O Ibovespa encerrou o pregão desta quinta-feira (19) em alta de 0,62%, aos 112.921,88 pontos, após oscilar entre 111.306,96 e 113.171,83 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 30,8 bilhões.
Mais uma vez nesta semana, o pregão foi marcado pela Americanas (AMER3). Hoje, a varejista não apenas confirmou que dispõe de um caixa de R$ 800 milhões como entrou com pedido de recuperação judicial. Com isso, a B3 anunciou a retirada do AMER3 de todos os índices, inclusive o Ibovespa.
No fechamento do Ibovespa de hoje, AMER3 teve baixa de 42,53%, com a mínima do dia em R$ 1,00 — mais barata que os ativos da Oi (OIBR3) e IRB (IRBR3). Junto à Americanas, houve quedas no índice de outras empresas do setor.
Via (VIIA3) e Carrefour (CRFB3) recuaram -2,52% e -2,21%. Por outro lado, a maior alta do dia foi da Magazine Luiza (MGLU3), que fechou o pregão de hoje com avanço de 7,02%, enquanto a Lojas Renner (LREN3) teve alta de 0,73%.
Outras quedas no fechamento do Ibovespa de hoje foram dos ativos bancários. O BTG Pactual (BPAC11) teve o terceiro maior recuo do índice, em -2,71%. Outros bancos também caíram durante o dia, mas viraram e conseguiram alguns ganhos. O Bradesco (BBDC4) fechou com avanço de 0,20%, e Banco do Brasil (BBAS3) subiu 2,28%
Além disso, o índice teve alta de companhias com receita dolarizada – Vale (VALE3) e Suzano (SUZB3) – em meio ao avanço da moeda americana, ao passo que a prévia operacional da MRV (MRVE3) derrubou os papéis da companhia. Outra blue chip que avançou no Ibovespa hoje foi a Petrobras (PETR3;PETR4) que teve alta de 3,40% e 3,03%, respectivamente.
“O que puxou o Ibovespa hoje foram as commodities: tanto o petróleo, como o minério de ferro em alta e com uma cautela dos investidores em relação aos ativos mais relacionados ao cenário interno”, diz o operador de renda variável da Manchester Investimentos Gabriel Mota.
No cenário político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou a autonomia do Banco Central (BC) e sugeriu que “a gente pode nem ter juros”. A fala repercutiu negativamente no mercado financeiro. Prontamente, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que o chefe do Executivo não pretende interferir na instituição.
Os juros futuros fecharam a sessão em alta, mas em níveis bem abaixo das máximas vistas pela manhã desta quinta-feira, 19, quando subiram mais de 40 pontos-base em alguns vencimentos. A perda de fôlego ocorreu na jornada vespertina, com a declaração de Padilha, que garantiu não haver “nenhuma predisposição” do governo em mudar a relação com o Banco Central (BC). E, evitando gerar ainda mais ruído, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, contemporizou sobre a postura de Lula emn palestra nesta tarde.
“Estamos vendo há algum tempo que, por causa da mudança recente na política econômica, empresas mais voltadas ao cenário externo estão ganhando alocação — que é uma forma segura de se manter em ativos brasileiros fugindo do risco político”, frisa Mota.
Commodities seguem avançando
Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta nesta quinta-feira (19), ainda reagindo à reabertura da China e beneficiados pela desvalorização do dólar. Dados de estoques dos Estados Unidos também orientaram os negócios desta sessão.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para março de 2023 fechou em alta de 1,02% (US$ 0,81), a US$ 80,61 o barril. Já o Brent para o mesmo mês, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), fechou em alta de 1,39% (US$ 1,18), a US$ 86,16 o barril.
Para a Oxford Economics, apesar dos temores de recessão global, o petróleo vem sendo impulsionado pelo otimismo em relação à reabertura da China, maior importadora do óleo. Embora a OPEP não tenha atualizado sua previsão de crescimento da demanda global para 2023 (atualmente em 2,2%), “isso pode desencadear um pequeno superávit para os produtores de petróleo no início de 2023”.
Já para a Capital Economics, em análise enviada para clientes, a previsão é que a atividade econômica mais lenta dos EUA nos próximos seis meses “pesem sobre a demanda por petróleo e levem a mais aumentos de estoque”.
Dólar sobe, mas bolsas de NY caem
A quinta-feira foi de quedas nas bolsas de Wall Street. O mercado americano reagiu a dados de auxílio-desemprego e de construções de moradias iniciadas. Ainda, falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed) sobre possíveis aumentos de juros guiaram os negócios no pregão de hoje.
Com isso, o Dow Jones caiu -0,76%, S&P recuou -0,76% e Nasdaq perdeu 0,96%. Por outro lado, o dólar à vista fecha em alta de 0,16%, a R$ 5,1707, após oscilar entre R$ 5,1642 e R$ 5,2561.
Mais cedo, a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, indicou a possibilidade de uma desaceleração econômica para que a inflação retorne à meta de 2% ao ano. Segundo ela, que falou em evento, ainda há necessidade de altas de juros, provavelmente levando-os ainda um pouco acima de 5%.
Além disso, o número de pedidos de auxílio-desemprego caiu 15 mil na última semana, a 190 mil — ficando bem abaixo da expectativa, o que sinaliza um mercado mais forte do que pode ser esperado. Já dados de construção de moradias novas caíram menos que a expectativa, o que também indica resiliência no mercado e, possivelmente, pressões nos preços.
Entre os papéis em destaque, estão as ações das empresas Amazon (AMZO34) e Microsoft (MSFT34), que tiveram queda de 1,86% e 1,65%, respectivamente, refletindo informações sobre redução de custos das empresas.
Bolsas europeias fecham em baixa
Após começar o ano com altas seguidas, os mercados acionários da Europa começaram a perder fôlego nesta semana. Nesta quinta-feira (19) as principais bolsas europeias encerraram o pregão em baixa. Entre os drivers que movimentaram o mercado. estiveram a publicação da ata do Banco Central Europeu (BCE) e declarações do presidente do Banco da Inglaterra (BoE), Andrew Bailey.
Confira as quedas:
- Frankfurt (DAX): -1,72%
- Lisboa (PSI 20): -1,77%
- Londres (FTSE 100): -1,07%
- Madri (IBEX 35): -1,60%
- Milão (FTSE MIB): -1,75%
- Moscou (MOEX): -1,25%
- Paris (CAC 40): -1,86%
Segundo a Capital Economics, o documento do BC europeu indica que ele deverá aumentar suas taxas de juros em 50 pontos-base (pb) nas duas próximas reuniões de política monetária. A visão é a mesma do banco ING, que destaca que o ciclo de altas da autoridade monetária está “longe de terminar”.
A presidente do BCE, Christine Lagarde, afirmou em Davos que deve ser mantida a trajetória atual de aumento de juros, dainte da inflação “muito alta”.
Notícias que movimentaram a Bolsa de Valores hoje
- Americanas entra com pedido de recuperação judicial
- B3 exclui Americanas do Ibovespa e demais índices
- Lula volta a criticar Banco Central
Americanas entra com pedido de recuperação judicial
A Americanas formalizou hoje (19) o pedido de recuperação judicial com cárter de urgência na 4ª Vara Empresarial Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. As dívidas da empresa somam R$ 43 bilhões em meio a mais de 16,3 mil credores.
Na petição sobre recuperação judicial da Americanas enviada ao TJ-RJ, a varejista afirma que devido à desvalorização das ações, junto ao rebaixamento de seus ratings, fizeram com que seus credores financeiros ficassem “em polvorosa”, drenando mais de R$ 3 bilhões do caixa.
“Menos de 6 horas depois da divulgação ao mercado do fato relevante no dia 11 de janeiro, alguns credores, sem qualquer embasamento contratual ou legal, já haviam declarado o vencimento antecipado das obrigações da companhia — alguns assenhorando-se de valores bilionários, fechando as portas para qualquer tipo de negociação amigável viável”, destaca o documento sobre o pedido de recuperação judicial da Americanas.
B3 exclui Americanas do Ibovespa e demais índices
Após ter protocolado o pedido, a Americanas foi excluída pela B3 de 14 índices do mercado — entre eles o Ibovespa. A bolsa brasileira afirmou que o papel da varejista deixará essas listas ao seu preço de fechamento após o encerramento do pregão de sexta (20).
De acordo com um comunicado da B3 à imprensa sobre a Americanas, o espaço da ação AMER3 será “redistribuído proporcionalmente aos demais integrantes da carteira com o pertinente ajuste nos redutores dos índices”.
Confira a lista de todos os índices que deixaram de ter os papéis da empresa:
- IBOV – Ibovespa
- IGCX
- ICO2
- ICON
- IBXX
- IGCT
- IGNM
- IBRA
- IVBX
- ISEE
- ITAG
- SMLL
- IBXL
- GPTW
Lula volta a criticar Banco Central (BC)
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar o Banco Central (BC) nesta quinta-feira (19). O chefe do Executivo apontou um descompasso entre a Selic e o IPCA, que mede o aumento dos preços.
“Qual é a explicação de ter uma base de juros (Selic) de 13,5% hoje? O Banco Central é independente, a gente poderia nem ter juros”, disse o presidente da República em encontro com reitores de universidades e institutos federais no Palácio do Planalto.
Vale lembrar que a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) fixou a Selic em 13,75%. A inflação acumulada em 2022 foi de 5,79%, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Na ocasião, presidente do BC, Roberto Campos Neto, justificou o estouro da meta à elevação do preço do barril de petróleo e à retomada da economia, entre outros fatores.
Maiores altas do Ibovespa
- Magazine Luiza (MGLU3): +7,02%
- Rede D’Or (RDOR3): +6,19%
- CCR SA (CCRO3): +5,18%
- PetroRio (PRIO3): +3,98%
- HapVida (HAPV3): +3,80%
Maiores baixas do Ibovespa
- Americanas (AMER3): -42,53%
- Braskem (BRKM5): -2,79%
- BTG Pactual (BPAC11): -2,74%
- BRF SA (BRFS3): -2,65%
- Cielo (CIEL3): -2,61
Fechamento dos outros índices brasileiros
- Small Caps (SMLL): +0,10%
- BDRs (BDRX): -0,42%
- Fundos Imobiliários (IFIX): -0,49%
Cotação do Ibovespa nesta quinta-feira (19)
O Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira (19) em alta de 0,62%, aos 112.921,88 pontos.
Com informações do Estadão Conteúdo