Ibovespa fecha em alta de 1,8%, com decisão do STF; varejistas lideram altas e commodities derretem
O Ibovespa hoje fechou o pregão desta segunda-feira (19) em alta de 1,83%, aos 104.739,75 pontos, após oscilar entre 102.770 e 105.107 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 24,3 bilhões.
Em grande parte do dia, o cenário político esteve no radar de investidores e impactou o Ibovespa hoje. O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria de votos nesta segunda-feira (19) para considerar inconstitucional o Orçamento Secreto. Seis ministros, incluindo a presidente do STF, definiram o esquema como um dispositivo “à margem da legalidade”.
A reação inicial do mercado foi positiva: a percepção dos investidores era de que a força política do Centrão para fazer exigências ao próximo governo teria sido abalada pelo STF. Assim, o quadro pôde ser interpretado como favorável à governabilidade, e não ao impasse político.
Enxergando alguma melhora no cenário político em dia de volume de negócios na Ibovespa reduzido, os investidores buscaram por ações que acumularam descontos ao longo de dezembro. O desempenho negativo do minério de ferro na China, contudo, segurou as ações de mineração – a Vale (VALE3) caiu 0,36% – e de siderurgia – Usiminas (USIM5) derreteu 6,12%, CSN (CSNA3) tombou 2,01% e Gerdau (GGBR4) cedeu 1,39%).
Dia de respiro no Ibovespa
“Hoje, com descolamento do exterior, tivemos uma recuperação técnica, com o Ibovespa subindo mais de 2% na máxima do dia, tentando corrigir as quedas das últimas semanas. Foi um dia de respiro, de certa forma”, diz Paulo Luives, especialista em renda variável da Valor Investimentos, destacando, em especial, o desempenho das ações de varejo na sessão, em dia de fechamento nos DIs, o que contribui para “dar um gás nesses papéis, mais sensíveis a juros”.
A alta é um reflexo do movimento de correção das companhias, que operavam em queda nas últimas semanas. Nesta segunda, a Via (VIIA3) foi o papel teve a maior valorização no Ibovespa (+16,23%), cotado a R$ 2,22 — refletindo a saída de Raphael Klein da presidência do conselho. Outras varejistas também acumularam alta, como a Americanas (AMER3), +12,65%, Magazine Luzia (MGLU3), +10,13%, Alpargatas (ALPA4), +7,32%, e Petx (PETZ3), +7,29%).
Outros destaques positivos no Ibovespa foram a Qualicorp (QUAL3), que subiu 14,68% (R$ 5,86) com a aprovação, com restrições, da fusão entre Rede D’or (RDOR3) e a SulAmérica (SULA11). Também avançaram as ações da Rede D’or (+5,09%), a R$ 26,20, e da SUlamérica (SULA11), alta de +5,20%, a R$ 19,64.
Queda nas ações de commodities
Por outro lado, as ações das commodities derreteram no Ibovespa hoje. A Vale (VALE3) caiu 0,36%, Usiminas (USIM5) recuou 6,12% — maior queda do dia. Enquanto isso, os frigoríficos tombaram, em especial Minerva (BEEF3), com menos 0,57%. O setor de papel e celulose viu Klabin (KLBN11) perder 2,47% e Suzano (SUZB3), 1,62%.
Em meio a isso, na penúltima segunda-feira do ano, o fechamento do Ibovespa em alta conseguiu seguir passos diferentes das principais bolsas do exterior. Nas bolsas de Nova York, houve quedas no Dow Jones (0,50%), na S&P500 (0,91%) e Nasdaq (1,49%).
Em contrapartida, o dólar à vista fechou com alta de 0,28%, a R$ 5,3090 — após oscilar entre 5,2914 e R$ 5,3399.
“Apesar de algum otimismo no pregão de hoje, o mercado deve seguir atento à agenda de indicadores econômicos, como o IPCA-15, aqui no Brasil. Nos EUA, as divulgações do PIB e núcleo do índice de preços PCE devem direcionar o apetite por risco durante a semana”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora.
STF derruba orçamento secreto e enfraquece Lira na Câmara
O primeiro a votar na sessão de hoje foi o ministro Ricardo Lewandowski, que acompanhou a relatora e presidente da corte Rosa Weber no voto que considera que o mecanismo viola a Constituição. Em seguida, o ministro Gilmar Mendes afirmou que as ações são parcialmente procedentes.
Lewandowski se juntou aos ministros Cármen Lúcia, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. Os cinco seguiram o posicionamento da presidente do STF, que define o esquema como um dispositivo “à margem da legalidade”. A maioria dos ministros julga que a falta de transparência do orçamento secreto viola a Constituição.
Cinco ministros votaram pela manutenção do orçamento secreto, desde que critérios mais transparentes na distribuição dos recursos sejam adotados. Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, André Mendonça, Kassio Nunes Marques e Gilmar Mendes seguiram este posicionamento.
O orçamento secreto, como é chamado, permite que parlamentares apresentem requerimento de verba da União sem que seja necessário dar detalhes ou transparência sobre a destinação dos recursos ou mesmo sobre qual foi o parlamentar solicitante.
A questão principal no julgamento do STF é justamente a falta de transparência, que originou as primeiras críticas em relação ao esquema praticado por integrantes do Centrão no governo do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Auxílio Brasil pode ficar fora do teto de gastos
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes decidiu que os recursos utilizados em programas sociais, como o Auxílio Brasil, não estão inscritos na regra do teto de gastos. A decisão, publicada no domingo (18), abre portas para que o novo governo Lula (PT) mantenha o pagamento de R$ 600 do futuro Bolsa Família mesmo que a PEC da Transição não seja aprovada no Congresso.
A decisão de Mendes também assegura a legalidade de que o pagamento dos benefícios sociais seja feito através da abertura de crédito extraordinário, sem necessidade de mudanças na Constituição. No texto, o ministro afirmou que as despesas para os pagamentos desses benefícios sociais “não se incluem na base de cálculo e nos limites estabelecidos no teto constitucional de gastos”.
Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) disparam na Bolsa
As ações das varejistas Magazine Luiza (MGLU3), Via (VIIA3) e Americanas (AMER3) receberam um presente de Natal no pregão desta segunda (19) e dispararam na Bolsa de Valores. Por volta das 16h30, os papéis dessas companhias operavam em alta de 11,39%, 15,71% e 13,81%, respectivamente.
A alta é um reflexo do movimento de correção das companhias, que operavam em queda nas últimas semanas. Em dezembro, os papéis do Magazine Luiza acumulam uma redução de 13,55% e, nos últimos doze meses, de 57,66%.
As ações da Americanas desidratam 13,84% neste mês e, nos últimos doze meses, o tombo foi de 72,15%.
Em dezembro, as ações da Via registram um crescimento de 7,21%. Um dos fatores dessa alta foi a mudança no alto escalão da varejista: o executivo Raphael Klein deixou a presidência do conselho de administração e foi substituído por Renato Carvalho do Nascimento, conselheiro da empresa desde 2012.
Com essa alteração, os analistas de mercado esperam que as brigas internas na companhia sejam solucionadas. Contudo, no acumulado dos últimos doze meses, os papéis acumulam queda de 52,95%. Além do movimento de correção, o alívio na taxa dos juros futuros chegou nas ações das varejistas como um presente de Natal.
Maiores altas do Ibovespa:
- VIIA3: +16,23% // R$ 2,22
- QUAL3: +14,68% // R$ 5,86
- AMER3: +12,65 // R$ 8,28
- MGLU3: +10,13% // R$ 2,61
- CVCB3: +9,84% // R$ 4,02
Maiores baixas do Ibovespa:
- USIM5: -6,12% // R$ 6,90
- SLCE3: -3,18% // R$ 44,52
- RRRP3: -3,04% // R$ 31,85
- KLBN11: -2,47% // R$ 19,74
- CMIG4: -2,10% // R$ 10,72
Dólar volta a subir em meio a cautela com risco fiscal
Depois de um alívio na sexta-feira (16), o dólar à vista voltou o foco para o risco fiscal e fechou em alta moderada. Com a decisão do STF de tornar o orçamento secreto inconstitucional, os líderes do Congresso já se articulam para aumentar os recursos destinados às emendas obrigatórias (individuais e de bancada).
Desta forma, os R$ 19 bilhões das emendas de relator, agora proibidas, devem ser realocados em outros instrumentos em 2023. Apesar de se beneficiar da decisão do STF, o governo eleito diz que continua empenhado na aprovação da PEC.
Enquanto isso, o mercado vai ter que esperar até amanhã para saber quem serão os indicados para duas importantes posições na Fazenda: Tesouro e Secretaria de Política Econômica. A expectativa era de que fossem anunciados hoje. A indicação de Anelize Almeida para a PGFN foi considerada técnica e não mexeu com os ativos. Mas Renan Filho, uma escolha política, segue cotado para o Planejamento.
No exterior, o índice dólar oscilou entre altas e baixas, entre a expectativa de recessão global e a continuidade do aperto monetário pelos BCs. O dólar à vista fechou em alta de 0,28%, a R$ 5,3090, após oscilar entre R$ 5,2914 e R$ 5,3399. Às 17h12, o dólar futuro para janeiro recuava 0,36%, a R$ 5,3215.
Índices em NY fecham em queda
Os investidores em Nova York seguem mais pessimistas do que otimistas nesse final de ano. Afinal, o Fed sinalizou, na semana passada, que novas altas das taxas virão. Assim, o mercado espera um longo caminho neste combate à inflação.
- Dow Jones: -0,50%, a 32.756,61 pontos
- S&P 500: -0,91%, a 3.817,47 pontos
- Nasdaq: -1,49%, a 10.546,03 pontos
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa hoje
Boa Vista (BOAS3) sobe 50% com proposta de fusão
As ações da Boa Vista (BOAS3), que ficam fora do Ibovespa, sobem mais de 50% no intradia desta segunda-feira (19) após uma proposta de combinação de negócios da Equifax (E1FX34).
Isso, pois a proposta prevê um pagamento de R$ 8 por ação, quase 70% acima do preço de fechamento das ações da Boa Vista no pregão de sexta (16).
A proposta da Equifax prevê:
- R$ 8,00 por ação da companhia em um pagamento em dinheiro
- Uma combinação de dinheiro e Brazilian Depositary Receipts (BDRs) representando ações ordinárias de emissão da Equifax ou;
- Uma combinação de ações ordinárias da EFX Brasil e dinheiro ou BDRs da Equifax
Segundo comunicado, a proposta foi apresentada com o apoio da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), maior acionista da empresa, com cerca de 30% do capital social total, conforme consta no site de Relação com Investidores da empresa.
Os outros acionistas são o Fundo TMG II FIP (21,6%), a própria Equifax (9,9%) e a Kar Investment Management (7,7%). O restante é distribuído entre a tesouraria, o free float e os administradores da empresa.
Se a fusão entre a Boa Vista e a Equifax ocorrer, a ACSP assinará um contrato de não competitividade de 15 anos. Além disso, fornecerá acesso exclusivo às suas plataformas de dados e fornecerá serviços de consultoria e suporte regulatório à empresa.
Atualmente a fusão já está sendo visada, dado que o Conselho de Administração da Boa Vista já contratou assessores financeiros para a analisar a negociação.
Localiza (RENT3) pagará R$ 358 milhões em JCP e anuncia aumento de capital
A Localiza (RENT3) anunciou ao mercado que pagará R$ 358 milhões em Juros sobre o Capital Próprio (JCP) para seus acionistas. No comunicado, o conselho de administração da Localiza explicou que o valor bruto dos proventos por ação será de R$ 0,36617, que serão pagos em 13/02/23.
Além disso, a empresa pretende aumentar o capital em até R$ 180 milhões com a emissão de novas ações. A ideia é que a operação arrecade, no mínimo, R$40.101.122,75 e, no máximo, R$ 180.699.996,75. Serão emitidas ações ordinárias, nominativas, escriturais e sem valor nominal.
No mínimo, serão emitidas 949.139 ações e, no máximo, 4.276.932 novos papéis. O preço de emissão será de R$ 42,25.
IRB (IRBR3): ações disparam após resseguradora ficar de fora em nova prévia do Ibovespa
Após uma semana turbulenta, as ações do IRB Brasil (IRBR3) operam com força no pregão desta segunda-feira (19). No intradia, as ações estão cotadas com alta de 6,94%, a R$ 0,76. Na última sexta-feira, a prévia da carteira do Ibovespa deixou de fora os papéis da resseguradora da carteira do índice.
Desde a estreia na bolsa de valores, em 2017, as ações do IRB Brasil já caíram mais de 90%. Apesar da tendência inicial de alta, os ativos registraram forte desvalorização a partir de 2020. Hoje, os papéis da resseguradora valem menos de R$ 1, o que gera dúvidas sobre as perspectivas para o IRB Brasil em 2023.
Por ter cotação abaixo de R$ 1, a saída do IRB Brasil do Ibovespa já era esperada. Atualmente a companhia visa um grupamento de ações, de 30 para 1, para contornar o problema. O preço dos papéis está abaixo de R$ 1 desde a última semana de outubro. De lá para cá, as ações do IRB caíram 30%, para atuais R$ 0,72.
Além disso, os papéis do IRBR3 também somam 81,86% de desvalorização no acumulado do ano. No primeiro pregão de 2022, o preço fechava em R$ 3,91.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Small Caps (SMLL) hoje: +2,53%
- BDRs (BDRX) hoje: -1,43%
- Fundos Imobiliários (IFIX) hoje: -0,65%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (19)
O Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira (19) em alta de 1,83%, aos 104.739,75 pontos.
Com informações do Estadão Conteúdo