8ª queda seguida: Ibovespa recua na véspera do Fed e Copom; Via (VIIA3) perde 10,20%
O Ibovespa hoje fechou esta terça-feira (14) em queda de 0,52% aos 102.063,25 pontos, após oscilar entre 103.327,73 e 101.325,28 pontos. Mais fraco do que na sessão anterior, o giro financeiro ficou em R$ 23,8 bilhões. Na semana, cede 3,24%, colocando as perdas do mês a 8,34% e as do ano a 2,63%.
Com a manutenção da aversão a risco no exterior, na véspera da aguardada decisão do Federal Reserve sobre juros, em que parte do mercado já se posiciona para um aumento maior na taxa de referência dos EUA (em 0,75 ponto porcentual), o índice Bovespa não escapou da oitava perda seguida, em desempenho não visto desde maio de 2012.
“Com a inflação atingindo recordes por toda parte, os bancos centrais têm elevado o tom, e os juros, para controlar os preços em alta. Se, por um lado, juros mais altos ajudam a combater a inflação, também desaquecem a economia. Quanto maiores as altas, mais forte o freio na atividade e maior a preocupação”, resume Antônio Sanches, analista da Rico Investimentos.
Assim, o temor em relação à maior economia do mundo, os Estados Unidos, deixa de ser quanto ao grau de desaquecimento da atividade, mas sobre quando eventual recessão irá se impor.
Em Nova York, depois de o S&P 500 abrir o dia ensaiando alguma recuperação, acabou também cedendo terreno, em baixa de 0,38% no fechamento. “Todas as atenções seguem voltadas para as reuniões de política monetária amanhã, tanto a do Copom como a do Fed. Estava muito claro que o aumento nos juros americanos seria de meio ponto, e que aqui também seria meio ponto de alta, mas com esses dados recentes sobre inflação, mais fortes lá fora, o cenário fica meio turvo, o que se reflete na volatilidade que temos visto”, diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos.
“Ontem o Ibovespa já estava no menor patamar desde janeiro, então ali na região dos 101.945 pontos – fechou ontem nos 102,5 mil pontos. Na segunda-feira, apesar do forte movimento de baixa, o índice respeitou o suporte imediato dos 102.390 pontos, deixado no pregão de 10 de maio, que continua a ser a referência mais importante do momento: se rompido pode levar o índice a buscar os 100.850”, observa Heytor Bortolucci, analista técnico na Genial Investimentos.
“O Ibovespa já vinha em baixa nas sete sessões anteriores à de hoje, tendo perdido força no começo do mês quando chegou aos 112,7 mil pontos durante a sessão do dia 2. Hoje, chegou a subir 0,7%, aos 103,3 mil pontos, mas a aversão a risco global não ajudou, com quedas que já vinham da sessão asiática. Muito se fala de eventual perda dos 100 mil pontos, o que dependerá muito da leitura do mercado sobre os próximos indicadores econômicos e como estes vão se refletir na atuação dos bancos centrais – com atenção especial para a ‘super quarta-feira’, amanhã”, acrescenta o analista gráfico.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam sem direção única nesta terça-feira, véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed). Os recuos do Dow Jones e do S&P 500 foram menores que nos últimos pregões, enquanto o Nasdaq recuperou um pouco das fortes perdas recentes. A expectativa majoritária do mercado se consolidou em alta de 75 pontos-base do juro nos EUA amanhã, medida que não é tomada pelo Fed desde meados da década de 1990.
- Dow Jones caiu 0,50%, aos 30.364,83 pontos;
- S&P 500 recuou 0,38%, aos 3.735,48 pontos;
- Nasdaq avançou 0,18%, aos 10.828,35 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 0,38%, a R$ 5,1343, depois de oscilar entre R$ 5,0872 e R$ 5,1518.
O petróleo fechou em queda nesta terça, pressionado pelo fortalecimento do dólar no exterior. O mercado também atentou para novas preocupações com a covid-19 na China e o relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Além disso, supostas discussões acerca de um imposto sobre lucros excessivos de petroleiras nos EUA ajudaram a reduzir o ímpeto dos contratos perto do fim da sessão.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega prevista para julho recuou 1,65% (US$ 2,00), a US$ 118,93, enquanto o do Brent para o mês seguinte caiu 0,90% (US$ 1,10) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 121,17.
O contrato futuro de ouro mais líquido fechou em queda hoje, estendendo as perdas da sessão anterior. O dólar e os rendimentos dos Treasuries em alta, devido ao aumento da perspectiva de aperto monetário agressivo pelo Federal Reserve (Fed), pressionam o metal precioso.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto encerrou a sessão em baixa de 0,99%, a US$ 1.813,5 a onça-troy, na mínima desde 18 de maio, há mais de três semanas.
No Ibovespa hoje, o destaque foi para Eletrobras (ELET3, ELET6), com altas de 3,37% e 2,36%, embaladas pelas declarações do ministro Paulo Guedes sobre a capitalização da empresa durante cerimônia na B3 (B3SA3).
Ainda no ranking das maiores altas, CPFL Energia (CPFE3) subiu 3,15%.
Na ponta oposta, Via (VIIA3) perdeu 10,20%, seguida por CVC (CVCB3), que desvalorizou 6,70%, e Positivo (POSI3), com queda de 5,94%, reagindo à alta dos juros futuros.
Bloco dos grandes bancos também fecharam em queda: Santander (SANB11) caiu 1,11%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) recuou 0,77% e 1,01%, respectivamente, Itaú (ITUB4) perdeu 0,67% e Banco do Brasil (BBAS3), -0,09%.
Em meio a rumores de reajuste dos combustíveis nesta semana, Petrobras (PETR3, PETR4) subiu 1,13% e 0,89%. Vale (VALE3) reduziu perdas e fechou em -0,20%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Eletrobras (ELET3): +3,37% // R$ 41,45
- CPFL Energia (CPFE3): +3,15% // R$ 32,43
- Eletrobras (ELET6): +2,36% // R$ 40,31
- Weg (WEGE3): +1,81% // R$ 24,25
- Totvs (TOTS3): +1,30% // R$ 25,00
Maiores baixas do Ibovespa:
- Via (VIIA3): -10,20% // R$ 2,29
- CVC (CVCB3): -6,70% // R$ 7,66
- Positivo (POSI3): -5,94% // R$ 6,18
- CSN Mineração (CMIN3): -5,33% // R$ 4,80
- BRF (BRFS3): -5,32% // R$ 13,16
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- CVC (CVCB3) aprova oferta de ações de até R$ 477,2 milhões
- Paulo Guedes diz que Brasil irá decolar e país é o ‘lado bom’ da crise
CVC (CVCB3) aprova oferta de ações de até R$ 477,2 milhões
A CVC (CVCB3) divulgou nesta terça-feira (14) que o Conselho de Administração da companhia aprovou a realização de oferta pública de distribuição primária de ações, com esforços restritos de colocação.
Inicialmente, a oferta conta com 46,5 milhões de ações ordinárias, que poderá aumentar em até 25% com possibilidade de lote adicional de 11,625 milhões de papéis.
A CVC disse que pode captar até R$ 477,2 milhões com a oferta, caso o lote adicional seja integralmente colocado e com base no fechamento do dia anterior, de R$ 8,21 por ação. Sem o acréscimo, o montante total seria de R$ 381,7 milhões.
Entretanto, o valor é apenas indicativo, uma vez que a definição de preço por ação da oferta ocorrerá no dia 23 de junho após consulta com participantes do mercado. Os novos papéis começam a ser negociados na B3 (B3SA3) em 27 de junho.
A empresa destacou que o público alvo da oferta restrita será exclusivamente de acionistas e de investidores profissionais.
No último dia 9, a companhia informou que estava avaliando a realização de oferta subsequente (follow-on) de ações. Em fato relevante, a CVC afirmou que a oferta foi motivada pela gradual recuperação do setor de turismo nos últimos meses, com consequente aumento da procura por viagens de lazer e corporativas, assim como a constante avaliação das fontes de capital disponíveis – incluindo seus custos – para suportar o crescimento das operações.
De acordo com a nota enviada hoje à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os recursos provenientes da oferta servirão para reforço do capital de giro da CVC para desenvolvimento de sua estratégia de crescimento, assim como para o pagamento de parte do saldo devedor em aberto de debêntures de emissão da empresa.
Os coordenadores da oferta serão Citigroup Global e o Bank of America Merrill Lynch.
Em março deste ano, o CEO da CVC, Leonel Andrade, afirmou que a empresa estava em seu melhor momento desde o início da pandemia, em março de 2020. O executivo destacou que todos os setores da empresa apresentam melhorias: governança, controle dos negócios, gestão de pessoas, relação com investidores e acionistas.
Paulo Guedes diz que Brasil irá decolar e país é o ‘lado bom’ da crise
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil é um dos ‘destaques positivos’ da crise mundial, enquanto o exterior está com um cenário negativo.
“Haverá aterrissagem turbulenta no exterior, mas o Brasil está em decolagem“, disse Paulo Guedes, durante a abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2022, nesta terça-feira (14).
Para Guedes, não há a “menor dúvida” de que haverá recessão na Europa e os Estados Unidos.
“Estamos sob ventos turbulentos; lá fora, o mar é turbulento e vai piorar”, previu, salientando que quando participou do Fórum Econômico Mundial de Davos, em 2019, assim que o governo de Jair Bolsonaro começou, as conversas no evento já eram em torno de um “pouso suave” das principais economias do mundo.
De acordo com Guedes, no entanto, por causa da pandemia de coronavírus e da invasão da Urânia pela Rússia, houve uma desorganização das cadeiras produtivas e o voo dessas grandes economias terá uma aterrissagem mais dura, e não mais um pouso suave.
“O lado bom [da crise] é o Brasil”, garantiu.
O ministro da Economia afirmou que a situação da economia global hoje é “um mar turbulento” e que deve “se agravar bastante”.
Guedes citou como um dos motivos a equalização dos preços de fatores, depois da saída da miséria de 3,7 bilhões de pessoas no Leste da Europa e no Sudeste Asiático pela globalização, segundo ele.
“Há 30 anos que a pressão competitiva da Ásia impede os ganhos de salário no Ocidente. Ocidente esqueceu as fontes de sua própria riqueza. Antigamente não tinha inflação porque tinha arbitragem (do mercado oriental). Arbitragem (do oriente) acabou e os salários estão subindo no mundo todo”, disse Paulo Guedes.
“Há 3 choques colossais que estão mudando a configuração do mundo. A inflação vai subir muito, vai ter recessão e o sistema político vai passar por pressão. Veremos muita crise, muita dificuldade lá fora”, acrescentou.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -0,52%
- IFIX hoje: -0,05%
- IBRX hoje: -0,48%
- SMLL hoje: -1,57%
- IDIV hoje: +0,07%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (13)
O Ibovespa fechou o pregão da última segunda-feira (13) em queda de 2,73% aos 102.598,18 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)