Ibovespa reduz perdas e cai 0,49%, com mudança no time de transição; Weg (WEGE3) lidera altas

O Ibovespa hoje encerrou o pregão de quinta-feira (17) em baixa de 0,49%, aos 109.702,78 pontos. A máxima do dia foi de 109.702,78 pontos, enquanto a mínima foi de 107.245,13 pontos. O volume financeiro somou R$ R$ 47,4 bilhões.

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O Ibovespa hoje teve um dia de forte queda de mais de 2%, após o susto de muitos investidores, que ficaram receosos com a perspectiva do governo estar tentando passar um “cheque especial em branco” através da PEC de Transição.

Novas declarações de Lula, reiterando a dicotomia entre “responsabilidade fiscal” e “responsabilidade social”, contribuíram para manter o investidor na defensiva, após o benefício da dúvida que havia sido concedido logo após o resultado do segundo turno, em 30 de outubro.

Ao final do dia, o coordenador da transição e vice-presidente eleito Geraldo Alckmin falou a jornalistas sobre as declarações, tentando contemporizar. Disse que a reação do mercado à PEC é momentânea e que tudo vai “ser esclarecido e superado”. E completou: “Lula já governou o país por oito anos e primou pela responsabilidade fiscal. Esse é o compromisso do governo, mas não podemos deixar de atender o social.”

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No melhor momento deste período pós-eleitoral, o Ibovespa chegou aos 118.155,46 pontos, com máxima intradia naquela sessão a 120.039,37, no dia 4 de novembro. Considerando a máxima e a mínima intradia desse intervalo de pouco menos de duas semanas, a variação negativa chega a quase 12,8 mil pontos.

“O mercado ficou bastante estressado pela incerteza fiscal, após a apresentação da PEC da Transição. Ainda há falta de clareza em relação aos gastos públicos no ano que vem, o que é agravado pelas falas do presidente eleito Lula sobre responsabilidade fiscal e responsabilidade social, como se fossem incompatíveis” observa Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos. Ele destaca também o contexto externo ainda desafiador, com novas declarações de autoridades do Federal Reserve indicando a continuidade do ciclo de aperto nos juros na maior economia do mundo, além da inflação ao consumidor na zona do euro em máximas históricas, conforme dados divulgados nesta quinta-feira.

Conforme explica Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, as preocupações com a PEC da Transição é de que ela pode gerar um gasto excepcional acima do teto na ordem de mais de 200 bilhões de reais, colaborando para um déficit público cada vez maior, tendendo a aumentar a carga tributária.

“Tudo isso, por consequência, gera inflação, menos emprego e renda, além de aumentar profundamente a incerteza política e econômica”, diz Alves.

Essa movimentação foi sentida não apenas na bolsa de valores hoje, mas também no dólar, que chegou a ter uma forte valorização de mais de 2% no dia, após bater R$ 5,53, o que estressou bastante o mercado e que representa parte da fuga de capital do país. Ao final do pregão, o dólar reduziu as perdas.

Para completar o dia de forte volatilidade, os juros futuros chegaram a iniciar a sessão com alta superior a 0,60%, mostrando que o mercado está precificando uma alta de juros acima da média para 2023, provavelmente acima de 16% no médio prazo.

Ao longo do pregão, pouquíssimos ativos registraram alta. Apesar disso, o mercado viu um cenário de melhora mais próximo de seu fechamento, reduzindo as perdas, sobretudo após o anúncio de saída de Guido Mantega da equipe de transição do governo Lula.

A informação da saída de Guido Mantega da equipe fez com que o câmbio e a baixa na bolsa tivessem um alívio, já que o nome do ex-ministro não era bem visto pelo mercado.

O varejo reagiu de forma negativa no Ibovespa hoje, sobretudo com a queda de Via Varejo (VIIA3), Magazine Luiza (MGLU3), Americanas (AMER3), entre outras. Algumas Blue Chips seguraram a Bolsa, como é o caso de Bradesco, Vale e Petrobras.

Bolsas de Nova York

Os mercados acionários de Nova York começaram o pregão em queda e seguiram em baixa até o fechamento, em sessão marcada por falas hawkish por parte de dirigentes do Federal Reserve (Fed) e dados oficiais dos Estados Unidos.

  • Dow Jones: -0,02%, aos 33.546,32
  • S&P 500: -0,31%%, aos 3.946,56 pontos
  • Nasdaq: -0,35%, aos 11.144,96 pontos

O dólar à vista fechou em alta de 0,37%, a R$ 5,4017, depois de oscilar entre R$ 5,4012 e R$ 5,5298.

Os contratos futuros de petróleo fecharam em forte queda nesta sessão, com aumento das incertezas da demanda global e aumento de casos de Covid-19 na China. Nesta quinta, 17, falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed) também ficaram no radar de investidores. Um dos efeitos foi a valorização do dólar, que pressiona as cotações da commodity, que é cotada na moeda americana.

Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para dezembro fechou em baixa de 4,62% (US$ 3,95), a US$ 81,64 o barril, enquanto o Brent para janeiro de 2023 negociado na Intercontinental Exchange (ICE) recuou 3,32% (US$ 3,08), a US$ 89,78 o barril.

O contrato mais líquido do ouro fechou em baixa nesta sessão, após falas hawkish de dirigentes do Federal Reserve (Fed) e com a valorização do dólar ante rivais.

Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro fechou em queda de 0,72%, a US$ 1.763,0 por onça-troy.

No Ibovespa hoje, a principal alta da sessão veio com Weg (WEGE3), de 2,17%. Além disso, a Bradesco PN (BBDC4) também foi um dos destaques positivos, com variação de +1,94%, e Grupo Ultra (UGPA3) subiu 1,94%

Na ponta negativa, se destaca o Qualicorp (QUAL3), que despencou 10,60%, Alpargatas (ALPA4), com queda de 6,55% e BRF (BRFS3), que caiu 6,53%.

Maiores altas do Ibovespa:

  • Weg (WEGE3): +2,17%
  • Bradesco PN (BBDC4): +2,17%
  • Grupo Ultra (UGPA3): +1,94%
  • Magazine Luiza (MGLU3): +1,80%
  • Via (VIIA3): +1,69%

Maiores baixas do Ibovespa:

  • Qualicorp (QUAL3): -10,60%
  • Alpargatas (ALPA4): -6,55%
  • BRF (BRFS3): -6,53%
  • 3R (RRRP3): -6,19%
  • B3 (B3SA3): -6,05%

Outras notícias que movimentaram o Ibovespa

  • Bradesco: depois de afundar 20%, JPMorgan recomenda compra
  • Americanas: Após queda de 17%, analistas cortam recomendações

Após um acumulado de 17% de retração nos últimos dois dias, as Americanas enfrentam revisão de tese de analistas, que parecem não ter gostado tanto do balanço financeiro da companhia.

O BB Investimentos, por exemplo, rebaixou sua recomendação para neutra para AMER3 com preço-alvo de R$ 23,70 ao final de 2023 após ver os R$ 211,6 milhões de prejuízo líquido no 3T22 da Americanas.

“O resultado da Americanas no terceiro trimestre foi negativo, em nossa visão. A companhia sofreu de forma intensa a piora do cenário macroeconômico para eletrônicos, impactando de forma expressiva as suas vendas, especialmente no canal on-line com estoque próprio”, destaca Georgia Jorge, analista do BB-BI.

“O resultado operacional foi consumido pela elevação das despesas financeiras, reflexo da elevação da taxa de juros e do aumento de sua alavancagem financeira, o que implicou no prejuízo no trimestre”, segue, sobre as ações da Americanas.

Bradesco: depois de afundar 20%, JPMorgan recomenda compra

Depois de uma queda de 20% em duas sessões, o Bradesco (BBDC4) passou a ser recomendado pelos analistas do JPMorgan, que enxerga um momento oportuno de compra com a desvalorização das ações preferenciais do banco.

De acordo com os especialistas do JP Morgan, o Bradesco apresentou os múltiplos atuais em três situações:

  • Na recessão brasileira em 2015-2016
  • Durante a pandemia de Covid-19
  • Após a divulgação de resultados do 3T22

A recomendação de compra veio acompanhada por um preço-alvo de R$ 21. Além disso, os analistas cortaram a projeção de faturamento do Bradesco em 5% para 2023, a R$ 27 bilhões.

Após uma queda de 17% em dois dias, as Americanas (AMER3) tiveram uma revisão de tese de analistas, que não ficaram satisfeitos com os números registrados no balanço financeiro da companhia.

O BB Investimentos rebaixou sua recomendação de compra para neutra, com um preço-alvo de R$ 23,70 até o final de 2023, com o registro de R$ 211,6 milhões de prejuízo líquido no 3T22 reportado pela Americanas.

Segundo Geordia Jorge, analista do BB-BI, “o resultado da Americanas no terceiro trimestre foi negativo, em nossa visão. A companhia sofreu de forma intensa a piora do cenário macroeconômico para eletrônicos, impactando de forma expressiva as suas vendas, especialmente no canal on-line com estoque próprio”.

Ele ainda acrescentou que “o resultado operacional foi consumido pela elevação das despesas financeiras, reflexo da elevação da taxa de juros e do aumento de sua alavancagem financeira, o que implicou no prejuízo no trimestre”.

Cotação do Ibovespa nesta quinta (10)

O Ibovespa fechou a sessão desta última quinta-feira (10) em baixa de 2,58%, aos 110.243,33 pontos.

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João Vitor Jacintho

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