Ibovespa fecha em forte queda e recua 5,06% na semana; Eletrobras (ELET3) tomba 4,7% no dia
O Ibovespa hoje encerrou o pregão de sexta-feira (10) queda de 1,51% aos 105.481,23 pontos, após oscilar entre 107.092,37 e 104.647,59 pontos. Índice cai 5,06% na semana, após retração de 0,75% na semana anterior. O índice colheu apenas perdas nesta primeira semana completa de junho, estendendo a série negativa pelo sexto dia. Volume financeiro foi de R$ 30,6 bilhões.
Hoje, a inflação a 8,6% ao ano nos Estados Unidos em maio, no maior nível desde 1981, derrubou os mercados no exterior, que já vinham de aversão a risco ontem, quando prevaleceram sinais mais duros do Banco Central Europeu (BCE) quanto à orientação da política monetária na zona do euro para os próximos meses.
Assim, em dia de moderada leitura positiva sobre as vendas do varejo no Brasil – ainda em expansão na margem, mas em desaceleração de ritmo frente aos três resultados anteriores a abril, agora 4% acima do nível pré-pandemia.
Em relação ao fechamento de maio, o índice tem agora retração de 5.869,28 pontos, acumulando perdas diárias acima da marca de 1% nas últimas três sessões. No mês, o Ibovespa acumula queda de 5,27%, limitando o ganho do ano a 0,63%. A perda desta semana foi a maior desde outubro passado, quando o Ibovespa havia cedido 7,28% entre os dias 18 e 22 daquele mês.
“A inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos, a 8,6% em maio, veio acima da expectativa do mercado, com mediana ao redor de 8,2%. Quando se olha para o núcleo, que exclui itens mais voláteis, como alimentação e energia, a leitura foi de 6% em 12 meses, ainda bem acima da meta de inflação no país. O núcleo mostra que, para além da guerra no leste europeu, que acentuou a inflação global pelo efeito sobre commodities agrícolas e de energia, há uma atividade econômica forte nos Estados Unidos, com inflação de 5,2% no setor de serviços, excluindo o setor de energia, no acumulado em 12 meses”, diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.
“O dado de inflação nos Estados Unidos, com alta de 1% no mês, foi horrível, pior do que o esperado, e os mercados, como era de se esperar, azedaram ainda mais” neste fechamento de semana, observa Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. “Inflação rodando a 8% ao ano nos Estados Unidos e na Europa não é qualquer coisa: estamos falando de inflação em dólar, em euro. Os BCs estão reagindo. Semana que vem tem a reunião do Federal Reserve, com aumento de meio ponto (nos juros de referência) já precificado pelo mercado.”
“A inflação americana preocupa, e isso impactou todas as bolsas hoje. A perspectiva é de juros ainda mais altos nos Estados Unidos, o que é muito ruim para ativos de Bolsa”, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.
No front corporativo, as ações da Eletrobras passaram hoje por correção após o fechamento da oferta da estatal, ontem. As ações foram vendidas aos investidores a R$ 42, desconto de 3,4% em relação ao preço de fechamento do dia 27 de maio, a R$ 43,46, quando a transação foi protocolada na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e na Securities and Exchange Comission (SEC), dos EUA. A operação atraiu grandes fundos internacionais, respondendo por 45% da demanda. Foram movimentados R$ 33,7 bilhões nesta que foi a maior oferta de ações em bolsa neste ano no Brasil, reportam Altamiro Silva Junior e Cynthia Decloedt, do Broadcast.
“A expectativa do mercado é de que as ações da Eletrobras cheguem a um preço médio de R$ 50, R$ 55 por unidade, o que representa valorização de 20% em 2022, até dezembro. E por que caiu hoje? Investidores que não estão confortáveis com esse preço, os que duvidam do ganho de 20% neste ano, mostram desconforto e vendem os papéis. Dada sua posição, optam por se retirar”, diz Simone Pasianotto, economista-chefe da Reag Investimentos, acrescentando que, de forma geral, a precificação foi bem recebida no mercado.
“Há apetite por Eletrobras, a despeito dessa queda de hoje, dos investidores que mostraram incompatibilidade com essa precificação de R$ 42, antes do início da colocação no mercado de capitais”, observa a economista da Reag, casa que projeta avanço de 10% a 15% no ano para as ações da empresa.
“Ontem à noite saiu o preço do ‘bookbuilding’ nesse lote do governo, de R$ 42. E todos os que trabalharam essa oferta levaram integralmente o valor solicitado. Algumas corretoras e bancos solicitaram talvez valor acima do que gostariam, contando que a oferta poderia ter algum tipo de rateio, para que coubesse todo mundo. Alguns usaram essa estratégia de entrar pedindo mais do que deveria, e acabaram levando tudo. E isso gerou um fluxo grande de venda desse papel hoje para poder ajustar para o valor correto”, diz Alves, da Valor Investimentos.
Bolsas de Nova York
As bolsas de Nova York fecharam em queda nesta sexta-feira após o índice de inflação ao consumidor (CPI) de maio dos Estados Unidos vir acima do esperado. O dado acendeu temores de alta de 75 pontos-base dos Fed Funds na próxima decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), na quarta-feira, dia 15. Além disso, o índice de sentimento ao consumidor da Universidade de Michigan atingiu o menor valor da série histórica, deteriorando ainda mais o apetite por risco.
- Dow Jones caiu 2,73%, a 31.392,79 pontos;
- S&P 500 recuou 2,91%, a 3.900,86 pontos;
- Nasdaq teve queda de 3,52%, a 11.340,02 pontos.
Na semana, as quedas foram de 4,58%, 5,05% e 5,60%, respectivamente.
O dólar à vista fechou em alta de 1,49%, a R$ 4,9886, depois de oscilar entre R$ 4,8856 e R$ 5,0121. Na semana, moeda acumula alta de 4,39%.
Apesar de terem registrado alta semanal de mais de 1%, os contratos futuros de petróleo caíram nesta sexta-feira, diante do avanço do dólar ante rivais, em meio à deterioração do sentimento de risco. O clima azedou após o índice de inflação ao consumidor (CPI) de maio dos Estados Unidos vir acima do esperado, o que fez com que o mercado passasse a esperar um aperto ainda mais hawkish do Federal Reserve (Fed). Outro indicador da economia americana, o índice de sentimento ao consumidor da Universidade de Michigan veio abaixo do esperado e também ajudou a gerar cautela entre os investidores. Do lado da demanda pelo óleo, novos lockdowns na China preocupam.
O petróleo WTI para julho registrou queda de 0,69% (US$ 0,84), a US$ 120,67 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex). Já o Brent para agosto caiu 0,86% (US$ 1,06), a US$ 122,01 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na comparação semanal, os dois subiram 1,51% e 1,91%, respectivamente.
Depois de certa oscilação, o contrato mais líquido do ouro fechou em alta nesta sexta. O metal se beneficiou da inflação ao consumidor americano acima das expectativas de analistas em maio, apesar das ressalvas sobre o aperto monetário do Federal Reserve (Fed).
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro com entrega prevista para agosto subiu 1,23%, a US$ 1.875,5 por onça-troy. Na semana, o ganho acumulado foi de 1,37%.
No Ibovespa hoje, a sessão foi predominantemente negativo, com destaque principalmente para a alta de Qualicorp (QUAL3) de 7,39%, ainda com a influência da decisão do STJ que desobriga os planos de saúde a oferecer procedimentos fora do rol da ANS.
Outros destaques positivos do dia foram CSN Mineração (CMIN3), que subiu 3,98%, Raia Drogasil (RADL3), com +0,73% e Hypera (HYPE3), que valorizou 0,57%.
No campo oposto, Americanas (AMER3) liderou a lista de baixas, com queda de 10,63%. Em seguida, Banco Inter (BIDI11) desvalorizou 6,87%.
O setor das companhias aéreas caiu, com Azul (AZUL4) em baixa de 6,62% e Gol (GOLL4) com -5,68%.
A Eletrobras (ELET3, ELET6) cedeu 4,74% e 6,59%, respectivamente, um dia após a precificação das ações ordinárias da oferta que levará à privatização da estatal.
Grandes bancos também recuaram: Itaú (ITUB4) com -2,19%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) caindo 1,30% e 1,49%, respectivamente, Banco do Brasil (BBAS3) recuou 1,68%, Santander (SANB11) perdeu 1,33%.
Entre as blue chips, Petrobras (PETR3, PETR4) registrou -1,26% e -1,40%, respectivamente, e Vale (VALE3) ficou estável (+0,02%).
Maiores altas do Ibovespa:
- Qualicorp (QUAL3): +7,39% // R$ 12,20
- CSN Mineração (CMIN3): +3,98% // R$ 5,22
- Raia Drogasil (RADL3): +0,73% // R$ 20,80
- Hypera (HYPE3): +0,57% // R$ 38,90
- Cielo (CIEL3): +0,53% // R$ 3,78
Maiores baixas do Ibovespa:
- Americanas (AMER3): -10,63% // R$ 15,22
- Banco Inter (BIDI11): -6,87% // R$ 10,30
- Azul (AZUL4): -6,62% // R$ 15,38
- Eletrobras (ELET6): -6,59% // R$ 39,70
- Positivo (POSI3): -6,39% // R$ 6,89
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Oi (OIBR3) conclui a venda da V.tal para BTG (BPAC11) por R$ 12,9 bilhões
- Nova Eletrobras (ELET3): Privatização levará a mudanças em conselho e comando
Oi (OIBR3) conclui a venda da V.tal para BTG (BPAC11) por R$ 12,9 bilhões
A venda da unidade de fibra ótica da Oi (OIBR3), a V.tal, para o BTG Pactual (BPAC11) em conjunto com a Globenet Cabos Submarinos, por R$ 12,9 bilhões chegou ao fim nesta sexta-feira (10)
A proposta foi homologada como vencedora pelo Juízo da 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro em procedimento competitivo judicial realizado em conformidade com o aditamento ao plano de recuperação judicial, aprovado pelos credores e homologado por aquele juízo em 5 de outubro de 2020.
Com as renegociações de contrato, os novos investidores assumem 51% da subsidiária, para, após implementadas algumas etapas, passarem a deter, antes de quaisquer ajustes de preço, ações representativas de 57,9% do capital social votante e total da V.tal.
Após a conclusão de outros requisitos, como resultado de mais negociações, as partes concordaram em efetuar ajustes de preços limitados a 7,38% do total de ações representativas do capital social total e votante da V.tal – o que levaria o BTG a aumentar sua participação a 65,28%.
A venda aconteceu por meio do leilão em julho do ano passado e a operadora acertou com as empresas que permaneceria com 42,1% da subsidiária.
A aprovação da venda da Oi recebeu a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em outubro do ano passado, e a anuência da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em maio deste ano.
A venda da V.tal tem como objetivo reduzir as dívidas da Oi, conforme o seu processo de recuperação judicial.
Nova Eletrobras (ELET3): Privatização levará a mudanças em conselho e comando
A concretização da privatização da Eletrobras (ELET3), com a oferta de ações concluída na quinta-feira (9), foi recebida com otimismo por analistas, que acreditam na redução do risco relacionado à empresa do setor elétrico. Assim, a maioria dos bancos e casas de análise projeta uma valorização dos papéis da companhia.
Apesar desse alívio pontual para o mercado – após um período de marasmo, a operação movimentou cerca de R$ 33,7 bilhões -, o consenso é de que a operação não deve servir para reanimar o mercado de IPOs (ofertas iniciais de ações, na sigla em inglês), parado desde agosto de 2021.
Em relação à privatização da Eletrobras, um dos primeiros passos esperados por fontes de mercado ouvidas pelo jornal O Estado de S.Paulo é a troca de executivos da companhia e também do conselho de administração.
Com a redução de sua participação, o governo terá menos assentos no colegiado, abrindo espaço para que fundos de investimento indiquem seus representantes.
A partir dessa mudança, o novo conselho deverá fazer uma mudança geral no quadro administrativo da empresa, incluindo todo o alto escalão.
Analistas do setor acreditam que a empresa poderá ter mais fôlego para investir, incluindo em fontes de energia renováveis. “A Eletrobras terá exatamente o mesmo modelo de governança que já foi testado em outras privatizações do setor elétrico na Europa.
A disponibilidade de caixa e o uso do mercado de capitais para novas captações vão permitir novos planos de investimento que são essenciais no segmento”, aponta Fabio Coelho, presidente da Amec, associação que representa mais de 60 investidores, entre locais e estrangeiros, que têm investimento de mais de R$ 700 bilhões na Bolsa brasileira.
Segundo Coelho, um dos pontos relevantes na “nova Eletrobras” será uma maior agilidade na tomada de decisão. “É importante ressaltar que o governo continuará sendo o maior acionista individual, e que, portanto, terá acesso a maior porcentual dos lucros esperados, justificando, assim, o interesse público na operação”, comenta.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: -1,51%
- IFIX hoje: -0,15%
- IBRX hoje: -1,46%
- SMLL hoje: -2,36%
- IDIV hoje: -1,50%
Cotação do Ibovespa nesta quinta (8)
O Ibovespa fechou o pregão da última quinta-feira (9) em queda de 1,18%, aos 107.093,71 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)