, como a criação de uma conta de estabilização prevista em projeto já aprovado no Senado, mas que travou na Câmara.
“Eu, particularmente, sobre o conceito de CPI para um caso desses, obviamente não sou favorável, acho que não tem a mínima razoabilidade uma CPI num momento desses, por causa de um fato desses. Acho que há outras medidas, inclusive legislativas e do Poder Executivo, muito mais úteis para resolver o problema do que uma CPI”, declarou Pacheco nesta terça
O presidente do Senado defendeu usar o excedente de dividendos da Petrobras para conceder benefícios específicos a caminhoneiros e taxistas, que dependem do diesel e da gasolina, e também para subsidiar a compra do gás de cozinha por famílias de baixa renda.
“Se é uma empresa que hoje está tendo lucros muito expressivos, se pode pensar numa série de outras medidas, eventualmente elas podem ser trabalhadas, mas me parece mais lógico que o excedente dos dividendos da União possam ser revertidos para a sociedade”, disse Pacheco.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -0,17%
- IFIX hoje: +0,07%
- IBRX hoje: -0,13%
- SMLL hoje: +0,16%
- IDIV hoje: -0,24%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (20)
O Ibovespa fechou o pregão da última segunda-feira (20) em leve alta de 0,03%, aos 99.852,67 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)