Ibovespa resiste com mudança de sinal em NY e fecha em alta, Petrobras (PETR3) sobe 3,3%
O Ibovespa hoje encerrou a segunda-feira (18) com alta de 0,38% aos 96.916,13 pontos, após oscilar entre 96.552,61 e 98.291,10 pontos. Hoje, o giro foi a R$ 17,9 bilhões no fechamento. No mês, o Ibovespa cede 1,65% e, no ano, 7,54%.
O índice resistiu à mudança de sinal em Nova York no meio da tarde, mas não o suficiente para sustentar a linha de 98 mil pontos, recuperada mais cedo na sessão. Apesar do avanço, foi o terceiro pior nível de fechamento do ano, tendo renovado mínimas de 2022, inclusive intradia, entre quarta e sexta-feira, chegando a 95.266,94, durante a sessão da última sexta, e a 96.120,85 no encerramento da quinta.
A sessão era favorável em Nova York, especialmente na Nasdaq, com ganho acima de 1% para o índice tecnológico. Mas o vento virou após relato da Bloomberg de que a Apple prepara um aperto de cinto para 2023, com redução de contratações e de gastos.
“O mercado deve seguir volátil nesta semana, com a continuação da divulgação de resultados. Nessa temporada, o processo terá atenção adicional, já que os dados devem dar pistas sobre a performance e perspectiva das empresas em um cenário de potencial recessão (nos EUA)”, aponta Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.
Entre os destaques da semana, ele ressalta também a decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), na quinta-feira. “A expectativa é que os juros passem a subir por lá também, diante de patamar recorde de inflação na zona do euro.”
Até o meio da tarde, o índice Bovespa oscilava em torno dos 98 mil pontos, tentando voltar ao nível da terça-feira passada, último fechamento na marca que tem predominado desde 23 de junho. O sentimento externo era mais otimista no início do dia, o que deu suporte a avanço dos mercados acionários da Ásia e da Europa.
“Na Ásia, os investidores reagiram positivamente ao pedido de reguladores chineses para que os bancos privados financiem projetos de habitação para amenizar a crise do setor imobiliário, apoiando alta das bolsas por lá”, observa em nota a Guide Investimentos.
“Com exterior em alta e valorização das commodities, o Ibovespa iniciou o pregão desta segunda-feira com uma abertura bem otimista, chegando a 1,77% de alta, mas perdeu força ao longo do dia, alinhado ao mercado americano”, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, destacando também na agenda doméstica, pela manhã, a divulgação do IGP-10 “em desaceleração em relação a junho, mas ainda acima das projeções iniciais”. Amanhã, será a vez de dados sobre a inflação na zona do euro, que podem manter a volatilidade que tem sido vista nos mercados, observa o analista.
Bolsas de Nova York
A semana começou instável no mercado acionário de Nova York, que viraram para o terreno negativo no meio da tarde, após uma notícia da Bloomberg de que a Apple planeja desacelerar as contratações de pessoal e os gastos em algumas divisões em 2023 para lidar com uma possível desaceleração econômica.
- Dow Jones: -0,69%, aos 31.072,61 pontos;
- S&P 500: -0,84%, aos 3.830,85 pontos;
- Nasdaq: -0,81%, aos 11.360,05 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 0,38%, a R$ 5,4257, depois de oscilar entre R$ 5,3535 e R$ 5,4287.
O petróleo fechou em alta robusta nesta segunda, acompanhando a melhora no sentimento de risco nos mercados, em meio à queda dos temores de recessão, e desvalorização do dólar. Além disso, o óleo foi favorecido após a China anunciar mais uma medida de incentivo à economia, desta vez para a indústria imobiliária. Já do lado da oferta, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, voltou da Arábia Saudita sem um acordo sobre aumento de produção do petróleo.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI com entrega prevista para setembro subiu 5,13% (US$ 4,85) hoje, a US$ 99,42 por barril. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do Brent para setembro teve alta de 5,05% (US$ 5,11), a US$ 106,27.
O ouro se valorizou, à medida que o recuo do dólar ante moedas rivais tornou o metal mais barato e, desta forma, atraente a operadores que negociam com outras divisas. A pouco mais de uma semana da decisão monetária do Federal Reserve (Fed), o mercado ajusta suas expectativas para um aumento do juro menos agressivo do que os 100 pontos-base sugerido na semana passada, contexto que também favorece o ouro.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do ouro com entrega prevista para agosto fechou em alta de 0,39%, a US$ 1.710,20 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, a forte alta do petróleo beneficiou os ativos atrelados à commodity. PetroRio (PRIO3) liderou as maiores altas com 6,72% e Petrobras (PETR3, PETR4) ganhou 3,33% e 2,29%, respectivamente.
Também marcando presença no ranking do campo positivo, SLC Agrícola (SLCE3) subiu 4,36%, impulsionada pelo avanço dos preços das commodities agrícolas.
O setor bancário do índice também fechou no azul. Bradesco (BBDC, BBDC4) ganhou 0,80% e 1,28% nesta ordem, Santander (SANB11) valorizou 1,07%, Itaú (ITUB4) teve alta de 1,33% e Banco do Brasil (BBAS3) subiu 1,41%.
Vale (VALE3), no caso, reduziu a valorização com a perda de força das bolsas de NY e fechou com +0,53%.
No campo negativo, com dados operacionais enfraquecidos, Eztec (EZTC3) liderou o ranking das maiores perdas do índice, com -5,88%. Em seguida, BRF (BRFS3) caiu 5,67% e Petz (PETZ3) cedeu 5,10%.
Maiores altas do Ibovespa:
- PetroRio (PRIO3): +6,72% // R$ 22,09
- SLC Agrícola (SLCE3): +4,36% // R$ 41,36
- Petrobras (PETR3): +3,33% // R$ 31,32
- JHSF (JHSF3): +3,06% // R$ 5,72
- Cielo (CIEL3): +2,96% // R$ 4,18
Maiores baixas do Ibovespa:
- Eztec (EZTC3): -5,88% // R$ 15,04
- BRF (BRFS3): -5,67% // R$ 14,65
- Petz (PETZ3): -5,10% // R$ 9,67
- Méliuz (CASH3): -4,51% // R$ 11,78
- Marfrig (MRFG3): -4,46% // R$ 15,65
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Venda da Braskem (BRKM5) trava em meio à queda de 40% e ‘pouca movimentação dos sócios’
- Magazine Luiza (MGLU3): dona pede ‘vá para nossa loja, por favor’; veja reação do mercado
Venda da Braskem (BRKM5) trava em meio à queda de 40% e ‘pouca movimentação dos sócios’
O processo de venda da Braskem (BRKM5) travou, novamente, em meio a uma baixa de 40% nos papéis no acumulado de 2022.
Segundo informações do jornal Valor Econômico, os sócios da companhia – Petrobras (PETR4) e Novonor (antiga Oderbrecht) – têm feito poucos movimentos para realizar a venda da Braskem.
Em suma, isso se dá por causa do cenário negativo para o mercado de ações – nenhuma companhia fez estreia na bolsa em 2022.
Além disso, as trocas de comando na Petrobras também são citadas por fontes anônimas ouvidas pelo jornal como um fatores para que a venda esteja empacada.
Já na Novonor, que é assessorada pelo Morgan Stanley, não houve definição de um novo cronograma após a suspensão da oferta de ações preferenciais em meados de janeiro.
O preço de R$ 33 por ação BRKM5 também é um dos pontos para que a venda não tenha avançado – o patamar não geraria quantias relevantes para a quitação de dívidas e não é atrativo para os sócios atuais.
Vale lembrar que a soma da dívida dos bancos que têm ações em garantia é de cerca de R$ 15 bilhões, e boa parte dos dividendos da Braskem é usada para reduzir esse montante.
Para efeito de comparação, a cifra é mais do que a metade do valor de mercado da Braskem – cerca de R$ 27 bilhões.
Magazine Luiza (MGLU3): dona pede ‘vá para nossa loja, por favor’; veja reação do mercado
A empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza (MGLU3), gravou e divulgou um vídeo em que pede aos clientes “vão a loja, por favor” e cita que a varejista terá crédito pré-aprovado para clientes.
O vídeo teve uma repercussão relativamente negativa entre analistas de mercado e especialistas. As ações do Magazine Luiza, contudo, sobem 4,68% no intradia. No acumulado dos últimos 12 meses, os papéis MGLU3 caem cerca de 88%.
“Se tem vontade de comprar computador ao filho ou TV para assistir à Copa, panelas, brinquedos, é só procurar uma das lojas e mostrar esse filme para o vendedor, [e a linha de crédito] será no carnê. Lembra o ‘carnezinho’ gostoso, em prestações que você pode pagar e [ele] ainda vai dar descontinho nos juros. A gente aguarda vocês. Vá o mais rápido. Tenho certeza de que você vai ficar. Nós acreditamos em você”, diz Luiza Trajano, no vídeo.
Com a deterioração do varejo – fruto de um ciclo econômico com inflação de dois dígitos e taxa Selic em alta – as taxas de juros no varejo vêm subindo há meses. No carnê, citado pela empresária, esses índices estariam entre 6% e 9% ao mês, a depender da loja.
Alguns enxergaram uma forma da empresária falar com o público-alvo da companhia, que potencialmente faria compras parceladas de bens duráveis – segmento que está praticamente parado com a inflação na casa dos 11%.
No entanto, a maioria dos analistas ainda enxergou como negativa a iniciativa da empresária de implorar pela visita às lojas e até mesmo o crédito pré-aprovado, que pode vir a ser um impulso para a inadimplência.
“O que ficou claro é que ela está Implorando para que um cliente vá aumentar seu endividamento , independente da qualidade do crédito pois todos já tem crédito pré aprovado, inclusive para “comprar uma televisão maior para ver a Copa do Mundo”, disse Bruno Musa, economista e sócio do escritório de investimentos Acqua Vero, credenciado ao BTG Pactual (BPAC11).
“Economicamente esse vídeo é assustador”, conclui, em suas redes sociais.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,38%
- IFIX hoje: +0,06%
- IBRX hoje: +0,41%
- SMLL hoje: -0,46%
- IDIV hoje: +0,17%
Cotação do Ibovespa nesta sexta (15)
O Ibovespa fechou o pregão da última sexta-feira (15) em alta de 0,45% aos 96.551,00 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)