Ibovespa cai 0,22%, aos 110,6 mil pontos; IRB Brasil (IRBR3) perde 5,6%
O Ibovespa hoje fecha a quarta-feira (14) em queda de 0,22%, em 110.646,67 pontos, após oscilar entre 110.118,13 e 111.504,47 pontos. O giro financeiro foi de R$ 39,9 bilhões, relativamente moderado para um dia de vencimento de opções sobre o índice. Na semana, cai 1,56%, limitando os ganhos do mês a 0,93% e os do ano a 5,46%.
A leitura sobre o índice de preços ao produtor (PPI) nos Estados Unidos em agosto, divulgada no dia seguinte à decepção causada pela inflação ao consumidor no mesmo mês, não foi o suficiente para estabilizar o apetite por ações nesta quarta-feira, aqui e no exterior. Mais cedo, os índices de Nova York chegaram a esboçar uma reação parcial, devolvida ao longo da tarde.
Na B3, o Ibovespa, que na terça havia mostrado desempenho superior à queda livre vista em Nova York, onde as perdas chegaram a superar 5% (Nasdaq) no fechamento, manteve-se ainda contido neste “dia seguinte”, em margem de variação relativamente estreita, entre mínima de 110.118,13 e máxima de 111.504,47 em sessão de vencimento de opções sobre o índice.
“Foi um típico dia de ressaca, ainda refletindo a leitura acima do consenso para a inflação ao consumidor nos Estados Unidos, ontem. O mercado ainda digeriu hoje um dado que reforça o sinal ‘hawkish‘, que já vinha da comunicação do Federal Reserve no simpósio de Jackson Hole, semanas atrás”, diz Felipe Moura, analista da Finacap. “Com a perspectiva de que os juros possam subir até 100 pontos-base agora em setembro, nos Estados Unidos, e incerteza sobre o que virá a seguir, na reunião de novembro, o cenário de ‘hard landing‘ volta a ganhar força. É difícil, numa economia grande como a americana, evitar que isso aconteça com o grau ainda exigido de ajuste na política monetária para controlar a inflação”, acrescenta.
Após o índice de preços ao consumidor (CPI) americano surpreender em agosto, foi a vez, nesta quarta, de a inflação no Reino Unido mostrar força no mês, ainda que em desaceleração ante o resultado de julho e ter vindo, como o PPI americano, em linha com as expectativas para o mês.
“Ontem foi um dia de massacre, considerado o pior desde 2020 em Nova York. Voltou com muita força a ideia do ‘rali do urso’, de que na verdade estamos em um mercado de baixa, com inflação pior do que se imaginava – e o Fed precisará elevar muito mais os juros”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, destacando, na terça, o forte ajuste não só nas curvas de juros mas também, em grau mais moderado, nos preços de commodities como o petróleo.
“Houve banho de sangue no mercado de títulos americanos, as taxas de juros subiram muito. Dependendo do ‘duration’ dos títulos públicos nas carteiras, há na média uma queda acumulada de 10% a 15% no ano (nos preços). Há mais de 30 anos não acontecia algo assim. Não só há uma queda forte nas bolsas, como no mercado de títulos públicos também, claramente em ‘bear market‘ com essa explosão de taxas de juros”, acrescenta Gala.
Destaque da agenda doméstica desta quarta-feira, as vendas do comércio varejista caíram 0,8% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, informou pela manhã o IBGE. O resultado contrariou a mediana das estimativas do mercado financeiro, positiva em 0,2%, no Projeções Broadcast: o intervalo ia de queda de 1,0% a alta de 2,2%.
Para o Itaú, as vendas do varejo devem desacelerar nos próximos meses devido à diminuição da renda disponível e ao maior impacto do aperto da política monetária, mas o banco pondera, em nota, que os segmentos sensíveis à renda podem ser mais resilientes, em razão do aumento do Auxílio Brasil.
“O dado do varejo veio bem mais fraco na margem: das 10 categorias, nove tiveram queda. A única categoria que subiu foi a de combustíveis – com preços mais baratos, as pessoas consumiram mais. O que mostra que estamos passando por uma desaceleração de consumo, com queda em setores como os de automóveis e construção civil, refletindo o crédito mais caro por conta dos juros”, diz Victor Candido, economista-chefe da RPS Capital.
“Mais importante na leitura de hoje foi mostrar a tendência de desaceleração no consumo de bens na economia, enquanto o consumo de serviços tem aumentado muito, em recuperação natural (após a pandemia)”, acrescenta.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em alta moderada nesta quarta-feira, devolvendo parte das fortes quedas da terça-feira. O mercado acionário em Wall Street teve um pregão volátil e não firmou direção na maior parte do dia, ganhando fôlego pouco antes do fechamento das bolsas.
- Dow Jones: +0,10%, aos 31.135,09 pontos;
- S&P 500: +0,34%, aos 31.135,09 pontos;
- Nasdaq: +0,79%, aos 11.719,68 pontos.
O dólar à vista fechou em baixa de 0,18%, a R$ 5,1782, após oscilar entre R$ 5,1510 e R$ 5,1980.
Os contratos futuros do petróleo fecharam em alta nesta quarta-feira, tendo recuperado parte das perdas registradas ontem, na esteira da inflação ao consumidor acima do esperado nos Estados Unidos. Com o enfraquecimento do dólar ante rivais, a alta além do previsto nos estoques de petróleo norte-americano e corte de projeção na demanda da Agência Internacional de Energia (AIE) ficaram em segundo plano.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega para outubro subiu 1,31% (US$ 1,17), a US$ 88,48, e o do Brent para novembro avançou 1,0% (US$ 0,93), a US$ 94,10, na Intercontinental Exchange (ICE).
O ouro fechou em queda nesta quarta-feira, em meio a uma leve melhora do sentimento de risco nos mercados após o resultado do índice de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos. As perdas do metal precioso, no entanto, foram contidas pelo arrefecimento do dólar. Investidores seguem na expectativa pelos próximos passos do Federal Reserve (Fed), na reunião da semana que vem.
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro caiu 0,48%, cotado a US$ 1.709,1 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, as empresas de varejo e de siderurgia foram destaque entre as perdas, acompanhando queda da cotação do minério de ferro. CSN (CSNA3) caiu 3,91%, Gerdau (GGBR4) perdeu 3,72% e Usiminas (USIM5), -3,17%. Vale (VALE3) desvalorizou 1,83%.
As varejistas se destacaram negativamente pelo movimento influenciado pelos dados da pesquisa do IBGE, que apontou queda nas vendas no setor em julho. Magazine Luiza (MGLU3) baixou 4,89% e Via (VIIA3) cedeu 3,55%. Já a maior desvalorização do dia foi IRB Brasil (IRBR3), com 5,60%.
Quem liderou as maiores altas foi Petz (PETZ3), avançando 6,53%, com o mercado animado com a contratação de Massanori Shibata como vice-presidente de serviços da companhia.
Em seguida, Iguatemi (IGTI11) alcançou alta de 5,57%. Petrolíferas também se destacaram, com a recuperação do petróleo: PetroRio (PRIO3) teve elevação de 5,11%, 3R Petroleum (RRRP3) avançou 3,72% e Petrobras (PETR3, PETR4) subiu 1,23% e 1,53%, respectivamente.
Grandes bancos fecharam no vermelho, com exceção de Banco do Brasil (BBAS3), que subiu 0,10%. Bradesco (BBDC3, BBDC4) caiu 0,56% e 0,46%, nesta ordem, Santander (SANB11) perdeu 050% e Itaú (ITUB4) cedeu 0,37%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Petz (PETZ3): +6,53% // R$ 10,44
- Iguatemi (IGTI11): +5,57% // R$ 20,08
- PRIO (PRIO3): +5,11% // R$ 28,41
- Cogna (COGN3): +4,03% // R$ 2,84
- Natura (NTCO3): +3,72% // R$ 16,45
Maiores baixas do Ibovespa:
- IRB Brasil (IRBR3): -5,60% // R$ 1,18
- Magazine Luiza (MGLU3): -4,89% // R$ 4,47
- CSN (CSNA3): -3,91% // R$ 13,01
- Gerdau (GGBR4): -3,72% // R$ 3,26
- Via (VIIA3): -3,55% // R$ 22,80
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Enauta (ENAT3) retoma produção no Campo de Atlanta e ações sobem 4%
- Eletrobras (ELET3) é a ação preferida de investidores, aponta levantamento
Enauta (ENAT3) retoma produção no Campo de Atlanta e ações sobem 4%
A Enauta (ENAT3) anunciou nesta quarta-feira (14) que foi retomada a produção no Campo de Atlanta, localizado na Bacia de Santos, por meio do poço 7-ATL-2HP-RJS. A produção em Atlanta havia sido interrompida preventivamente no fim de agosto.
Com a notícia, ações da Enauta sobem 4% no intradia desta quarta.
“Ao longo desse mês, será feito o comissionamento da nova unidade de tratamento de água com aumento de capacidade e ocorrerá a estabilização da produção de Atlanta”, diz o comunicado da Enauta arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Enauta acrescenta que, durante a parada foram realizados trabalhos de inspeção e adequação da plataforma (FPSO) Petrojarl I para extensão do contrato de afretamento por um período adicional de até dois anos.
“Ao longo dos próximos meses essas atividades serão concluídas, de forma a permitir que, até o final do ano, a entidade classificadora possa avaliar a condição geral do FPSO e confirmar a extensão de sua vida útil”, segue o comunicado.
Vale lembrar que o Campo de Atlanta é operado pela sua subsidiária integral, Enauta Energia S.A., que detém 100% do ativo do campo.
A empresa também destacou que durante essa pausa foram atendidas demandas do Ministério do Trabalho, e realizados trabalhos de inspeção e adequação do FPSO Petrojarl I, para extensão do contrato de afretamento por um período adicional de até dois anos.
As paradas em Atlanta ocorreram por conta de a petroleira ter encontrado problemas em algumas das seções do mangote do campo.
Além disso, em meados de julho outras paradas foram registradas, ocasionando uma baixa de 52,3% em relação ao mês anterior por conta de outra parada programada de Atlanta, que é 100% operada pela subsidiária Enauta Energia.
Eletrobras (ELET3) é a ação preferida de investidores, aponta levantamento
A Eletrobras (ELET3) foi escolhida por investidores brasileiros como a “top pick”, em enquete do Itaú BBA.
O Itaú BBA consultou 46 investidores brasileiros entre 24 de agosto e 1º de setembro, que apontaram as ações da Eletrobras como as preferidas no momento. Do total de entrevistados, 56,5% eram gestores e 43,5%, analistas. As informações são do Valor Investe.
As empresas apontadas como as principais escolhas foram:
- Eletrobras
- Itaú (ITUB4)
- Localiza (RENT3)
- Petrobras (PETR4)
- Sabesp (SBSP3)
- BTG Pactual (BPAC11)
- Rumo (RUMO3)
- Eneva (ENEV3)
Em agosto, após o resultado do segundo trimestre da Eletrobras, o Itaú BBA discutiu suas perspectivas para a companhia elétrica.
Para os analistas do Itaú BBA, o resultado da Eletrobras foi neutro, afetado por diversos itens não recorrentes.
Apesar disso, o Itaú segue com a recomendação de compra para os papéis da Eletrobras, com o preço-alvo de R$ 61,60: “A Eletrobras é a nossa principal escolha no setor de utilities, pelo seu enorme porte, valuation muito atrativo, forte geração de fluxo de caixa e capacidade de pagar um rendimento de dividendos muito alto no médio prazo”.
Privatizada, a Eletrobras, deve ter, segundo o BBA, mais flexibilidade para implementar as mudanças que podem torná-la uma das melhores empresas de utilites do mundo.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente, que totalizou R$ 4,14 bilhões no 2T22, ante R$ 2,94 bilhões vistos no 2T21, veio em linha com as estimativas do banco, que vê espaço para ganhos maciços de eficiência daqui em diante.
Do lado negativo, as despesas controláveis ficaram muito acima da sua expectativa. O BBA projeta que a dívida da Eletrobras deve aumentar substancialmente no próximo trimestre, com a consolidação da Santo Antonio, que possui uma dívida líquida de R$ 20 bilhões.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -0,22%
- IFIX hoje: -0,15%
- IBRX hoje: -0,18%
- SMLL hoje: +0,11%
- IDIV hoje: -0,54%
Cotação do Ibovespa nesta terça (13)
O Ibovespa fechou o pregão da última terça-feira (13) em queda de 2,30%, aos 110.793,96 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)