O Ibovespa hoje fechou a quarta-feira (13) em queda de 0,40% aos 97.881,16 pontos, após oscilar entre 98.928,24 e 97.402,99 pontos. Foi a menor marca de fechamento no ano, e também a mais baixa desde os 97.866,81 do encerramento de 4 de novembro de 2020.
Em dia majoritariamente negativo no exterior, com o apetite por risco cerceado pelo avanço da inflação nos Estados Unidos, o Ibovespa parecia a caminho de manter a linha dos 98 mil pontos pela terceira sessão, sem se distanciar da faixa de 98,2 a 98,4 mil em boa parte da tarde, entre leves ganhos e perdas.
Com o vencimento de opções sobre o Ibovespa, o giro financeiro foi a R$ 35,8 bilhões na sessão. Na semana, o índice cede 2,40% e, no mês, perde 0,67% – no ano, o recuo é de 6,62%.
“Os mercados acabaram se firmando no negativo, e o Ibovespa se inclinou também, após ter oscilado entre altas e baixas ao longo do dia. Recessão nos Estados Unidos tem sido o grande tema, e o dado de inflação foi o grande destaque da sessão, com um movimento generalizado de alta nos preços (ao consumidor). Um relatório de inflação de forma geral ruim, que aumenta as apostas de Fed mais agressivo já na reunião de julho”, diz Jennie Li, estrategista de ações da XP.
Inflação dos EUA
O foco dos mercados globais nesta quarta-feira esteve no índice de inflação ao consumidor nos EUA em junho, com nova leitura acima do esperado – e a maior taxa anual desde novembro de 1981. O resultado reforça a perspectiva de que o Federal Reserve precisará elevar os juros de forma ainda mais agressiva até o fim do ano para enfrentar a resiliente inflação, apesar dos sinais de desaceleração econômica.
“A inflação ao consumidor nos EUA atingiu 9,1% em junho, no acumulado em 12 meses. O núcleo, que exclui preços de alimentação e energia (considerados itens voláteis), mostrou alta de 0,7% (no mês) e de 5,9% em 12 meses. O dado reforça a postura ‘hawkish’ do Federal Reserve. Coloca ‘lenha na fogueira’ para elevação do ritmo (de aumento) dos juros em setembro, para 100 pontos-base. Aí que mora o risco, se eventualmente os juros nos EUA encerrarão 2022 muito acima dos 4% já precificados”, observa Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
“Os dados de inflação nos EUA reforçam a expectativa por uma alta de 0,75 ponto porcentual agora em julho. O próprio presidente americano tem dito que inflação é o desafio mais urgente deles, o que é também o discurso do Federal Reserve, mesmo que signifique a atividade ir para baixo. O mercado de trabalho americano está extremamente aquecido, há espaço para pesarem a mão contra a inflação, com juros mais altos”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.
“Dados inflacionários piores do que o esperado ancoram as expectativas por taxas de juros ainda mais apertadas. Um aumento de 75 pontos-base na próxima reunião já estava dado pelo Fed. E agora há a possibilidade de que tal aumento se repita também sem setembro. Mas o aumento de 100 pontos-base na taxa de juros do Canadá, em grau inesperado, pode mexer no ‘forward guidance’ dos demais BCs, com muita incerteza ainda sobre a inflação, mês após mês”, ressalva Victor Hugo Israel, especialista em renda variável da Blue3.
Assim, nesta tarde, o mercado já embutia 69,0% de probabilidade do Federal Reserve elevar os juros em 100 pontos-base na decisão do próximo dia 27, em comparação a 31,0%, dos que se posicionam para alta de 75 p.b. na mesma reunião. No final da manhã, havia equilíbrio nas apostas: 51,1% e 48,9%, respectivamente, conforme os dados da ferramenta de monitoramento do CME Group.
O aumento “surpreendente” de 100 p.b. na taxa básica de juros pelo Banco Central do Canadá pode pressionar o Fed a “seguir o exemplo”, avalia o banco ING. Apesar disso, o banco holandês mantém a previsão de 75 p.b. para a decisão de 27 de julho, do BC americano.
Por sua vez, a consultoria Capital Economics observa que a decisão do BC canadense de aumentar a taxa básica de juros para 2,5% ao ano – o primeiro movimento desta magnitude desde agosto de 1998 – teve como objetivo “adiantar o caminho para taxas de juros mais altas”, em vez de alcançar um valor final para o juro do país. Embora a autoridade monetária do Canadá tenha dito que “continua a julgar que as taxas de juros precisarão subir ainda mais”, diz a Capital Economics, não forneceu nenhuma atualização sobre onde espera que a taxa básica termine.
Na agenda brasileira, os dados do varejo também surpreenderam negativamente. “As vendas no varejo ampliado variaram 0,2% m/m e -0,7% a/a, bem abaixo da nossa estimativa (+2,2% a/a)”, aponta em nota a Terra Investimentos. “Já o varejo restrito – excluindo ‘autos e peças’ e ‘material de construção’ – variou 0,1% m/m e -0,2% a/a, também abaixo da nossa estimativa (+2,9% a/a)”, acrescenta a casa.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em baixa, após a leitura mais forte que o esperado do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de junho reforçar temores de que o Federal Reserve (Fed) pode subir o juro em um ponto porcentual no fim deste mês, o que, por sua vez, deu mais fôlego à perspectiva de recessão econômica nos EUA. A recuperação parcial iniciada no fim da manhã e liderada por ações do setor de tecnologia não se sustentou até o fim do pregão.
- Dow Jones: -0,67%, aos 30.772,79 pontos;
- S&P 500: -0,45%, aos 3.801,78 pontos;
- Nasdaq: -0,15%, aos 11.247,58 pontos.
O dólar à vista fecha em baixa de 0,61%, a R$ 5,4058, depois de oscilar entre R$ 5,3635 e R$ 5,4663189.
O petróleo fechou em alta modesta nesta quarta-feira. A commodity registrou volatilidade e operou em baixa durante boa parte da sessão, à medida que investidores digeriram dados de inflação e estoques semanais nos EUA, bem como o corte nas projeções para a demanda global da Agência Internacional de Energia (AIE), que mais cedo divulgou relatório mensal.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril do petróleo WTI com entrega marcada para agosto subiu 0,48% (US$ 0,46), a US$ 96,30, enquanto o do Brent para o mês seguinte avançou 0,08% (US$ 0,08) na Intercontinental Exchange (ICE), a US$ 99,57.
O contrato mais líquido do ouro fechou em alta nesta quarta-feira, beneficiado pela queda do dólar e arrefecimento dos rendimentos dos Treasuries na ponta longa da curva. O foco do mercado esteve nos dados de inflação ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos. Em meio aos temores de recessão, o relatório, que veio acima do esperado, confirmou que o Federal Reserve (Fed) deve continuar subindo juros.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto fechou em alta de 0,62%, a US$ 1.735,5 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, a Ambev (ABEV3) foi a ação mais valorizada no pregão, com alta de 5,66%, em meio à expectativa dos investidores sobre os resultados do segundo trimestre, além da influência da notícia de vitória parcial da empresa em um processo de R$ 2 bilhões na 1ª Turma da Câmara Superior do Carf.
O setor de varejistas também voltou a se destacar, desta vez com Carrefour (CRFB3) subindo 3,29% e Natura (NTCO3) com +2,93%.
Apesar da pequena alta da cotação do petróleo, 3R Petroleum (RRRP3) liderou as maiores quedas do índice, caindo 5,55%. A Petrobras (PETR3, PETR4) ganhou 0,43% e 0,07%, respectivamente.
Vale (VALE3) recuou 0,34%, na contramão da alta do minério de ferro.
Ainda no campo negativo, os ativos de companhias do setor de saúde foram destaque, movimento influenciado pela aprovação em 1º turno na Câmara da PEC que garante piso salarial para trabalhadores de enfermagem.
Qualicorp (QUAL3) recuou 4,40%, Rede D’Or (RDOR3) perdeu 4,31% e SulAmérica (SULA11) cedeu 3,56%.
As companhias bancárias do índice também desvalorizaram nesta quarta, com Itaú (ITUB4) perdendo 0,40%, Banco do Brasil (BBAS3) com -1,09%, Santander (SANB11) caindo 1,55% e Bradesco (BBDC3, BBDC4) com -1,90% e -2,28%, respectivamente.
Maiores altas do Ibovespa:
- Ambev (ABEV3): +5,66% // R$ 14,57
- Carrefour (CRFB3): +3,29% // R$ 17,27
- Natura (NTCO3): +2,93% // R$ 15,09
- BRF (BRFS3): +2,72% // R$ 16,24
- Vibra (VBBR3): +2,70% // R$ 16,71
Maiores baixas do Ibovespa:
- 3R Petroleum (RRRP3): -5,55% // R$ 28,60
- Qualicorp (QUAL3): -4,40% // R$ 11,29
- Rede D’Or (RDOR3): -4,31% // R$ 28,20
- SulAmérica (SULA11): -3,56% // R$ 20,88
- Magazine Luiza (MGLU3): -3,41% // R$ 2,83
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Ambev (ABEV3) tem vitória parcial em caso tributário de R$ 2 bilhões
- Oi (OIBR3): Antenas herdadas serão vendidas pela Tim (TIMS3) e Vivo (VIVT3)
Ambev (ABEV3) tem vitória parcial em caso tributário de R$ 2 bilhões
Em julgamento na Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), cinco dos oito conselheiros decidiram pelo entendimento de que é necessária uma previsão legal para autorizar a amortização da base de cálculo da CSLL. O pleito era de uma autuação da Fazenda Nacional contra a Ambev (ABEV3).
A discussão sobre a Ambev, assim, poderia abrir uma nova jurisprudência e mudar o regime de abatimento de despesa de outras companhias.
Os conselheiros do Carf só discutiram esse ponto na sessão de julgamento e optaram também por manter a decisão prévia, de cancelar parte de autuação de R$ 2 bilhões recebida pela Ambev.
Isso pois o julgamento ocorreu na última instância do Carf, a 1ª Turma da Câmara Superior, a última instância do Carf.
Desta forma, a dívida bilionária da Ambev deve ser cancelada parcialmente por conta do ágio referente ao CSLL.
Todo esse imbróglio é fruto de uma autuação pois, entre 2007 e 2012, a Receita Federal realizou a cobrança de Imposto de Renda (IRPJ) e CSLL sobre amortização de ágio por conta da operação de incorporação da Beverage Associate Holding (BAH) pela Ambev – que foi feita mirando a aquisição da Quilmes, empresa argentina.
O julgamento, assim, discute se o ágio da CSLL sobre amortização de ágio é cabível. O que ocorre é que, com o julgamento, mesmo que os conselheiros tenham mantido a cobrança de tributos, a multa que torna a dívida mais volumosa foi reduzia.
A multa aplicada pela receita foi de 150%, ao passo que o julgamento decidiu por cortá-la para 75% por conta do ágio.
Na justificativa do Carf, os conselheiros apontam que foi cancelado o montante referente ao ano de 2007 por “perda de prazo para exigência dos valores”, ou decadência.
Oi (OIBR3): Antenas herdadas serão vendidas pela Tim (TIMS3) e Vivo (VIVT3)
A Tim (TIMS3) e a Telefônica (VIVT3), dona da Vivo, lançaram ofertas públicas para venda de metade das antenas que foram recebidas no processo de aquisição das redes móveis da Oi (OIBR3), que ocorre no âmbito da recuperação judicial da companhia.
A Vivo colocou à venda um total de 1.346 antenas que foram herdadas da Oi por R$ 50,5 milhões, enquanto a Tim pretende vender 3.610 unidades por um montante de R$ 368,8 milhões.
As informações constam em documentos enviados pelas companhias ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica , o Cade.
Para evitar a concentração dos ativos nas mãos de apenas três operadoras após a Oi sair do ramo de telefonia móvel, o Cade determinou que TIM e Vivo deveriam se desfazer de metade das estações rádio-base (ERBs) em seis meses.
Para a Claro, que concentrará menos equipamentos, serão 40% em 12 meses. Até o momento, a Claro não comunicou o Cade sobre o início de sua oferta.
As ERBs são equipamentos com antenas em postes, viadutos, prédios e torres para ativar o sinal de telefonia e internet. Juntas, Oi, TIM, Vivo e Claro tinham quase 100% do total desses aparelhos. Só a Oi era dona de 14,6 mil ERBs.
Nas ofertas levadas a público neste momento, há ERBs aptas a operar as tecnologias 2G, 3G e 4G, nas faixas de 900 MHz, 1.800 MHz e 2.100 MHz. Vender esses bens não é tarefa fácil.
As antenas têm pouca flexibilidade, pois funcionam especificamente em uma faixa de frequência.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -0,40%
- IFIX hoje: -0,26%
- IBRX hoje: -0,37%
- SMLL hoje: -0,58%
- IDIV hoje: -0,43%
Cotação do Ibovespa nesta terça (12)
O Ibovespa fechou o pregão da última terça-feira (12) em leve alta de 0,06% aos 98.271,21 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)