O Ibovespa hoje (9) encerrou o pregão em alta de 0,15% aos 109.129,57 pontos, após oscilar entre 108.134,33 e 109.937,57 pontos. O volume financeiro do dia somou R$ 25 bilhões.
Nesta segunda-feira o Ibovespa repercutiu o impacto dos atos golpistas em Brasília ocorridos no domingo. No início do dia, a bolsa brasileira operava em queda de 0,03% na abertura de mercado desta segunda-feira.
Porém, com as medidas adotadas pelo governo, com o apoio de entidades, autoridades e da comunidade internacional, as operações viraram para o campo positivo. Atenuaram a desvalorização do Ibovespa, revertendo o desempenho do índice.
A devastação material vista neste domingo, 8, nas sedes dos Três Poderes, em Brasília, não se estendeu, em proporção semelhante, à precificação dos ativos na B3 nesta segunda-feira, 9, em que o Ibovespa chegou a zerar com boa folga as perdas da abertura, ao longo da tarde.
Nos melhores momentos desta segunda-feira, em que o giro da sessão ficou restrito a R$ 25,0 bilhões, o Ibovespa chegou a neutralizar as perdas do ano, após quedas na casa de 3% e de 2% na abertura de 2023. Assim, mesmo com a oscilação próxima ao fim da sessão, conseguiu emendar hoje o quarto ganho diário. A melhor desde as cinco altas seguidas, antes do Natal, entre os dias 19 e 23 de dezembro, que o colocou bem perto dos 110 mil pontos, a 109,7 mil pontos, saindo, no encerramento anterior à série (16), dos 102,8 mil pontos – uma variação de pouco menos de 7 mil pontos.
Com a perda de gás na reta final do dia, o Ibovespa ainda acumula perda de 0,55% no acumulado destas seis primeiras sessões de 2023.
Contudo, na visão de analistas, a resposta vista desde o início da sessão desta segunda-feira, compatível com um dia comum mesmo quando o índice operava em baixa, reflete o pronto rechaço das instituições ao extremismo político, após a tíbia reação inicial das forças de segurança do Distrito Federal: desde os eventos do domingo, sob intervenção determinada inicialmente pelo Planalto e, horas depois, de forma mais ampla, pelo Supremo Tribunal Federal que, por decisão do ministro Alexandre de Moraes nesta madrugada, afastou por 90 dias o governador Ibaneis Rocha – pedir desculpas não foi o suficiente para remediar a situação.
Desde ontem, parte dos analistas observava que, apesar da gravidade do que se viu na capital, a condução da crise seria o definidor do que sucederia aos ativos brasileiros. As prisões e o desmonte do acampamento bolsonarista no QG do Exército, assim como a resposta única dada pelos Poderes, foram o contraponto ao grau de depredação nos prédios oficiais. Assim, mesmo incapaz de acompanhar ganhos de até 2% – mas enfraquecidos no fechamento desta segunda-feira em Nova York -, em sessão também positiva, mais cedo, nas bolsas da Europa e da Ásia, não houve mergulho do Ibovespa, apesar do avanço do dólar à vista: moderado a R$ 5,2575, em alta de 0,40% no encerramento, após ter chegado na máxima do dia a R$ 5,3090.
Além disso, o exterior também mostrou volatilidade. O Dow Jones caiu 0,33%, S&P recuou 0,08% e Nasdaq avançou 0,63%. Por outro lado, o dólar fechou com alta de 0,40%, a R$ 5,2575, após oscilar entre R$ 5,2470 e R$ 5,3090.
Já nas bolsas europeias o fechamento também foram de altas. Frankfurt (DAX) em +1,29%, Lisboa (PSI 20) em +0,26%, Londres (FTSE 100) em +0,29%, Milão (FTSE MIB) em +0,85%, MOEX (Moscou), em +0,33%e Paris (CAC 40) em +0,68%. Queda apenas em Madri (IBEX 35), em -0,10%.
Nas commodities, os contratos futuros de petróleo fecharam em alta, após a notícia de que a China iria reabrir suas fronteiras para Hong Kong, o que sinaliza movimentos para o fim da política de “covid-zero”. O petróleo Brent — referência para a Petrobras — subiu a US$ 79,65 o barril, enquanto o WTI teve alta de 1,17%, a US$ 74,63 o barril.
“A tendência de queda do petróleo estava se aproximando do suporte crítico, então os comerciantes de energia estavam procurando ansiosamente por qualquer motivo para voltar ao comércio de petróleo”, destaca Edward Moya, da Oanda.
Desta forma, o Ibovespa hoje foi marcado com as altas da Vale (VALE3), em 0,11% – em dia também de avanço para a siderurgia mesmo com o desempenho ruim do minério de ferro em Dalian (China) nesta abertura de semana -, e da Petrobras (PETR3;PETR4), em 0,67% e 0,55%, respectivamente. Por outro lado, uma onda de cortes de recomendações levou a Hapvida (HAPV3) a fechar o dia em queda de -11,02%. Além disso, a B3 (B3SA3) também recuou, caindo -1,35%.
Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, Americanas (AMER3), +6,44%, CVC (CVCB3), +4,98%, Gol (GOLL4), +4,07%, e JBS (JBSS3), +3,02%, com Soma (SOMA3), -3,16%, Fleury (FLRY3), -3,08%, e São Martinho (SMTO3), -3,06%, no canto oposto.
“O Ibovespa apresentou alguma pressão vendedora na abertura, mas recuperou-se bem com as ações dos bancos privados e Eletrobras (ELET3), alta de 0,73%, puxando a fila das blue chips, o que deu sequência à movimentação de alta observada no final da semana passada”, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora. “O mercado estará atento à divulgação do IPCA, amanhã, que deve calibrar as expectativas dos investidores e pautar a tomada de risco nesse início de semana”, acrescenta.
Notícias que movimentam a Bolsa de Valores hoje
- Radicais invadem Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal
- Dólar sobe para R$ 5,25 após atos golpistas
- Hapvida (HAPV3) derrete 11% após cortes de analistas
Radicais invadem os Três Poderes
Atos golpistas em Brasília no domingo (8) chamaram a atenção do mundo. Criminosos invadiram as instalações dos Três Poderes, vandalizando ambientes e o patrimônio histórico do país.
Segundo o cientista político e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rodrigo Prando, “com as invasões em Brasília, uma fronteira foi rompida entre todos os discursos ou falas dos golpistas que pareciam apenas engraçadas. O movimento é de ódio e as autoridades deverão trabalhar para interrompê-lo”.
Em meio aos ataques ontem em Brasília, o presidente Lula decretou uma intervenção sobre o governo do Distrito Federal e anunciou como interventor o atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli.
Ao mesmo tempo, o Exército pôs 2,5 mil homens de cinco unidades do Comando Militar do Planalto (CMP) para enfrentar os radicais bolsonaristas que invadiram os prédios na praça dos Três Poderes. Já Alexandre de Moraes, do STF, determinou o afastamento por 90 dias do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), do cargo, e a desocupação total dos acampamentos em 24 horas.
O que pensam os investidores?
O mercado brasileiro tem reação moderada após os atos de vandalismo Brasília, aponta Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos. Segundo ele, a invasão gerarou temores sobre novos levantes e uma crise institucional,
“Além de acender o sinal de alerta num primeiro momento em agentes de mercado sobre um risco que, até então, estava adormecido, sobre a aceitação aos resultados das eleições”, pontua. Apesar disso, ele destaca que o mercado absorveu o impacto e passou a operar no terreno positivo.
Dólar sobe após atos golpistas
O sentimento de instabilidade política no Brasil ocasionou uma alta na demanda pela moeda estadunidense. Nesse cenário, o dólar comercial subiu +0,40%, a R$ 5,2575 nesta segunda-feira.
A movimentação reverte o início da trajetória mais amena que iniciava no fim da semana passada, quando a divisa americana encerrou em baixa de 2,16% em relação ao real, a R$ 5,2363, na maior queda diária desde 31 de outubro de 2022 (-2,54%). Na semana, acumulou recuo de 0,83%.
O que pensam os investidores?
“O dólar deve ser o melhor termômetro da piora no sentimento de risco, não só por ser um hedge natural, mas pelo fato de Bolsa e as taxas de juros já estarem bastante descontados, o que me leva a crer que a assimetria no câmbio é maior, neste momento”, escreveu Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos em relatório.
O foco dos investidores agora fica nos desdobramentos para as ações que vão ser tomadas em relação aos atos dos golpistas.
“O dólar sentiu bastante também e chegou a subir mais de 4% no dia, e segue com alta moderada. Manter a cautela segue sendo importante para sobreviver a semana que promete ser bastante volátil”, destaca Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
Hapvida derrete após cortes de analistas
Seguindo na toada negativa desde a última semana de 2022, a Hapvida caiu mais de 11% nesta segunda-feira (9), figurando como a maior queda do Ibovespa hoje.
A companhia do segmento de saúde sofreu um recente corte nas suas estimativas por parte de analistas que agora estimam um aumento da sinistralidade com os dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), além de levarem em consideração os resultados do terceiro trimestre de 2022 da Hapvida.
O Bradesco BBI e o JP Morgan rebaixaram os papéis HAPV3 de recomendação de compra para neutro, com preços-alvo de R$ 6,50 e R$ 5,50, respectivamente.
Além disso, o Bank of America (BofA) também cortou suas previsões para a companhia, revertendo as projeções positivas de relatórios anteriores.
Maiores altas do Ibovespa:
- Americanas (AMER3): +6,44%
- CVC (CVCB3): +4,98%
- Gol (GOLL4): 4,07%
- JBS (JBSS3): +3,02%
- Cemig (CMIG4): +2,57%
Maiores baixas do Ibovespa:
- Hapvida (HAPV3): -11,02%
- Grupo Soma (SOMA3): -3,16%
- Fleury (FLRY3): -3,08%
- São Martinho (SMTO3): -3,06%
- Eneva (ENEV3): +2,75%
Fechamento dos outros índices brasileiros
- Small Caps (SMLL): +0,54%
- BDRs (BDRX): +0,93%
- Fundos Imobiliários (IFIX): -0,20%
Cotação do Ibovespa nesta segunda-feira (9)
O Ibovespa fechou o pregão desta segunda-feira (09) em alta de 0,15% aos 109.129,57 pontos.
Com informações do Estadão Conteúdo