O Ibovespa hoje encerrou o pregão de quarta-feira (6) com alta de 0,43% aos 98.718,98 pontos, após oscilar entre 97.423,43 e 99.141,21 pontos.
Em dia de apreciação global do dólar, que o colocou desde cedo mais perto do limiar de R$ 5,50, o índice Bovespa manteve o sinal negativo, abaixo dos 98 mil pontos, até a aguardada divulgação, no meio da tarde, da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve.
Desde o último 15 de junho, então aos 102,8 mil pontos, o índice só conseguiu fechar nos seis dígitos nos dias 27 (100,7 mil) e 28 (100,5 mil). A cautela tem se refletido também na redução do giro financeiro: nesta quarta-feira, foi de apenas R$ 22,1 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 0,24%, mas vira para o positivo no mês (+0,18%), ainda recuando 5,82% no ano.
Apesar da indecisão vista em primeiro momento, o jogo virou, e o índice passou se alinhar com o avanço em Nova York. Ainda assim, o Ibovespa permanece nessas últimas seis sessões abaixo dos 100 mil pontos, mesmo se forem consideradas as máximas intradiárias em cinco delas.
Notícias do Federal Reserve
A porta deixada aberta pelo Fed para novo aumento de até 0,75 ponto nos juros de referência dos EUA na próxima reunião do comitê monetário, o Fomc, a princípio chegou a melindrar os mercados, mas a ata acabou deixando impressão favorável, com a avaliação de que o consumo se manteve forte no segundo trimestre, movendo o PIB americano para cima no intervalo.
Após a publicação da ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, a ferramenta de monitoramento do CME Group mostrava, hoje à tarde, 90,3% de chance de elevação de 75 pontos-base nos juros dos Estados Unidos, na decisão a ser anunciada em 27 de julho.
“Não muito diferente do que se imaginava: para a próxima reunião entre 50 e 75 pontos-base (de alta nos juros). E entre dois e três aumentos, com o mercado precificando três. A mensagem é: inflação muito alta, e a maior preocupação é controlar a inflação. A grande tônica para o Fed no momento é tentar matar essa inflação antes que uma recessão chegue”, observa em nota Andrey Nousi, CFA da Nousi Finance.
“Foi mais do mesmo: o risco de a atividade desacelerar com o aumento de juros e, obviamente, se a inflação não desacelerar, o BC americano vai precisar subir mais as taxas. A guerra (no Leste Europeu) ainda pode mudar muito o aperto dos juros americanos, pela pressão nas commodities”, aponta Jansen Costa, sócio da Fatorial Investimentos.
“Mais provável que os juros de referência americanos fechem o ano praticamente a 3%. Pela leitura da ata, eles preferem acelerar, mesmo que depois tenham que cortar (em 2023), do que subir devagarzinho”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, observando que o yield dos títulos de 2 anos dos Estados Unidos bateu perto de 3% com a ata (máxima do dia a 2,963%), com o “mercado já precificando bastante alta agora, no curto prazo” e “eventualmente cortes em 2023”. “Comentários hoje mais para o ‘hawkish” na ata, com o medo de que a inflação fique incrustada, indexando-se”, acrescenta o economista.
Bolsas de Nova York
Os mercados acionários de Nova York registraram ganhos, nesta quarta-feira, sem muito impulso. Investidores avaliaram indicadores e também a ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), enquanto entre os setores do S&P 500 o de energia esteve mais pressionado, em nova jornada de queda para o petróleo.
- Dow Jones: +0,23%, aos 30.967,45 pontos;
- S&P 500: +0,36%, aos 3.845,08 pontos;
- Nasdaq: +0,35%, aos 11.361,85 pontos.
O dólar à vista fechou em alta de 0,60%, a R$ 5,4219, depois de oscilar entre R$ 5,3938 e R$ 5,4624.
Os contratos futuros de petróleo recuaram hoje. A commodity chegou a mostrar recuperação modesta, após forte perda na sessão anterior, mas sem impulso, com dúvidas sobre a demanda futura diante dos riscos de recessão global.
O petróleo WTI para agosto fechou em queda de 0,97% (-US$ 0,97), em US$ 98,53 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para setembro caiu 2,02% (-US$ 2,08), a US$ 100,69 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
O contrato mais líquido do ouro fechou em queda nesta quarta. O ativo foi pressionado pelo fortalecimento do dólar ante rivais, diante das preocupações sobre risco de recessão nas maiores economias do mundo.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o ouro para agosto encerrou a sessão em baixa de 1,56%, a US$ 1.736,50 a onça-troy.
No Ibovespa hoje, a troca de posições em busca de papéis mais descontados beneficiou setores como varejo e educação.
Assim como no dia anterior, as empresas varejistas entraram na lista de maiores altas do dia, com Via (VIIA3) liderando, com +13,24%, seguida por Americanas (AMER3), que subiu 11,77%. Natura (NTCO3) também ficou nesse ranking, com valorização de 6,07%.
Com o dólar beirando R$ 5,50, as companhias aéreas sofreram pressão, superando a queda do preço do petróleo, que poderia ter equilibrado para os ativos. Azul (AZUL4) liderou as maiores quedas, com -5,67% e Gol (GOLL4) caiu 4,81%.
Papéis atrelados ao petróleo também ficaram no campo negativo. 3R Petroleum (RRRP3) desvalorizou 5,60%, Braskem (BRKM5) caiu 4,59%, Petrobras (PETR3, PETR4) teve queda de 1,51% e 1,28%, respectivamente, e PetroRio (PRIO3), -1,32%.
Apesar de redução nas perdas, setor bancário se manteve no vermelho: Santander (SANB11) caiu 1,01%, Itaú (ITUB4) ficou em -0,92%, Bradesco (BBDC3, BBDC4) cedeu 0,35% e 0,82%, respectivamente e Banco do Brasil (BBAS3) perdeu 0,64%.
Em baixa no início do pregão, Vale (VALE3) virou o sinal e ganhou 0,94%.
Maiores altas do Ibovespa:
- Via (VIIA3): +13,24% // R$ 2,31
- Americanas (AMER3): +11,77% // R$ 15,38
- Cogna (COGN3): +9,18% // R$ 2,26
- YDUQS (YDUQ3): +9,44% // R$ 13,80
- Locaweb (LWSA3): +7,86% // R$ 6,59
Maiores baixas do Ibovespa:
- Azul (AZUL4): -5,67% // R$ 11,64
- 3R Petroleum (RRRP3): -5,60% // R$ 31,70
- Gol (GOLL4): -4,81% // R$ 8,32
- Braskem (BRKM5): -4,59% // R$ 33,70
- Eletrobras (ELET6): -1,33% // R$ 44,65
Outras notícias que movimentaram o Ibovespa
- Itaúsa (ITSA4) vende R$ 665 milhões em ações da XP (XPBR31) para ‘financiar novas compras’
- Gol (GOLL4) tem alta de 54% na demanda por voos em meio à retomada do setor aéreo
Itaúsa (ITSA4) vende R$ 665 milhões em ações da XP (XPBR31) para ‘financiar novas compras’
A Itaúsa (ITSA4) vendeu mais 7 milhões de ações Classe A da XP Inc (XPBR31) pelo valor aproximado de R$ 665 milhões, segundo comunicado pela companhia. O valor considera a taxa de câmbio atual, e os papéis vendidos correspondem a 1,26% do capital social da XP
A venda vai na mesma linha dos últimos comunicados da Itaúsa, que já antecipava essa ‘saída gradual’ do capital da XP.
“Desta forma, a Itaúsa passa a deter 57.470.985 ações ordinárias Classe A de emissão da XP, equivalentes a 10,31% do capital da XP e 3,68% de seu capital votante”, diz a holding, em seu fato relevante arquivado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
“A alienação decorre da decisão estratégica da companhia de reduzir sua participação na XP, conforme divulgado anteriormente, por não se tratar de ativo estratégico, bem como da necessidade de caixa da holding para fazer frente ao recente investimento anunciado na CCR”, segue.
Isso pois, ainda na véspera, a holding assinou contrato em conjunto com a Votorantim para a aquisição da totalidade das ações da Andrade Gutierrez na CCR (CCRO3).
Em fato relevante, Itaúsa detalhou que a Andrade Gutierrez possuía 300.149.836 ações da CCR, valor equivalente a 14,86% do seu capital social, totalizando um investimento de R$ 4,1 bilhões.
Além disso, com essa venda de ações da XP impactará positivamente os resultados da Itaúsa do terceiro trimestre deste ano em aproximadamente R$ 300 milhões, líquidos de impostos.
Gol (GOLL4) tem alta de 54% na demanda por voos em meio à retomada do setor aéreo
A Gol (GOLL4) teve um mês de junho em crescimento e seguindo a retomada do setor aéreo, com uma oferta de assentos por quilômetros voados (ASK) aumentando em 68,6% na comparação com igual período do ano anterior.
O número consta na prévia operacional da Gol, divulgada na noite desta terça-feira (6).
Segundo o documento, o total de assentos cresceu em 74,1% e o número de decolagens subiu 79,6% no comparativo anual. Além disso, a demanda total (RPK) da GOL aumentou em 54% e a taxa de ocupação foi 76,7%.
A companhia aérea destaca que a alta da oferta também ocorreu no mercado doméstico, com crescimento do ASK em 55,6% ante 40,6% de alta na demanda (RPK).
Já a taxa de ocupação doméstica da Gol foi de 75,7%, enquanto o volume de decolagens aumentou 73,9% e o total de assentos cresceu 68,6%.
A administração não teceu comentários sobre os números.
Vale lembrar que essa melhora nos números da Gol acompanha um cenário nacional majoritariamente positivo. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) mostram que a oferta de voos domésticos superou, pela primeira vez, o período pré-pandemia.
Em maio, foram 6% a mais de assentos ofertados (ASK), segundo a agência.
A agência mostra que a participação do mercado foi bem dividida entre as três maiores empresas:
- Latam: 33,7%
- Azul (AZUL4): 33,3%
- Gol: 32,6%.
Além disso, a Anac registrou 1,2 milhão de pessoas que viajaram para fora do país em maio, a maior movimentação desde fevereiro de 2020.
Desempenho dos principais índices
Além do Ibovespa, confira o fechamento dos principais índices da bolsa hoje:
- Ibovespa hoje: +0,43%
- IFIX hoje: +0,17%
- IBRX hoje: +0,42%
- SMLL hoje: +1,68%
- IDIV hoje: -0,18%
Cotação do Ibovespa nesta terça (5)
O Ibovespa fechou o pregão da última terça-feira (5) em queda de 0,32% aos 98.294,64 pontos.
(Com informações do Estadão Conteúdo)