O Ibovespa hoje encerrou o pregão de terça-feira (13) em queda de 2,30%, aos 110.793,96 pontos, após oscilar entre 110.521,95 e 113.400,22 pontos. Apesar da aversão a risco em véspera de vencimento de opções, o giro ficou em R$ 25,4 bilhões, acomodado na sessão. Na semana, cede 1,34%, mas avança 1,16% no mês e 5,70% no ano.
Em linha com a aversão global a risco que se impôs após a surpreendente leitura sobre a inflação nos Estados Unidos em agosto, em alta de 0,1% quando se esperava uma leve deflação no mês, o Ibovespa sacudiu menos do que os índices de Nova York, onde as perdas chegaram a superar 5% no fechamento.
“O volume que se desenhou na sessão parece mostrar um mercado em modo de espera aqui, ainda mostrando resiliência em vista do estágio bem mais avançado no ciclo de elevação de juros quando comparado ao exterior. Mesmo setores com exposição a juros, como os de consumo e construção, tiveram ajustes relativamente discretos na sessão”, diz Naio Ino, gestor de renda variável da Western Asset.
“Lá fora, com o CPI de agosto, a expectativa de aumento de 75 pontos-base na taxa de juros dos Estados Unidos virou piso para setembro, com parte do mercado se posicionando agora para aumento de 100 pontos-base nesta reunião. E a incerteza se estende a novembro, com expectativa de que a alta de 75 pontos venha a se repetir.”
Na B3, as perdas se distribuíram por ações e setores, com poucos nomes do Ibovespa conseguindo escapar à correção. No fechamento do dia, apenas MRV (MRVE3) e BB Seguridade (BBSE3) mostravam desempenho positivo na sessão. Entre as blue chips, Petrobras (PETR4) esteve entre as maiores perdedoras, assim como as siderúrgicas, à frente de Vale (VALE3) e dos grandes bancos
“Os ativos de risco foram afetados de forma generalizada pelo ajuste, para cima, na curva de juros desde o exterior. A taxa de juros terminal nos Estados Unidos está indo agora para a faixa de 4,25%-4,50% nas projeções de mercado, o que afetou hoje em Nova York especialmente as ações dos setores de tecnologia e consumo”, diz Naio.
“A perda no Ibovespa foi até ok quando se compara ao que foi visto lá, onde a taxa de juros ainda não alcançou um platô, ao contrário daqui, onde pode ainda vir um aumento marginal da Selic em setembro, de pouco efeito ao se considerar o nível em que a taxa já está. A discussão, no Brasil, é sobre quando os juros começarão a ser cortados, apesar do recente alerta do BC para os que estavam muito entusiasmados”, acrescenta o gestor da Western Asset.
“Ainda mais importante do que a leitura sobe o índice ‘cheio’, o núcleo da inflação nos Estados Unidos veio bem acima do que era esperado para agosto. A inflação está ainda generalizada, praticamente, e o que veio pra baixo foi o preço dos combustíveis, em linha com a queda que se vê nas cotações internacionais do petróleo. A parte de alimentação, de serviços principalmente, e a habitação, tudo indo muito pra cima ainda, sem nenhum indicativo de folga na inflação (americana)”, observa Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital.
“O núcleo (do CPI), que exclui preços de energia e alimentos, veio acima do esperado em ambas as leituras: alta de 0,6% e 6,3% ante expectativa de 0,3% e 6,1% na comparação mensal e anual”, respectivamente, aponta William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue Securities. “O dado reforça os comentários recentes dos dirigentes do Fed de que há muito trabalho a ser feito no sentido de controlar a inflação”, acrescenta.
“A leitura sobre a inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos foi de 8,3% em agosto, quando se esperava desaceleração para um patamar próximo de 8,0%. Na margem, não houve a deflação esperada, de 0,1%, apesar da deflação de 10,60% no preço da gasolina”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, destacando também aceleração em alguns grupos importantes dentro do CPI, como o gás (+3,5%, na margem) e serviços (+0,6%), entre outros “preços com ritmo considerado ainda preocupante”.
“O mercado vinha numa recuperação de curto prazo, encampando narrativa de que o Fed conseguiria fazer um pouso suave, na medida em que os índices de inflação estavam cedendo, e cederiam ainda mais, sem que se precisasse subir muito mais a taxa de juros”, diz Daniel Miraglia, economista-chefe do Integral Group.
“O cenário de inflação persistente reforça o discurso do Fed, de um cenário de juros elevados por mais tempo”, o que “favorece a alta do dólar e penaliza os ativos de risco” com os investidores em busca de segurança, aponta Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. “O mercado deve seguir atento à divulgação de mais dados de inflação amanhã (14), nos EUA, e na zona do euro na sexta-feira (16), que devem nortear a tomada de risco e o ritmo durante a semana”, acrescenta.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em forte queda nesta terça-feira, com recuos de 4% a 5%. Os principais índices acionários de Wall Street tiveram o pior desempenho diário desde junho de 2020, na esteira do avanço inesperado no índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.
- Dow Jones: -3,94%, aos 31.104,90 pontos;
- S&P 500: -4,33%, aos 3.932,63 pontos;
- Nasdaq: -5,16%, aos 11.633,57 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 1,77%, a R$ 5,1875, após oscilar entre R$ 5,0790 e R$ 5,2085.
Os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta terça-feira, pressionados pela firme valorização do petróleo, após inflação ao consumidor (CPI) nos EUA mais forte que o esperado. Investidores repercutiram ainda a avaliação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de que a recente queda da commodity não foi justificável.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega para outubro encerrou a sessão em baixa de 0,53% (-US$ 0,47), a US$ 87,31, e o do Brent para novembro perdeu 0,88% (-US$ 0,83) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 93,17.
O ouro fechou em queda nesta terça-feira, pressionado pela valorização do dólar e alta dos rendimentos dos Treasuries, à medida que os dados de inflação ao consumidor (CPI) dos EUA, divulgados pela manhã, surpreenderam o mercado ao virem acima do esperado e confirmarem a trajetória hawkish do Federal Reserve (Fed).
Na Comex, divisão para metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para dezembro caiu 1,33%, cotado a US$ 1.717,4 por onça-troy.
No Ibovespa hoje, somente MRV (MRVE3) e BB Seguridade (BBSE3) encerraram o pregão em alta, com +0,90% e +0,67%, respectivamente.
Petrobras (PETR3, PETR4) recuou 2,86% e 2,94%, nesta ordem, em linha com a queda do petróleo. Vale (VALE3) não sustentou a alta inicial e cedeu 2,71%, na contramão da subida do minério de ferro.
Entre os grandes bancos, Banco do Brasil (BBAS3) registrou -1,49%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) caiu 1,30% e 1,07%, respectivamente, Santander (SANB11) perdeu 1,25% e Itaú (ITUB4) desvalorizou 1,00%.
Quem liderou as maiores quedas do dia foi Hapvida (HAPV3), com -6,71%, seguida por Natura (NTCO3), que perdeu 6,49% e Qualicorp (QUAL3), que baixou 6,15%.
Maiores altas do Ibovespa:
- MRV (MRVE3): +0,90% // R$ 12,32
- BB Seguridade (BBSE3): +0,67% // R$ 28,37
Maiores baixas do Ibovespa:
- Hapvida (HAPV3): -6,71% // R$ 7,79
- Natura (NTCO3): -6,49% // R$ 15,86
- Qualicorp (QUAL3): -6,15% // R$ 9,00
- BRF (BRFS3): -5,77% // R$ 15,36
- Dexco (DXCO3): -5,56% // R$ 10,20
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Petrobras (PETR4): farra dos dividendos pode acabar graças à baixa no petróleo
- Natura (NTCO3) e Avon irão formar nova empresa, diz site; ações fecham em forte queda
Petrobras (PETR4): farra dos dividendos pode acabar graças à baixa no petróleo
A Petrobras (PETR4) teve um 2022 marcante no que se refere à sua distribuição de dividendos.
Tendo feito pagamentos bilionários ao longo do último trimestre, a Petrobras chegou a ser eleita a maior distribuidora de proventos no mundo pela gestora Janus Henderson.
Além disso, a empresa se tornou queridinha nas mais variadas carteiras recomendadas de dividendos montadas por diferentes corretoras.
Mas, recentemente, uma queda nos preços internacionais do barril de petróleo levantou dúvidas sobre a capacidade da empresa em manter a remuneração de seus acionistas enquanto o preço da commodity está em baixa.
É fato que, desde o início da guerra na Ucrânia, o preço do petróleo atingiu patamares elevados. Até o início do mês de fevereiro, antes da invasão russa, os preços do barril de petróleo Brent rondavam os US$ 93.
A partir disso, oscilaram majoritariamente acima dos US$ 103.
Mas, nos últimos três meses, os preços internacionais do mesmo produto, que bateram os US$ 120 ao final de maio, caíram para cerca de US$ 95– na semana passada, a cotação chegou a bater US$ 88.
Para André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, o impacto negativo da baixa do petróleo na remuneração dos acionistas da Petrobras deve ocorrer.
Meirelles afirma que o aumento de cerca de 40% no preço do Brent durante o primeiro semestre deste ano foi um dos grandes responsáveis pela recente distribuição de R$ 88 bilhões em dividendos pela Petrobras.
“Por isso, a queda no preço do barril de U$ 120 para U$ 95 nos últimos três meses deve impactar negativamente a performance operacional e a distribuição de dividendos da empresa”, completa.
O diretor, entretanto, ressalta que, apesar dessa recente queda, o barril segue negociado em patamares elevados. “Considerando seu preço nos últimos cinco anos, os estoques de petróleo permanecem relativamente baixos e a OPEP+ decidiu recentemente pela redução do volume diário ofertado”, diz.
Natura (NTCO3) e Avon irão formar nova empresa, diz site; ações fecham em forte queda
Nesta semana, o conselho da Natura (NTCO3) deve se reunir para discutir um processo de reestruturação na companhia de cosméticos, segundo o site Reset. Além disso, a reestruturação seria constituída da fusão das operações da Natura e da Avon na América Latina como uma empresa só.
As informações são do Valor Econômico.
A nova empresa seria liderada pelo executivo João Paulo Ferreira e modificaria o modelo de plataforma global de várias marcas.
Na reunião do conselho de administração, segundo as informações do Reset, também seria discutido o futuro da Avon International, envolvendo um possível encerramento de operações em alguns países e o rumo do segmento “home and fashion” da Avon.
O Citi manteve a recomendação “neutra” para as ações da Natura, mantendo-se cauteloso em relação à empresa de cosméticos.
Os analistas do Citi cortaram o preço-alvo dos papéis de R$ 26 para R$ 20, por conta de novas perspectivas macroeconômicas, resultados abaixo da expectativa no segundo trimestre e um “upside limitado”.
Além disso, os analistas reduziram suas projeções de receitas em 3% e de lucro recorrente da Natura em 60% nos dois próximos anos.
Para este ano, o Citi espera uma receita líquida da Natura em R$ 37,5 bilhões de reais, contra R$ 38,6 bilhões anteriormente, e um prejuízo líquido de R$ 1 bilhão de reais.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -2,30%
- IFIX hoje: -0,01%
- IBRX hoje: -2,30%
- SMLL hoje: -2,74%
- IDIV hoje: -2,03%
Cotação do Ibovespa nesta segunda (12)
O Ibovespa fechou o pregão da última segunda-feira (12) em alta de 0,98%, em 113.406,55 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)