O Ibovespa hoje encerrou a sexta-feira (15) em alta de 0,45% aos 96.551,00 pontos, após oscilar entre 95.266,94 e 96.970,67 pontos. Na semana, acumula queda de 3,73%. Em julho, cede 2,02% e, no ano, cai 7,89%. O volume financeiro do dia foi de R$ 20,6 bilhões.
O índice Bovespa acompanhou em sinal mas não em grau a recuperação vista nas bolsas europeias e de Nova York nesta sexta, ao final de semana negativa para o apetite por risco aqui como lá, em que as referências globais para ações acumularam, na maioria, perdas – entre as exceções, Paris (+0,05%) e, na Ásia, Tóquio (+1,02%).
O cenário externo desafiador – com elevação de juros em boa parte das maiores economias, inflação ainda pressionada e desaquecimento da atividade global – prossegue em momento no qual a proximidade de outubro – e as manobras fiscais do governo para chegar lá em condições de competir pela reeleição – deteriora a perspectiva para a situação fiscal, também no próximo ano.
Estimativa feita pela BGC Liquidez, com base em gastos novos para União, Estados e municípios, bem como em perda de arrecadação tributária, coloca o impacto fiscal das medidas tomadas até agora no ano em R$ 249,8 bilhões – deste montante, cerca de R$ 53,2 bilhões circunscritos a esses últimos seis meses de 2022, de medidas a princípio em vigor até 31 de dezembro. O cálculo inclui iniciativas de adoção bem recente, como o piso para enfermagem, com efeito de R$ 26,5 bilhões. E abrange também R$ 19,1 bilhões referentes à redução do IPI, suspensa por liminar concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além das persistentes preocupações com a situação fiscal doméstica, que limita o potencial de recuperação do Ibovespa, o mercado segue tomando o pulso da economia global – hoje, foi a vez de conhecer o PIB da China no segundo trimestre, mais fraco conforme já se antevia.
“A desaceleração do ritmo de crescimento da economia chinesa tem impacto mundial, a começar pela produção de insumos como chips e componentes. Há uma redução de produção por conta da política de covid zero. E o país é também um grande consumidor de commodities. A manutenção dessa tendência de desaceleração da atividade chinesa, que é o mais provável, afetará no médio prazo as exportações brasileiras de uma forma mais importante”, diz Nicola Tingas, economista-chefe da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento).
Assim como o PIB do segundo trimestre, a produção industrial da China em junho ficou aquém do esperado, com efeito direto para o desempenho do minério de ferro nesta sexta-feira, em queda de 4,24%, que colocou a tonelada abaixo dos US$ 100 em Qingdao, a US$ 96,04 – na semana, a perda acumulada pela commodity chegou a 15,51%.
“Chegamos à metade do mês com Bolsa na mínima do ano nesta semana – juros também mais estressados, com ponta longa abrindo, e câmbio que se aproximou de R$ 5,50. A semana foi de surpresas negativas sobre a inflação americana, tanto ao consumidor como ao produtor, ambas acima do esperado. Uma história de inflação bem pior do que se imaginava para 2022, e com choque de juros pior também, mais forte do que se antecipava (para o ano)”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacando ainda o “abre e fecha” na China em meio à política de covid zero, e o prolongamento, sem fim à vista, para a guerra no leste europeu.
Cassiano Konig, sócio da GT Capital Investimentos, acrescenta: “Agora entramos em um mês muito importante para o direcionamento do mercado de capitais, com a leitura do balanço das empresas. Nos EUA, já começou e por aqui começa na semana que vem. O mercado vai passar a olhar mais de perto a margem das empresas e a queima de caixa, que são indicadores de desaceleração do lucro das companhias. Acredito que esse processo de redução do lucro deve vir mais forte de empresas americanas diante dos indicadores mais fracos e da inflação mais alta.”
E complementa: “Aqui no Brasil, setores como varejo, construção civil e bens de capital devem ter resultados mais fracos, com o aumento da taxa de juros ao longo dos últimos meses, inflação elevada e dólar alto, pressionando mais estes setores, agora com o aumento do subsídio para famílias de baixa renda aprovado pelo governo. A partir de agosto, veremos o varejo melhorar os seus números, mas o perigo da inflação ainda persiste, pois teremos mais dinheiro em circulação.”
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York subiram nesta sexta-feira, 15, após uma sequência de dados positivos da economia americana atenuarem as preocupações com uma possível recessão. Além disso, o mercado segue monitorando os resultados de grandes empresas.
- Dow Jones: +2,15%, aos 31.288,26 pontos;
- S&P 500: +1,92%, aos 3.863,16 pontos;
- Nasdaq: +1,79%, aos 11.452,42 pontos.
No entanto, na semana, houve queda de 0,16%, 0,93% e 1,57%, respectivamente.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,52%, a R$ 5,4049, depois de oscilar entre R$ 5,3756 e R$ 5,4485; na semana, moeda sobe 2,60%.
O petróleo fechou em alta de nesta sexta-feira, de cerca de 2% tanto no mercado futuro de Nova York quanto o de Londres. Um dólar fraco ante moedas rivais e a perspectiva de produção global ainda apertada impulsionaram os preços. A commodity, no entanto, não conseguiu evitar o forte recuo semanal de 5% a 6%, puxado por temores de recessão econômica em meio ao aperto monetário do Federal Reserve (Fed).
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI com entrega prevista para agosto subiu 1,89% (US$ 1,81) hoje, mas recuou 6,87% na semana, a US$ 97,59 por barril. Já na Intercontinental Exchange (ICE), o barril do Brent para setembro teve alta de 2,08% (US$ 2,06) nesta sexta-feira, mas acumulou baixa semanal de 5,48%, a US$ 101,16.
O contrato mais líquido do ouro fechou em queda nesta sexta, nos níveis de preço mais baixos desde março do ano passado. Pela quinta semana consecutiva, o metal precioso acumulou perdas. O preço do ouro é pressionado pela alta do dólar ante pares e expectativas quanto a um Federal Reserve (Fed) hawkish.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto fechou em queda de 0,13%, a US$ 1.703,6 a onça-troy. Na semana, a perda aculumada foi de 2,22%.
No Ibovespa hoje, apesar da queda do minério de ferro, as ações atreladas ao setor, como siderúrgicas e mineradoras, se destacaram no dia entre as maiores altas, devido aos descontos.
Gerdau (GGBR4) foi a líder do ranking, com alta de 5,94%, seguida por Braskem (BRKM5), que acompanhou o petróleo e subiu 5,33%, Gerdau Metalúrgica (GOAU4) ganhou 4,92% e Usiminas (USIM5) teve +4,10%.
Já Vale (VALE3) registrou +0,62%. Petrobras (PETR3, PETR4) valorizou 1,99% e 1,71%, respectivamente.
O setor bancário do índice também fechou em alta. Banco do Brasil (BBAS3) subiu 2,05%, Itaú (ITUB4) ganhou 1,81%, Santander (SANB11) teve elevação de 0,97% e Bradesco (BBDC3, BBDC4) cresceu 0,88% e 0,61%, respectivamente.
As maiores perdas do dia foram Hapvida (HAPV3), com -5,22%, CVC (CVCB3) que recuou 4,55% e Magazine Luiza (MGLU3), que perdeu 4,47%
Maiores altas do Ibovespa:
- Gerdau (GGBR4): +5,94% // R$ 23,54
- Braskem (BRKM5): +5,33% // R$ 34,78
- Gerdau Metalúrgica (GOAU4): +4,92% // R$ 9,81
- BB Seguridade (BBSE3): +4,21% // R$ 8,38
- Usiminas (USIM5): +4,10% // R$ 27,50
Maiores baixas do Ibovespa:
- Hapvida (HAPV3): -5,22% // R$ 67,95
- CVC (CVCB3): -4,55% // R$ 13,45
- Magazine Luiza (MGLU3): -4,47% // R$ 2,91
- BRF (BRFS3): -4,43% // R$ 12,17
- Eztec (EZTC3): -4,20% // R$ 21,12
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Alibaba (BABA34) é alvo de investigação por roubo de banco de dados policial
- Banco Inter (INBR31) inicia acordos para reduzir capital em até R$ 1,15 bi
Alibaba (BABA34) é alvo de investigação por roubo de banco de dados policial
Executivos da divisão de nuvem do gigante varejista online chinês Alibaba (BABA34) foram convocados por autoridades em Xangai como parte de uma investigação sobre o roubo de um amplo banco de dados policial, segundo fontes com conhecimento do assunto.
A investigação gira em torno de dados confidenciais da polícia de Xangai sobre quase um bilhão de cidadãos chineses, que foram colocados à venda online pelo equivalente a cerca de US$ 200.000 no fim de junho.
Pesquisadores de segurança cibernética alegam que um painel de gerenciamento do banco de dados ficou aberto na internet pública sem senha por mais de um ano, facilitando o roubo e eliminação de seu conteúdo.
Com base em varreduras do banco de dados, pesquisadores concluíram que ele estava hospedado na plataforma de nuvem do Alibaba. Funcionários da empresa confirmaram a suspeita.
A informação foi revelada pelo jornal Wall Street Journal. Procurada nos Estados Unidos, a empresa ainda não se posicionou sobre o assunto.
Banco Inter (INBR31) inicia acordos para reduzir capital em até R$ 1,15 bi
O Banco Inter (INBR31) anunciou nesta sexta-feira (15) que iniciou acordos para potencial redução do capital social da companhia no montante de até R$ 1,15 bilhão.
A redução havia sido estabelecida na proposta de reorganização societária, para garantir o pagamento do financiamento obtido pela Inter Holding (HoldFin), para pagamento de acionistas que optaram pelo “cash-out” no período de transferência da base acionária para a Inter&Co, atualmente listada na Nasdaq.
O fato relevante divulgado pelo Banco Inter aponta que a redução do capital social está sujeita a uma série de condições:
- Cumprimento do prazo de 60 dias contados a partir desta sexta-feira;
- Aprovação pelo Banco Central; e
- A aprovação final do valor total real da redução do capital social (se houver) em nova assembleia de acionistas do Banco Inter.
Além disso, o conselho fiscal do Inter emitiu parecer favorável sobre a redução do capital social. Segundo a companhia, o resultado da redução poderá garantir o pagamento do financiamento.
A nota aponta ainda que a Inter&Co continua analisando fontes alternativas de recursos para o pagamento do financiamento. Adicionalmente, a companhia segue operando com Índice de Basileia acima do mínimo exigido e da média do sistema, mesmo após a efetivação da redução.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,45%
- IFIX hoje: +0,08%
- IBRX hoje: +0,46%
- SMLL hoje: +0,23%
- IDIV hoje: +0,67%
Cotação do Ibovespa nesta quinta (14)
O Ibovespa fechou o pregão da última quinta-feira (14) em queda de 1,80% aos 96.120,85 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)