O Ibovespa hoje fechou a terça-feira (20) em alta de 0,62%, em 112.516,91 pontos, após oscilar entre 111.393,16 e 112.543,88 pontos. O giro foi de R$ 26,7 bilhões. Na semana, sobe 2,96%, com ganho no mês a 2,73% e, no ano, a 7,34%.
O índice conseguiu se recuperar e sustentar a linha dos 112 mil à revelia do exterior negativo, embora tenha chegado a perder fôlego à tarde em paralelo à piora em Nova York, amenizada em direção ao fechamento.
Nesta terça-feira, dados de inflação ao produtor na Alemanha, em nível recorde de 45,8% ao ano em agosto – bem acima do consenso para o mês, de 37,9% -, também trazendo o maior avanço na margem observado na série histórica (+7,9%), contribuíram para a aversão a risco observada ainda cedo, nos mercados europeus.
Em outro desdobramento que reflete o peso da inflação em um contexto de crise energética no velho continente, o BC sueco surpreendeu hoje ao elevar em 100 pontos-base a taxa de juros do país, a 1,75% ao ano – a expectativa era por um aumento de 75 pontos-base. Além dos BCs americano e brasileiro, amanhã, a semana traz ainda a decisão do Banco da Inglaterra, na quinta-feira.
Nos Estados Unidos, foco da atenção global na quarta-feira, “a postura dos dirigentes do Fed está inclinada ao ‘higher for longer’ – mais juros por mais tempo. A decisão de elevar a taxa em 75 pontos-base corre o risco de soar leniente, a depender da interpretação do comunicado e dos comentários de (Jerome) Powell (presidente do BC americano) na coletiva de imprensa. Por outro lado, aumento de 100 pbs na taxa de juros pode reforçar temores quanto a um ‘hard landing‘ por lá”, observa Antonio van Moorsel, sócio e chefe do Advisory da Acqua Vero Investimentos.
“O cenário global ainda é o mesmo, com pressão inflacionária e baixíssimo crescimento, inclusive na China, em forte desaceleração econômica. Aqui, o descolamento ainda é favorecido por ações muito baratas, o que inclui não apenas as muito descontadas, como as de varejo, mas também as de bancos, que hoje subiram na medida em que costumam ser uma proteção melhor em momentos voláteis, como o de agora”, diz Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos.
Na contramão do ajuste nas ações de commodities e da siderurgia, setores com exposição a preços internacionais e a demanda externa, o segmento de bancos mostrou ganhos no fechamento. “Mesmo com o exterior recuando e a queda do petróleo e do minério de ferro, que puxaram as ações de Petrobras e Vale para baixo, o Ibovespa sustentou um pregão levemente positivo, apoiado na alta do setor financeiro”, resume Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
“Por aqui, com o aporte dos recursos do Auxílio Brasil contribuindo para a recuperação do setor de serviços, além da melhora constante dos resultados da indústria e a redução da taxa de desemprego, por ora a recessão continuará fora da perspectiva, a curto prazo“, observa Acilio Marinello, coordenador do MBA de Digital Banking da Trevisan Escola de Negócios, referindo-se ao descolamento do mercado doméstico da aversão a risco que ainda prevalece no exterior.
“O dia foi de agenda esvaziada, com cautela para as decisões de política monetária, amanhã. No Brasil, os dados mais recentes mostram desaceleração dos preços sem desaceleração econômica, o que apoia a expectativa de encerramento do ciclo de alta de juros, com juros reais perto de 6%, bem acima dos 4% indicados como ideal pelo Banco Central”, diz Rafael Azevedo, especialista em renda variável da Blue3.
“O BC ainda precisa ancorar expectativas em direção à meta (de inflação). Tentar fazer com que a economia tenha um processo de acomodação, um desaquecimento. Para isso, precisa usar taxa de juros elevada, e por mais tempo. Expectativa de inflação para 2024 precisa ficar mais próxima da meta, é o que o BC quer ver”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento), que espera manutenção da Selic de 13,75% por “mais tempo”, ou mesmo 14%, deixando claro que esse “universo temporal se tornou mais longo para poder fazer a convergência da meta”.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York caíram nesta terça-feira, em sessão que antecede a decisão monetária do Federal Reserve (Fed). Entre operadores e analistas, a aposta majoritária segue para alta de 75 pontos-base nos juros. A ação da Ford tombou 12% e pesou sobre os índices, após alertas de custos acima do esperado pela montadores.
- Dow Jones: -1,01%, aos 30.706,23 pontos;
- S&P 500: -1,13%, aos 3.855,93 pontos;
- Nasdaq: -0,95%, aos 11.425,05 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,25%, a R$ 5,1525, após oscilar entre R$ 5,1422 e R$ 5,2232.
Os contratos do petróleo fecharam em queda no mercado futuro, pressionados pela força do dólar ante rivais. Os preços também foram limitados pela cautela generalizada antes da decisões monetárias de grandes bancos centrais, como o Federal Reserve (Fed) e Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), nesta semana.
O petróleo WTI para novembro caiu 1,66% (US$ 1,42), a US$ 83,94 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), enquanto o Brent para o mesmo mês recuou 1,5% (US$ 1,38), a US$ 90,62 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O ouro fechou em queda nesta terça-feira, véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), após ser pressionado pela valorização do dólar e alta dos rendimentos dos Treasuries. Uma alta de 75 pontos-base é vista como o desfecho mais provável nesta semana, mas vários analistas não descartam elevação de 100 pb.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro recuou 0,42%, a US$ 1.671,1 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, os ativos de grandes bancos ficaram no ranking das maiores altas do dia, com investidores refletindo a aproximação do ex-presidente do BC Henrique Meirelles à candidatura presidencial de Lula.
Bradesco (BBDC3, BBDC4) avançou 3,67% e 3,23%, respectivamente, Itaú (ITUB4) ganhou 3,32%, Itaúsa (ITSA4) também entrou na lista, com +2,82%, Santander (SANB11) subiu 2,59% e Banco do Brasil (BBAS3) teve elevação de 1,52%
No ranking positivo, também teve Embraer (EMBR3), com +3,78%, impulsionada pelo anúncio do presidente Jair Bolsonaro de que a companhia prevê vender 150 aviões do modelo KC-390.
Quem liderou entre as mais valorizada foi Carrefour (CRFB3), com +4,06%.
Entre as blue chips, Petrobras (PETR3,PETR4) baixou 0,17% e 0,58%, nesta ordem, e Vale (VALE3), -1,43%.
Na lista das maiores perdas, Ecorodovias (ECOR3) liderou, com -4,39%, com o mercado ainda em dúvidas quanto à capacidade financeira da companhia após o lance de R$ 1,2 bilhão pelo lote Noroeste de rodovias de São Paulo, na semana passada.
No ranking negativo ainda se destacaram CVC (CVCB3), que caiu 3,92% e CSN (CSNA3), que desvalorizou 3,89%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Carrefour (CRFB3): +4,06% // R$ 21,51
- Embraer (EMBR3): +3,78% // R$ 13,99
- Bradesco (BBDC3): +3,67% // R$ 16,65
- YDUQS (YDUQ3): +3,42% // R$ 12,72
- Itaú (ITUB4): +3,32% // R$ 28,60
Maiores baixas do Ibovespa:
- Ecorodovias (ECOR3): -4,39% // R$ 5,45
- CVC (CVCB3): -3,92% // R$ 7,11
- CSN (CSNA3): -3,89% // R$ 13,10
- BRF (BRFS3): -3,44% // R$ 14,32
- Usiminas (USIM5): -2,73% // R$ 7,83
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Engie (EGIE3) fornecerá energia renovável para Azul (AZUL4) em Brasília
- IRB Brasil (IRBR3) é alvo de ação por prejuízo aos acionistas
Engie (EGIE3) fornecerá energia renovável para Azul (AZUL4) em Brasília
A Engie (EGIE3) fechou contrato com a Azul (AZUL4) para o fornecimento de eletricidade e ar-condicionado a partir de fontes renováveis para os aviões da companhia aérea no aeroporto de Brasília.
A energia renovável da Engie substituirá os equipamentos movidos a combustíveis fósseis da Azul. A tecnologia também deve reduzir o consumo de querosene de aviação.
“O uso destas soluções com energia renovável trará maior eficiência operacional e mais segurança para o aeroporto, que passará a ter menor movimentação de equipamentos móveis no pátio de estacionamento das aeronaves” afirma em nota o presidente da Engie Soluções, Jacques-Olivier Klotz.
Com o contrato da Azul, a Engie passa a atender todas as companhias aéreas nacionais que operam no aeroporto de Brasília.
Para o diretor de Negócios Aéreos da Inframerica, administradora do aeroporto de Brasília, Roberto Luiz, haverá uma redução considerável de ruídos no pátio de aeronaves. “O sistema elétrico, além de menos poluente, é mais silencioso. Outro ganho importante é a redução de obstáculos nos pontos de estacionamento de aeronaves.”
O executivo destaca que o aeroporto de Brasília vem trabalhando para trazer mais ações de energia limpa para o terminal. “Construímos uma usina fotovoltaica no aeroporto. Hoje, 7% de todo o consumo do terminal são provenientes de painéis solares”, relata.
No ano passado, a Engie equipou 22 pontes de embarque e desembarque do aeroporto de Brasília com a tecnologia de abastecimento. Segundo nota, a companhia espera levar a solução para outros terminais aeroportuários do País.
IRB Brasil (IRBR3) é alvo de ação por prejuízo aos acionistas
O IRB Brasil (IRBR3) está sendo alvo de uma ação civil pública protocolada pelo Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) em decorrência dos prejuízos causados a seus acionistas, graças a uma forte queda no preço de ações da empresa após a revelação de fraudes por parte da companhia.
Na ação aberta contra o IRB, o Ibraci afirma que “que a ré agiu com dolo ao divulgar informações mentirosas de forma fraudulenta, lesando os seus acionistas e investidores interessados na aquisição de ações da companhia, uma vez que elas não refletiam a realidade”.
A empresa protagonizou um escândalo contábil e despencou na bolsa de valores no início de 2020.
No documento, também está disposto que, “verificada a ocorrência de fatos típicos do crime contra o Sistema Financeiro Nacional”, os investidores não devem ser “obrigados a suportarem o ônus decorrente de atos ilícitos praticados pela ré, cabendo a ela indenizá-los, na forma do artigo 927 do Código Civil”.
A entidade ainda acusa a empresa de “quebra da boa-fé subjetiva, dada a atitude dolosa em fraudar suas informações, induzindo os investidores a erro”.
“O investidor não pode e não deve aceitar com passividade os prejuízos anômalos, decorrentes de comportamentos distorcidos, descumprimento de regras de governança, violação de normas do mercado e manipulação”.
O documento pontua a intensa desvalorização que os papéis da companhia sofreram.
“A ação saiu de R$ 34,37 em 31/01/2020 para R$ 5,60 em 20/03/2020 e está em R$ 1,18, em 14/09/2022. Ou seja, a ação simplesmente virou pó“. No pregão desta terça (20), a ação do IRB está cotada a R$ 1,20.
O Ibraci pede que o IRB seja condenado por dano moral coletivo e danos morais e materiais dos investidores no plano individual.
Além disso, o Ibraci pede que seja publicado edital para que para que investidores e acionistas do IRB possam ingressar na ação e assim “comprovar os danos que experimentaram e serem ressarcidos”.
A ação foi ajuizada na quarta-feira (14) e distribuída na quinta-feira (15) para a 6ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,62%
- IFIX hoje: +0,14%
- IBRX hoje: +0,40%
- SMLL hoje: -0,17%
- IDIV hoje: +0,28%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (19)
O Ibovespa fechou o pregão da última segunda-feira (19) em alta de 2,33%, em 111.823,89 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)